Os riscos cibernéticos na indústria 4.0

Por Marta Helena Schuh, diretora de Cyber Risk da Marsh Brasil

O mundo está com uma velocidade de transformação muito grande quando comparado a 20 ou 30 anos atrás. Hoje, novas tecnologias transformadoras surgem todos os dias. Empresas estão passando por um ciclo de transformações com maior frequência, precisamos nos familiarizar e ter humildade em entender que ao adotar isso, há riscos atrelados a esses avanços.

Com tantas evoluções e aplicação de tecnologia massiva, que deve escalar ainda mais com a entrada do 5G, o que vai permitir maior conectividade e evoluções ainda maiores que o uso de IOT, resultando inclusive em ganho de produtividade. Mesmo com a tecnologia cada vez mais inserida na realidade das pessoas, ainda há muitos mitos em relação a isso — só os profissionais de background técnico têm obrigações relacionadas à gestão dos impactos correlacionados, quando algo dá errado em relação ao uso da tecnologia.

É tudo muito bonito na prática e a tecnologia é ótima, traz velocidade, inovação, mas se não for bem gerenciada a tecnologia pode trazer impactos negativos. Quando consideramos processos operacionais em um negócio, riscos são avaliados com a definição de processos e ferramentas. Em tecnologia, não deve ser diferente.

Quando falamos de segurança cibernética, os métodos utilizados atualmente para prevenir violações incluem o uso de ferramentas protecionais e mesmo assim, essa abordagem de segurança cibernética está se tornando cada vez mais obsoleta, especialmente num contexto industrial. A Indústria 4.0 visa a confundir as fronteiras entre os mundos digital e físico. Do ponto de vista de um profissional (um gerente, engenheiro, especialista em segurança cibernética) num setor em evolução, vale a pena notar que a natureza integrada e distribuída da Indústria 4.0 torna impossível proteger completamente um negócio contra ameaças cibernéticas devido a uma série de razões:

Compartilhamento de dados. Com a Indústria 4.0, o compartilhamento de dados e propriedade intelectual é feito entre cadeias de suprimentos e várias partes interessadas. Os sistemas estão sendo integrados e os dados são distribuídos por todos os sistemas, o que significa um maior escopo de segurança.

Pontos de ataque. Uma vez que esses sistemas envolvem várias partes interessadas na cadeia de valor, o número de pontos de acesso aumenta drasticamente, e eles se tornam possíveis pontos de ataque. Quanto mais pontos de ataque para cobrir, mais difícil (e mais caro) se torna proteger todo o sistema.

Convergência de Tecnologia da Informação e Tecnologia Operacional. Para proteger esses sistemas da Indústria 4.0 de ponta a ponta, é importante considerar os componentes digitais, bem como os físicos. Os métodos usados anteriormente, como antimalware, sistemas de detecção de intrusão e firewalls, podem ficar aquém quando envolvem software e diferentes tipos de sistemas de hardware.

Mudança Cultural: Se antes equipamentos operacionais estavam apenas sob a gestão da área de engenharia, já que normalmente envolviam apenas a questão elétrica/mecânica, hoje com o uso de softwares há necessidade de uma mudança cultural e trabalhar em conjunto com a área de tecnologia, a qual deve ter uma visibilidade sobre todos os pontos de conectividade. Em algumas organizações ainda há resistência ou a não adoção dessa prática, o que resulta em maiores riscos.

Novas Ameaças: A possibilidade de novas ameaças aumenta todos os dias de forma exponencial. Estima-se que 1,9 mil novas vulnerabilidades críticas surjam a cada mês em 2023, 13% a mais que a média mensal registrada no ano passado, de acordo com um novo relatório “Cyber Threat Index” da Coalition.

