Falta de estrutura de internet impede avanço das tecnologias educacionais nas escolas públicas brasileiras

Segundo pesquisa da Matific com 537 professores no Brasil, ausência de banda larga é apontada por 60% dos entrevistados como o principal entrave para o uso de plataformas digitais no ensino fundamental

A falta de estrutura de internet e banda larga é apontada como o principal entrave para o avanço das tecnologias educacionais nas escolas públicas do Brasil, sobretudo no ensino fundamental. É o que dizem 60% dos professores consultados pela Matific, empresa que atua com jogos matemáticos em cerca de 250 colégios públicos e privados no País, desde a educação infantil até o sexto ano.

De acordo com a pesquisa, realizada com 537 professores do ensino fundamental entre junho, julho e agosto deste ano, 60,8% dos entrevistados afirmam que a ausência de banda larga é o principal problema para o uso das tecnologias educacionais no ensino fundamental no País.

Outro problema apontado pelos professores é a falta de computadores e tablets nas salas de informática (49,6%), seguido por falta de capacitação de docentes para usar tecnologias de ensino (46,6%), ausência de laboratório de informática (30,4%) e inexistência de política de incentivo da escola para o uso de tecnologias.

A pesquisa mostra, por outro lado, que 98,3% dos professores aceitariam usar plataformas tecnológicas para complementar o cronograma de aulas, embora 42,3% afirmem não receber treinamento algum do colégio nesta área. Porém, apenas 8% dizem ter dificuldade em utilizar sistemas digitais em salas de aula.

Do total de professores pesquisados, 58,3% atuam na rede pública de ensino, 35,4% são do setor privado e 6,3% dão aulas em ambos.

Principais dificuldades para o uso de tecnologias no ensino fundamental, segundo os professores

• Falta de laboratório de informática: 30,4 %
• Falta de estrutura de internet (banda larga): 60,8 %
• Falta de computadores e tablets: 49,6 %
• Falta de política de incentivo da escola para o uso de tecnologias educacionais: 33,4 %
• Falta de capacitação de professores para usar a tecnologia: 46,6 %
• Tenho dificuldade em lidar com tecnologia: 8,0 %
• Não vejo e/ou não tenho nenhuma dificuldade: 17,0 %
• Outros: 11,4%

Metade dos alunos tem dificuldade com matemática

Outra pesquisa da Matific mostrou que a dificuldade no aprendizado da matemática afeta mais da metade dos alunos da rede pública de ensino no Brasil, desde a educação infantil até o sexto ano. Segundo levantamento na plataforma da empresa com quase 36 mil estudantes, 58,6%% dos discentes matriculados no ensino fundamental estão abaixo da média na disciplina.

O estudo foi feito com base no desempenho dos alunos dentro da plataforma Matific, sistema de jogos matemáticos utilizado por cerca de 100 mil estudantes brasileiros, de 250 colégios públicos e privados em todo o País.

A pesquisa considerou o volume de erros e acertos apresentados nos primeiros seis meses pelos alunos de 4 a 11 anos nos exercícios digitais aplicados em salas de aula, de janeiro a julho de 2017. A plataforma conta com 1,6 mil jogos educacionais de matemática e possui uma média de 50 mil jogos executados por dia nos colégios brasileiros.

Já nos colégios particulares, o desempenho dos alunos não diferente muito do verificado na rede pública. O levantamento mostra que 41,1% dos estudantes também apresentam desempenho abaixo da média em matemática.

Por outro lado, quase 14% dos alunos da rede particular tiveram desempenho máximo, com quase 100% de acerto nos exercícios propostos. E, nos colégios públicos, a nota máxima foi obtida por cerca de 8% dos estudantes.

Para a psicopedagoga Ana Paula Carmagnani, consultora da Matific Brasil, o estudo mostra um cenário preocupante da matemática no Brasil, que se assemelha muito com os dados de avaliações oficiais do governo. “Se o ensino da matemática continuar baseado em decorar e memorizar, os alunos continuarão a ter desempenhos abaixo da média”, comenta.

