Empreendedores dão dicas para controle financeiro de PMEs

Ter controle sobre os números e as finanças é o primeiro passo para conseguir manter a saúde financeira da empresa, assim há mais tranquilidade para pensar em investimentos e novos projetos para alavancar o negócio. Listamos 4 dicas que explicam como os empreendedores se planejam para deixar as contas em dia e evitar situações inesperadas:

Ser transparente

Alex Tabor, CEO e cofundador do Peixe Urbano, relembra o começo da empresa, em uma pequena sala em Botafogo/RJ, e afirma que primeiro de tudo é importante ter sempre pé no chão, transparência nas informações compartilhadas com os demais líderes, para que haja um desenvolvimento mais saudável da empresa e objetivos alinhados. “Quando se está montando uma empresa nova, em um mercado totalmente novo, o controle do fluxo de caixa deve ser preciso, pois é ele que vai gerar as informações essenciais para um crescimento responsável.”, completa.

Analisar todos os dados e resultados

Um dos principais erros que os empreendedores podem cometer na hora de organizar e controlar suas finanças é analisar apenas os resultados econômicos (receitas, despesas, custos, margens) e não avaliar o balanço patrimonial (origem e aplicações dos recursos e obrigações) e principalmente os resultados financeiros (prazos de pagamentos, recebimentos, estoques, etc), explica o CFO da MadeiraMadeira, Marcelo Scandian. “É preciso ficar atento aos prazos de suas operações onde seu dinheiro fica alocado, como os de recebimentos, pagamentos, estoques e outros ativos, pois se os prazos das entradas de recursos financeiros e dos retornos dos investimentos (recebimentos, estoques, ativos) forem superiores aos prazos de saídas (pagamentos de qualquer natureza), sempre que você aumentar suas receitas irá precisar de recursos próprios para cobrir o delta (variação) deste fluxo”, completa.

Reduzir custos fixos

De acordo com Tomas O’Farrell, CEO da Workana, o ideal é reduzir os custos fixos, tanto de estrutura quanto operacional, e usar serviços da internet sempre que for possível (Google Apps, Skype, e até contar com mão-de-obra freelancer, por exemplo). Além disso, também é importante controlar o caixa bem de perto, o que pode ser feito tendo um xls ou algo centralizado com os balancetes de todas as contas.

Considerar o risco Cambial

Quando uma empresa tem atuação no Brasil e em outros países, é muito importante ter um certo controle cambial em mãos. Ao trabalhar nesse cenário, é comum depender de microcentavos e correr o risco do câmbio lesar operações diárias e afetar as empresas. Para o CEO da EasyPost, Olegas Orlovas, é importante trabalhar com tabelas negativas, operando com o câmbio sempre mais alto que o padrão para quando houver uma alta, ser possível operar de forma neutra, e quando o câmbio cair, continuar a operação com um pouco de lucro por ter operado em baixa. ”O importante é não ser pego de surpresa e ajustar seus gastos para cobrir isso no dia a dia”, explica.

Vendas boas, mas o caixa está negativo. E agora?

Por Edélcio Fonseca, especialista em finanças e M&A e diretor executivo da 360 Varejo

O varejista sempre se preocupa com a venda, pois afinal depende dela um bom giro dos negócios. Mas quando as vendas vão bem e o caixa continua negativo, é motivo de parar e analisar bem o que tem sido feito e identificar onde está o erro que compromete o desempenho da sua empresa. Primeiro, não se espante achando que esse tipo de problema é exclusivo de sua empresa. Fique certo de que não é. Na verdade esse problema é muito comum. Porém, deve ser tratado com muita profundidade nas análises para ter um diagnóstico preciso, pois diversos fatores podem influenciar.

Vamos começar analisando o que pode estar consumindo seus recursos de caixa, o que equivale dizer que, nesses casos, sempre é um conjunto de fatores que invadem a reserva de caixa da empresa. Vamos citar alguns para que possa analisar e verificar se eles possuem um impacto negativo em seus negócios:

1. Capital de giro insuficiente para suportar o negócio

2. Custo financeiro inadequado (empréstimos, tarifas e taxas):
– Taxas alta de juros
– Tarifas abusivas
– Multas e juros no atraso de pagamento
– Desalinhamento de vencimentos (concentração de pagamento em um só período)

3. Relatórios financeiros e fluxo de caixa não expressam a realidade:

– Desalinhamento de gastos na linha do tempo
– Desequilíbrio nos prazos de recebimento X pagamento
Índice de inadimplência elevado
– Conflitos entre as visões de “caixa” X “competência”

4. Falta de um planejamento financeiro envolvendo as áreas de compras e vendas:

– Compras de mercadorias sem planejamento, não considerando o giro de estoque, liquidação/descontos e prazo de pagamento
– Compras feitas sem consultar o financeiro, faltando verificar a capacidade de pagamento e a programação
– “Apostar” que o produto vai ter um giro muito bom e pouca mercadoria vai ficar no estoque
– Desalinhamento de gastos na linha do tempo

5. Despesas fixas não condizentes com a capacidade de geração de caixa:

– Pró-labore dos sócios acima da realidade financeira do negócio.
– Mistura de Gastos pessoais com os da empresa
– Folha de pagamento e encargos “altos”
– Quadro de funcionários superestimado
– Custo de ocupação alto em relação à receita (aluguel, luz, água, IPTU e condomínio)

São diversos fatores que podem prejudicar e atacar o caixa de uma empresa. Para se evitar tudo isso, é fundamental ter um controle mínimo de todos os gastos, coisa que um simples DRE (Demonstrativo de Resultado) já ajuda muito. Isso pode ser feito até mesmo em uma planilha de Excel. Tendo isso tudo controlado fica fácil identificar os vilões do caixa. Basta fazer uma simples curva ABC das despesas e elas irão aparecer.

Mas se, mesmo assim, não conseguir se organizar para mudar o cenário negativo, busque uma consultoria que faça um “raio x” do negócio e possa oferecer uma visão externa e realista quanto às ações necessárias para estabelecer uma recuperação favorável. Buscar ajuda terceirizada pode ser a maneira mais fácil de detectar e eliminar falhas, que muitas vezes podem não ser tão evidentes no dia a dia comercial.

Artigo de:

Edélcio Fonseca, especialista em finanças e M&A e diretor executivo da 360 Varejo (http://www.360varejo.com.br)