Custo Financeiro e Danos

No ano de 2022, houve um aumento de 86% dos ataques voltados a sistemas operacionais, o que trouxe um grande acúmulo de perdas a diversos setores. Devido à prevalência de ameaças cibernéticas em sistemas de controle industrial, ações proativas de segurança cibernética são tomadas pelas partes interessadas e empresas em toda a cadeia de suprimentos. Há um custo financeiro associado a essa priorização e implementação proativa. A avaliação de riscos, a identificação do cenário de ameaças em constante mudança e crescimento, bem como a colocação de medidas para prevenir e mitigar são cada vez mais caras para as empresas. Especialmente considerando uma abordagem proativa, onde as ameaças podem não se traduzir exatamente em realidade.

Alternativamente, uma abordagem reativa pode ser mais custosa, pois informações e sistemas críticos podem ser comprometidos, corrompidos ou, por fim, destruídos. Por exemplo, considere um ataque de ransomware, em que empresas e usuários ficam à mercê dos invasores. Ataques a sistemas ciberfísicos podem causar danos físicos a equipamentos críticos. O ambiente físico em torno desses sistemas pode ser afetado, por exemplo, no caso de um incêndio. Reputações manchadas podem levar à redução de lucros e ações judiciais podem resultar desse tipo de ataque com base na falha na proteção de dados ou na recuperação de violações que terminam em ações regulatórias. Além disso, a resposta a incidentes pode ser cara, dependendo da urgência e gravidade do ataque.

Empresas não hesitam em investir em ações de mitigação em relação a impactos que se originam no ambiente físico. Quando falamos em riscos tradicionais como chance de incêndio, roubo ou uma quebra de equipamento, há investimentos sendo feitos na prevenção e até mesmo na adoção de seguros para minimizar os impactos financeiros.

Diante da adoção da tecnologia na indústria 4.0 o risco pode ser invisível, mas os impactos não — e o aspecto financeiro da prevenção, mitigação e resposta a ataques não pode ser ignorado.

Indústrias estão mais confiantes para retomar investimentos em automação

Por Hélio Sugimura, Gerente de Marketing da Mitsubishi Electric

O conceito de Indústria 4.0 já está consolidado entre os maiores especialistas da indústria. No entanto, ao contrário de países como China, Japão, EUA e Alemanha, que estão entre as maiores forças industriais do mundo, apenas recentemente é que países em desenvolvimento, como o Brasil, vêm tentando impulsionar essa jornada rumo à automação plena dos processos industriais.

As previsões globais apontam para uma aceleração da automação, motivada em parte pela crise gerada pela pandemia. Um estudo da consultoria Ernst & Young revelou que 36% das empresas passaram a acelerar os planos desde 2020.

Trazendo esses dados para o mercado nacional, especialistas enxergam um cenário mais propício a investimentos do setor a partir de 2021. Enquanto muitos países sofreram gravemente com o desabastecimento de diversos insumos, inclusive alimentos, como aconteceu nos EUA, até mesmo a falta de materiais hospitalares, relatado na Itália, o Brasil, apesar de algumas dificuldades, não apresentou grandes problemas de abastecimento.

Tal experiência mostrou que as máquinas foram capazes de manter a produtividade e a cadeia de suprimentos girando, quase sem interrupções, mesmo que em um ritmo mais lento. A quarta e mais recente edição do Índice de Automação do Mercado Brasileiro, realizado pela Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil com o apoio da empresa de pesquisas GfK, indicou que, em 2020, as indústrias estavam 2% mais automatizadas que no ano anterior. Mas, desde que o índice começou a ser mensurado, em 2016, essa evolução foi de 7%.

Outro relatório, da Bain & Company, chamado Technology Report, que avalia as oportunidades e vantagens operacionais do setor industrial, aponta que mais de um terço dos executivos planeja ampliar os investimentos em automação em 2021. A partir desse balanço não é difícil concluir que as empresas que investiram em automação, ainda antes da pandemia, foram as que melhor conseguiram enfrentar a crise ocasionada pela COVID e agora se sentem mais preparadas e confortáveis em realizar essa transição.