“Tecnologias como a da Matific promovem uma aprendizagem mais profunda, pois, além de engajá-los em situações cotidianas, estimulam a curiosidade, a exploração, o raciocínio lógico e a aprendizagem pela descoberta, em um ambiente lúdico e interativo”, acrescenta.

Ana Paula lembra ainda que os jogos educacionais fornecem aos professores dados de desempenho de seus alunos em tempo real. “Isso permite que o professor personalize as atividades de acordo com o momento de aprendizagem de cada aluno”, conclui.

Estudantes da rede pública visitam TCS para aprender sobre tecnologia

Nesta quinta-feira (14), alunos do ensino médio do colégio Augusto Ribeiro de Carvalho, da diretoria regional de ensino Norte 1, em São Paulo, passarão a tarde na Tata Consultancy Services (TCS), empresa líder em soluções de negócios, consultoria e serviços de TI, para o primeiro workshop do goIT, programa da TCS para capacitação de alunos e professores, com o objetivo de estimular o aprendizado na área de tecnologia e preparar os jovens para o mercado de trabalho. Esse é o piloto de um projeto muito maior, que visa levar conhecimento de TI a cerca de 190 mil alunos e professores dos ensinos fundamental e médio, fruto do termo de parceria assinado em Agosto entre a TCS e a Secretaria de Educação do Governo do Estado de São Paulo.

A iniciativa vai ao encontro da reforma do Ensino Médio proposta pelo Governo Federal. A ideia da reforma é priorizar a educação técnica e ampliar o ensino em tempo integral, em conjunto com a iniciativa privada.

No encontro, os alunos do colégio Augusto Ribeiro de Carvalho, realizarão um tour pela sede da TCS, conhecerão o cronograma do projeto e as ferramentas que serão utilizadas. Os estudantes também assistirão à primeira aula sobre tendências do setor de tecnologia, mercado de trabalho e possibilidades de atuação em diferentes campos.

Para a segunda turma do programa, formada pelos alunos da escola Dom Pedro I, localizada em São Miguel Paulista, zona leste da cidade, o primeiro encontro será no dia 16/09, sábado. Na ocasião, os executivos da TCS irão até a escola apresentar o projeto e os primeiros conteúdos. Posteriormente, essa turma também visitará as instalações da empresa.

A iniciativa da TCS busca capacitar e despertar o interesse dos estudantes para a tecnologia enquanto profissão. De acordo com dados da Associação para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), o Brasil pode chegar em 2020 com um déficit de até 408 mil profissionais de TI. Já a organização Code.org prevê que, no mesmo período, 1,4 milhão de vagas sejam abertas em todo o mundo, mas apenas 400 mil delas serão preenchidas. O estudo mostra ainda que Brasil é o país com a maior deficiência em todo o continente, apesar do crescimento do segmento na região.

“Esse é o pontapé inicial de um projeto muito maior da TCS, voltado para a transformação da educação no Brasil e no mundo. A TCS vai construir, junto com esses alunos, ferramentas inovadoras com potencial para entrar no mercado e mudar a realidades deles”, analisa Tushar Parikh, Country Head da TCS Brasil.

“Estamos muito orgulhosos em iniciar esse projeto e passar todo nosso conhecimento para que os jovens estudantes possam conquistar boas posições de trabalho, explorando esse mercado em constante expansão que é a indústria da tecnologia”, comenta Parameswaran Ramani, Head de Recursos Humanos da TCS Brasil.

O projeto

O programa vai acontecer, inicialmente, nas diretorias regionais de ensino Norte 1 e Leste 2, que terão seus quase 4.000 professores capacitados por profissionais da TCS para repassar o conteúdo para os 92.000 alunos de cada uma delas.

As qualificações seguirão um cronograma para abordar temas como tendências de tecnologia, internet das coisas, mecanismos de aprendizagem fora da escola, tecnologia para sala de aula, entre outros. Os alunos terão acesso a uma plataforma de ensino virtual da TCS, o Campus Commune, e encontros periódicos com especialistas, que irão ministrar conteúdos, tirar dúvidas e auxiliar na construção do projeto final: a criação de um aplicativo com foco no comércio da região onde vivem.

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