Rocket Chat é a primeira startup brasileira a participar do Google Summer of Code

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Para estudantes interessados em programação, é um cenário dos sonhos: trabalhar durante três meses em um projeto de sua escolha, chancelado pelo Google, e receber US$ 4.200 por isso. Desde 2005, é isto que oferece o Google Summer of Code, que conecta jovens a organizações com soluções open source. Na edição de 2017, o Rocket Chat, plataforma brasileira de chat open source, participará – primeira vez em que uma startup daqui integra o programa.

Cada organização participante tem a possibilidade de oferecer diversos projetos ligados a áreas específicas. Os estudantes escolhem de qual desejam fazer parte e orientadores os ajudam na empreitada. Estes são chamados mentores, e tanto podem fazer parte da equipe desenvolvedora da solução, quanto serem especialistas advindos de outras empresas. “Dessa forma se cria uma troca de experiências e conhecimento muito grande, que faz com que funcionalidades que demandariam um ano de trabalho sejam implementadas em três meses”, explica Gabriel Engel, fundador do Rocket Chat.

Entre uma série de projetos disponibilizados pelo Rocket Chat para desenvolvimento no Google Summer of Code, os mais importantes estão relacionados à melhora da criptografia ponta-a-ponta e à criação de uma federação de servidores, ou seja, permitir que diferentes servidores da plataforma conversem entre si. Para isso, a startup espera trabalhar com entre dois a cinco estudantes.

Na edição de 2016, de 1.206 alunos selecionados, 21 eram brasileiros. Para este ano, a expectativa é que esse número aumente. “Não faz diferença a nacionalidade dos estudantes que vão trabalhar com a gente, mas seria um prazer especial poder orientar brasileiros”, diz Engel.

Segundo o empreendedor, para o Rocket Chat, participar do Summer of Code é um reconhecimento ao trabalho da startup. “Isso porque o Google seleciona soluções que tragam impactos positivos e agreguem valor à internet como um todo”, comenta.

Não é a primeira vez que isso ocorre. No começo de março, durante o Google Cloud Next, a empresa americana estreou um novo espaço no evento dedicado ao anúncio e discussão de inovações em aplicações na nuvem. Chamado Startup Village, o espaço ressaltava nove iniciativas promissoras para o futuro da internet. Único representante brasileiro, o Rocket Chat era uma delas.

A inscrição para o Google Summer of Code pode ser feita até o dia 03/04 no site do programa. Para participar, é preciso ter conhecimento de programação e 30 horas disponíveis de trabalho durante a semana. Pode-se participar de qualquer lugar do mundo.

Plataforma brasileira de chat open source recebe aporte de 5 milhões de dólares

Em meados de 2015, quando o código do Rocket.Chat foi disponibilizado na internet, a ideia de seus criadores era apenas aprimorar um projeto de atendimento a clientes encomendado por uma empresa. Menos de dois anos depois, a trajetória premiada da plataforma de chat open source culminou em um aporte de US$ 5 milhões do fundo de investimentos americano especializado em tecnologia New Enterprise Associates (NEA).

O interesse da NEA pela plataforma surgiu a partir da percepção de que sistemas semelhantes a chats estão se tornando a norma dentro de empresas, tanto no relacionamento com consumidores, quanto em sua comunicação interna. O líder nesse segmento, de código fechado, já recebeu US$ 540 milhões em investimentos e hoje é avaliado em quase US$ 4 bilhões.

“Empresas precisam de ferramentas customizáveis, sofisticadas, escaláveis e de fácil integração com sistemas preexistentes. Assim, a plataforma de comunicação open source Rocket.Chat atende a uma demanda crítica do mercado”, explica Chetan Puttagunta, general partner da NEA. Harry Weller, um dos criadores do fundo americano, foi uma das únicas cinco pessoas que apareceram em todas as edições da lista dos “midas” do investimento em tecnologia da Forbes. Responsável pelo investimento na empresa brasileira, Harry faleceu pouco após o aporte, em novembro de 2016.

Para o Rocket.Chat, no curto prazo o investimento permitirá melhorar a usabilidade e desenvolver novas funcionalidades na plataforma, que é gratuita. Em longo prazo, a ideia é interconectar os servidores diferentes ao chat e abrir um canal de comunicação livre. “Vemos uma tendência mundial para a diminuição do uso de e-mail e o crescimento do WhatsApp. Mas esse é projetado para ser pessoal, e não corporativo. Queremos ser o WhatsApp corporativo”, afirma Gabriel Engel, fundador da empresa.

Parte essencial desse processo é a cooperação de desenvolvedores independentes em comunidades como o GitHub, que ajudam a implementar novas funcionalidades e a identificar e corrigir falhas na plataforma. São mais de 400 colaboradores nessa rede e Engel explica que a principal forma de recrutamento é justamente essa: escolher pessoas que já ofereceram contribuições interessantes para o projeto. Os interessados em entrar para a equipe fixa da empresa podem se candidatar em: https://rocket.chat/jobs.

Com mais de 100 mil servidores instalados e premiada pela Black Duck com o Open Source Rookies of the Year em 2015 e pela InfoWorld com o Bossie Awards: The best open source applications em 2016, o Rocket.Chat estima que seus usuários estão na casa dos 10 milhões. Para o fundador da empresa, uma das razões do sucesso da plataforma é o alto nível de segurança e extensibilidade: “Hoje se entende que softwares abertos são mais confiáveis por serem muito mais testados e auditados do que os fechados. Nós construímos junto à comunidade de desenvolvedores o que as empresas precisam e, assim, estamos constantemente inovando”, diz Engel.

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