Além da robotização industrial ser uma das maiores tendências quando se fala em automação, outros conceitos conquistaram notoriedade e aceitação no chão de fábrica. A comunicação Machine to Machine, por exemplo, ganhou ainda mais força ao permitir que dados, antes coletados por operadores, pudessem ser coletados de forma automatizada. Assim, controladores lógicos programáveis, os CLPs, passaram a ser integrados a plataformas locais ou em nuvem, permitindo a consulta de seus registros e dados até mesmo de forma remota, para tomadas de decisão importantes.

Em outra ponta, dispositivos para medição de consumo de energia, em conjunto com o monitoramento de produção da fábrica, possibilitaram a criação de índices de consumo específico, medindo, assim, a eficiência energética de máquinas e equipamentos.

Se fosse possível fazer uma previsão, não seria mais tão ousado apostar que, com as reformas econômicas já previstas e o grande passo que o País já deu na capacidade de se reinventar e digitalizar seus processos e fluxos de produção, logo estaremos nos aproximando de uma quinta revolução industrial.

Indústria é decisiva para a recuperação do Brasil

Por Rafael Cervone, vice-presidente da Fiesp/Ciesp

A Covid-19 atingiu o Brasil quando estávamos começando a emergir de quase uma década de retração, agravando um quadro que já era difícil. O fato comprova não ser prudente postergar soluções para os problemas que travam o desenvolvimento, pois, além do baixo crescimento econômico e suas consequências sociais, o País fica muito fragilizado ante os incidentes e percalços do mundo, como a atual pandemia.

Em maior ou menor proporção, outros episódios da história recente nos abalaram muito, como o crash do subprime desencadeado nos Estados Unidos em 2007 e, à mesma época, o abismo fiscal escancarado em algumas nações da União Europeia, abalando o Euro. Sofremos por situações deflagradas no Hemisfério Norte, sobre as quais não tínhamos qualquer controle. A verdade é que a baixa competitividade nacional, o anacronismo do marco legal, insegurança jurídica, burocracia, impostos exagerados e fluxos desconexos de câmbio, juros e baixa disponibilidade de crédito são comorbidades agudas de nossa economia ante qualquer crise global.

É o que ocorre agora, em dimensões mais contundentes, em meio à pandemia. Por isso, teremos de realizar em plena crise o que negligenciamos por décadas, a começar pelas reformas estruturais, principalmente a tributária e administrativa, na sequência da trabalhista e previdenciária, já efetivadas. Também é uma prioridade resgatar a competitividade da indústria, pois seu fortalecimento é um dos fatores decisivos para a recuperação nacional e o ingresso num ciclo duradouro de crescimento do PIB acima de quatro por cento ao ano, mínimo necessário para se promover amplo fluxo de inclusão e ascender a um patamar mais elevado de renda per capita.

Os números são incontestáveis quanto ao significado da manufatura: apesar de representar 21,4% do PIB, o setor responde por mais da metade das exportações de bens, 69,2% do investimento empresarial em P&D, 33% da arrecadação de tributos federais e 31,2% da arrecadação previdenciária patronal; emprega 20,4% dos trabalhadores brasileiros e paga, na média, os melhores salários; é a atividade que mais recolhe impostos e promove a difusão de tecnologia e produtividade, segundo dados do IBGE.

Porém, a indústria nacional enfrenta grave perda de competitividade. Estudo do Movimento Brasil Competitivo (MBC) revelou que produzir no Brasil custa anualmente R$ 1,5 trilhão a mais, cerca de 22% de nosso PIB, do que na média dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Não é sem razão que, nos últimos seis anos, 36,6 mil fábricas, de distintos setores, tenham encerrado atividades no Brasil. Em 2020, foram 17 por dia. Precisamos reagir de imediato, num mundo onde o novo coronavírus está fazendo recrudescer o protecionismo e aumentando os riscos da dependência, como evidencia neste momento, por exemplo, a carência no Brasil de vacinas contra a Covid-19, um produto da indústria farmacêutica.

É premente uma política industrial eficaz. Para isso, todas as representações do ramo precisam unir forças e se mobilizar com foco na competitividade, melhoria do ambiente de negócios, desoneração da produção e redução do “Custo Brasil”. São Paulo tem papel relevante nesse processo, pois representa 29,8% do PIB manufatureiro nacional (fonte: CNI). As empresas do setor, somando forças no âmbito de suas entidades de classe, que precisam estar mais unidas e sinérgicas do que nunca, ganham musculatura e densidade para enfrentar esse desafio tão relevante para o País e o seu povo.

Planejamento, digitalização e atendimento: o futuro da Indústria em 2021

Por Angela Gheller, diretora de manufatura, logística e agroindústria da TOTVS

De acordo com uma pesquisa realizada pelo IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers), organização profissional técnica dedicada ao avanço da tecnologia, 19% dos respondentes acreditam que a Manufatura será um dos segmentos mais impactados pela tecnologia em 2021. O estudo também mostrou que 55% dos entrevistados aceleraram a adoção da computação em nuvem durante a pandemia, 52% adotaram o 5G e 51% tiveram projetos de Inteligência Artificial e Machine Learning acelerados.

Ainda que a indústria seja um setor muito conservador, esses dados comprovam o impacto da pandemia na digitalização do setor. O ano de 2020 foi um marco e trouxe grandes aprendizados para a indústria como um todo, pois o setor passa a enxergar que o caminho para a Indústria 4.0 começa com a transformação digital, e que pranchetas e planilhas não combinam mais com a fábrica do futuro. E muitos desses aprendizados se devem ao home office. Com grande parte do time trabalhando à distância, os gestores conseguiram quebrar o paradigma de que tudo precisa ser feito presencialmente, além de perceber que a tecnologia agiliza a troca de informações, ainda mais considerando a redução de quadro que a maioria das empresas tiveram que fazer.

Pensando em toda essa jornada que foi traçada no último ano, observamos para 2021, ainda que num cenário incerto, um foco e atenção muito grande da manufatura para três principais pontos: digitalização, planejamento e agilidade no atendimento aos clientes.

1) Digitalização

A Consultoria McKinsey prevê que, até 2025, processos relativos à Manufatura Avançada poderão diminuir custos de manutenção de equipamentos em até 40%, reduzir o consumo de energia em até 20% e, ainda, aumentar a produtividade do trabalho na indústria em até 25%.

Com isso, a corrida para acelerar processos manuais no ano passado começou a acontecer de forma gradual e deve continuar crescendo em 2021. Muitas anotações ainda são feitas em pranchetas no chão de fábrica, mas hoje já existem aplicativos que, se instalados em um tablet por exemplo, trazem apontamentos mais simples, descomplicando os processos com informações em tempo real. Esses aplicativos melhoram as taxas de entrega, diminuem perdas dentro da fábrica e ainda contribuem para o aumento da produtividade dos funcionários.

A grande ressalva aqui é a importância do treinamento dos funcionários. De nada adianta as empresas investirem nas melhores tecnologias disponíveis sem ter cuidado com treinamento. Ele é crucial para conscientizar o time sobre a percepção real dos ganhos para o negócio, além de alcançar todo potencial das tecnologias adotadas.

2) Planejamento

Outro fator importante alavancado pela pandemia, e que deve ter mais atenção esse ano, é o planejamento da produção, que se torna uma questão mais estratégica, pois é nela que conseguimos visualizar a capacidade que a indústria tem de atender a demanda do mercado e ter a visibilidade de processos dentro da fábrica.

Com uma ferramenta de MRP (Material Requirement Planning), por exemplo, é possível simular vários cenários e analisar o impacto de um novo pedido, calcular prazos, avaliar como vai atender determinado cliente, o que impacta toda a produtividade do dia a dia da indústria. Esse tipo de sistema ainda considera o estoque insuficiente ou em excesso (ajudando a reduzir perdas), compras equivocadas de insumos e controle do fluxo de caixa. Acreditamos que o setor está olhando para esse ponto com atenção – inclusive entre os nossos clientes tivemos mais de 20 projetos de planejamento avançado nos últimos 18 meses.

Trazendo um exemplo prático: o varejo foi muito impulsionado no último ano pelo atendimento “policanal”, impactando diretamente a indústria. As empresas que não estavam preparadas para atender o aumento dessa demanda provavelmente deixaram de entregar o produto para o consumidor final. E é por isso que é essencial simular cenários e capacitar a cadeia de suprimentos a trabalhar com condições menos previsíveis. Quanto mais estruturado estiver o processo de planejamento, melhor será a performance da indústria.

3) Agilidade no atendimento aos clientes

Se o mercado como um todo está mais digital, com consumidores mais exigentes e imediatistas, independente de qual seja o setor, a real transformação digital exige agilidade e preparação para adversidades. Os clientes vão buscar por empresas mais rápidas, com fretes mais baratos e insumos com pronta-entrega. Sendo assim, esse ponto está ligado aos demais citados para se conseguir vantagem competitiva frente aos concorrentes.

Portanto, é fundamental estudar as dores e exigências de seu cliente para então criar estratégias realmente qualitativas. Vale lembrar que o cliente atual busca, na maioria das vezes, por soluções digitais. Isso significa que seu serviço de atendimento deve dar todo suporte necessário para esse consumidor prosseguir com a compra. Se ele não se sentir seguro, dificilmente fechará ou manterá um negócio com a sua indústria.

Líderes de TI, gestores e tomadores de decisão, para que a Indústria 4.0 realmente aconteça no Brasil é crucial considerar esses pontos. Que a soma de aprendizados e as tecnologias adequadas mudem o patamar da indústria brasileira em 2021.

Por que o plástico não precisa ser o vilão do meio ambiente?

Por Alessandra Zambaldi, diretora de Comércio Exterior na Alpes

O plástico tem sido tema central de amplos debates públicos, especialmente em relação a seus riscos ambientais. Em São Paulo, desde 1º de janeiro, nenhum estabelecimento comercial pode fornecer copos, pratos, talheres, agitadores para bebidas e varas para balões de plásticos descartáveis.

De acordo com a nova lei, esses produtos agora devem ser substituídos por outros elaborados com materiais biodegradáveis, compostáveis ou reutilizáveis. No entanto, esta alternativa, além de não resolver o problema ambiental, ainda vai gerar um novo tipo de lixo na natureza, problema com o qual o poder público não poderá lidar da maneira correta. Sendo assim, a emenda pode ser inúmeras vezes pior do que o soneto.

Produtos com embalagens que afirmam ser “biodegradáveis” ou “compostáveis” na grande maioria das vezes se degradam apenas em condições especiais e isso pode complicar os esforços de reciclagem. Portanto, aquele copo de café que possui logotipo indicando ser biodegradável não vai se decompor entre os compostos orgânicos que as pessoas têm em casa, mas, para se degradar adequadamente, precisará ser enviado para instalações de compostagem industriais.

O processo de compostagem industrial envolve alto calor e umidade precisamente controladas, entre outras condições, e não está disponível na maior parte do país. Já se este lixo for parar em um aterro, ficará lá por muito tempo, porque é improvável que seja exposto a condições que ajudariam a se decompor. Além disso, a produção desses itens consome mais recursos, cria mais resíduos e resulta em mais poluição do que a produção de itens plásticos descartáveis.

Obviamente, entendemos ser fácil apontar o plástico como o grande vilão que precisa ser proibido, afinal ninguém no mundo fica feliz com imagens de mares e rios repletos de embalagens e com animais morrendo por conta do produto. No entanto, banir os plásticos de consumo não soluciona os problemas, mas apenas desvia a atenção de soluções reais e, em vez disso, prejudica os consumidores e o meio ambiente.

Para resolver a questão ambiental do plástico, é preciso melhorar a qualidade das práticas de gestão de resíduos, produzir materiais que tenham o menor impacto ambiental possível, investir em coleta adequada e incentivar a reciclagem disponibilizando locais especializados acessíveis para que a população possa fazer o descarte do material que utiliza em seu dia a dia. A grande variedade de formas em que pode ser reciclado também precisa ser vista como um benefício do material. Isso não só é mais ecológico, mas também torna o plástico um material muito flexível para as necessidades do mundo moderno.

Outro ponto importante: com a trágica chegada da pandemia, os argumentos e o debate sobre o uso do material também ganharam outra direção: a saúde e a vida. A pandemia transformou a produção e uso do plástico em um material essencial de sobrevivência. Nos hospitais e laboratórios, ambientes essenciais na luta pela vida, o plástico está sendo utilizado em grande escala para produção de máscaras, luvas, seringas, tubos de ensaio, cateteres e outros produtos.

Além disso, aditivos que inativam o Sars-Cov-2 inseridos a produtos plásticos permitiram que diversos objetos e superfícies com as quais as pessoas têm contato diário em lugares públicos e em suas casas oferecessem uma barreira extra de segurança contra a doença. Este é o caso do Alpfilm Protect que já contava com propriedades antifúngicas e bactericidas graças à presença de micropartículas de prata e que, com a pandemia, passou por uma série de estudos para adequações em sua composição com o objetivo de assegurar sua eficácia antiviral, em especial contra o novo coronavírus.

Já no espaço doméstico, o plástico foi o material que mais entrou nas casas. Itens básicos de sobrevivência, como água e alimentos, tiveram alta de estoque: muitas vezes embalados em materiais plásticos. Também podemos encontrar o material em máscaras n95. Além disso, com o plástico é possível vedar produtos e alimentos, o que evita a degradação rápida da comida, além da contaminação por doenças, garantindo a segurança alimentar e também evitando o desperdício de alimentos, especialmente em um momento com tanta instabilidade econômica e desemprego.

Não há dúvida de que a crise dos plásticos é um problema sério e que precisamos encorajar uma mudança de atitude em relação à mentalidade de uso único da sociedade com pessoas favorecendo o consumo inteligente e o pensamento sobre o ciclo de vida, além de realizar seu descarte apropriado. Mas devemos ter em mente os benefícios ambientais e econômicos que os plásticos oferecem e usar a inovação para aderir à melhor solução.

Recuperação gradual é esperança para indústria em 2021

Por Andreas Göhringer

Como falar de perspectivas após uma retração de 4,4% na economia mundial em 2020, com recuo de 5,8% no Brasil, conforme estimativas do Fundo Monetário Internacional? Temos muito a ser feito, se olharmos o PIB brasileiro, cujo crescimento na década que se encerra foi de apenas 2,2%, ante alta de 30,5% na economia mundial.

A visão de longo prazo é fundamental num momento de crise como o que ainda atravessamos. Isso inclui fazer nossa parte pela superação dos gargalos estruturais do país e seus problemas de infraestrutura que comprometem o escoamento da produção, como estradas, ferrovias, portos e aeroportos carentes de investimentos.

E temos alguma boa notícia? Claro que sim! A esperança permanece. Para lidar com as dificuldades enumeradas acima, o brasileiro lançou mão de sua criatividade. A falta de embalagens, no nosso caso, pôde ser superada com caixas plásticas retornáveis, utilizadas para trazer as importações e levar as exportações na sequência. Outro ponto forte foi o poder de negociação das equipes da cadeia de supply chain da indústria brasileira, sempre capazes de contornar obstáculos.

O segundo semestre de 2020 se mostrou muito melhor que o primeiro, e os efeitos desse início de retomada se fizeram sentir em cascata. Alguns projetos que estavam engavetados foram colocados em movimento. Diversas indústrias enxergaram a oportunidade de realizar manutenções necessárias, e assim um segmento alavanca o outro.

Para quem é fornecedor de máquinas e equipamentos, trata-se de uma oportunidade de oferecer peças de reposição. E a administração inteligente desses insumos é mais do que nunca necessária, como é o caso dos diafragmas para válvulas. A automatização de estoques pode incluir, por exemplo, o uso de chips nas peças, o que representa maior agilidade, controle, capacidade de rastreamento e economia de recursos.

Como fornecedores do setor farmacêutico, trabalhamos com persistência para garantir insumos da maior qualidade possível, entregues em dia e com preço justo.

Começamos o ano com grande otimismo e confiança na capacidade de reação de nossa indústria e conscientes da importante participação que temos na economia nacional e na sociedade como um todo.

Andreas Göhringer, conselheiro da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK-PR) e CEO da GEMÜ Válvulas, Sistemas de Medição e Controle no Brasil.

Quarta revolução industrial, as peças que faltavam para o advento da economia circular

Por Marcelo Souza

Provavelmente você já deve ter escutado o termo economia circular, ainda mais com o aumento da preocupação da população com relação ao meio ambiente. Isso porque ela propõe novos modelos de produtividade e uma nova maneira de gerir negócios e vidas. Contudo, não estamos obrigatoriamente falando de algo único ou novo, mas sim de uma onda que se forma debruçada sobre o ombro de muitos outros conceitos e seus pensadores.

Assim, a economia circular encontrou na quarta revolução industrial a “energia” que precisava para chegar à costa e causar transformações profundas. Antes de podermos nos aprofundar propriamente no que chamo de “tsunami da nova economia”, vamos trazer à memória suas raízes, como o pensamento em ciclos ou economia de performance, criado pelo arquiteto suíço Walter R. Stahel durante a década de 70, com o conhecido conceito “do berço ao berço” que propõe que o produto deve ser pensado desde de sua concepção até seu descarte correto. Em seguida, emerge o conceito da ecologia industrial, ainda durante a década de 70 e com forte presença no Japão, introduzindo a simbiose industrial.

Anos mais tarde, em 1994, John T. Lyle apresentou o conceito do designer regenerativo, pautado no equilíbrio entre eficiência e resiliência, colaboração e competição, diversidade e coerência, observando a necessidade do todo. Mais recentemente, no início do século XXI, a bióloga Janine Benyus, em um abordagem tecnicista, inspirada na natureza, introduz a biomimética que reúne biologia, engenharia, design e planejamento de negócios na busca da mimetização, ou seja, copiar os processos bioquímicos observados na natureza para a gestão de fluxos de energias e materiais.

Durante a era das revoluções industriais, e de forma mais acentuada a partir do século XIX, acompanhamos a crescente oferta de produtos e bens de consumo, debruçados sobre o conceito da obsolescência programada. Essa ideia, criada pelo presidente da General Motors, Alfred P. Sloan, durante a década de 20, fala sobre o fabricante planejar o exato momento em que seus produtos se tornem obsoletos ou não funcionais, com o único propósito de forçar o consumidor a comprar uma nova geração de itens. Assim, presenciamos o mundo criar muitas riquezas, mas executar uma péssima distribuição. O que o senhor Sloan não se atentou é que em 2050 seremos aproximadamente 10 bilhões de pessoas no planeta e estamos consumindo de forma linear, cada vez mais acelerada pela aplicação lucrativa, mas gananciosa obsolescência programada. Estamos consumindo recursos naturais finitos e gerando um desgaste ao meio ambiente, nosso fornecedor primário de tudo.

Esse modelo linear, base da nossa economia atual, é pautado em extração, produção, uso e descarte. Com o crescimento populacional, e naturalmente esse tipo de molde precisando ser cada vez mais eficaz para o atendimento da crescente demanda, o colapso do sistema fica mais evidente. O dia de sobrecarga da Terra trata-se da data em que consumirmos todos os recursos naturais disponíveis para o ano, e a cada ano que passa batemos novos recordes. Se comparado com uma conta bancária, por exemplo, seria o dia que se entra no vermelho.

Em 2019, o dia de sobrecarga da Terra no Brasil foi 31 de julho e, nos EUA, 15 de março, ou seja, utilizamos os recursos naturais disponíveis para o ano de 2019 inteiro até o dia 31 de julho e os americanos meses antes. Para ter parâmetro de comparação, o mesmo marco, na década de 70 acontecia no dia 29 de dezembro. O surgimento da quarta revolução industrial, que chamo de “Tsunami da Economia Circular”, é algo que precisa acontecer e, graças a bilhões de pessoas conectadas, isso é possível.

Durante minha carreira tenho ministrado inúmeras palestras para os mais diversos públicos e sempre faço uma pergunta recorrente: Quem aqui tem uma furadeira em casa? Acreditem, é normal termos mais de 90% das mãos levantadas. Em seguida pergunto: Quem aqui já fez mais de 20 furos com esse equipamento? Nesse caso, as mãos baixam drasticamente. Para entender melhor essa dinâmica, por falta de dados técnicos, procurei meus colegas da manutenção e perguntei quantos furos uma furadeira tem a capacidade de fazer durante a sua vida útil. Eles contaram que possuem equipamentos que tem mais de cinco anos e são utilizados, ao menos, três vezes por semana, fazendo de 20 a 30 furos cada vez que trabalham, assim entendemos que esse equipamento já fez mais de 18 mil furos. As pessoas que conheço possuem uma furadeira em casa fazem menos de 50 furos em sua vida. Isso sem falar dos novos modelos com bateria mais forte, que fazem o furo, parafusam e possuem outras funcionalidades. Seria obsolescência programada?

Naturalmente isso teria contribuído para o dia de sobrecarga da Terra ficar mais próximo do dia 31 de dezembro, novamente. Perguntas que devem ser feitas para entender essa questão são: Precisamos de um carro ou nos locomover? De um DVD ou do acesso ao filme que queremos assistir? De uma máquina de lavar ou da roupa limpa? A economia circular deixa de consumir linearmente recursos e foca em redução de extração, redução de perdas de processo, otimizar o uso dos materiais, circular mais e melhor e retornar os materiais a novos ciclos.

Esse conceito de Economia Circular encontrou no mundo das plataformas uma das marcas da quarta revolução industrial: a possibilidade de se tornar um tsunami, uma nova economia. Como disse o professor Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial em seu livro A Quarta revolução industrial, “O conhecimento compartilhado passa a ser especialmente decisivo para moldarmos um futuro coletivo que reflita valores e objetivos comuns”. E você prefere continuar vendendo produtos ou migrar para serviços?

Marcelo Souza, CEO da Indústria Fox, pioneira em indústrias de reciclagem e refurbished de eletrônicos.

SAP anuncia ampliação do portfólio de soluções cloud por tipo de indústria

ASAP SE (NYSE: SAP) anunciou a expansão do portfólio de soluções de nuvem para atender às demandas de três industrias: varejo, serviços profissionais e indústria de componentes e maquinário industriais. Desenvolvidas pela SAP e por parceiros sobre uma plataforma aberta oferecida como serviço, as soluções ajudam a adotar inovações rapidamente como parte do ambiente de TI dos clientes.

“A velocidade com que as empresas precisam inovar sua operação hoje exige que a tecnologia lhe proporcione agilidade. Conforme anunciado no SAPPHIRE NOW 2020, a SAP está empenhada na estratégia de Industry Cloud para prover soluções que poderão ser rapidamente adotadas por diferentes tipos de setores, adicionando uma camada de integração aberta para práticas de próxima geração e aplicações para aperfeiçoar a cadeia  de ponta a ponta e possibilitando também melhorias nos  processos de inovação e de planejamento”, afirma Valéria Kinguti, vice-presidente de Plataformas e Tecnologias da SAP Brasil.

Desenvolvimento de um ecossistema para inovação

As soluções de nuvem para esses setores foram desenvolvidas e executadas na SAP Cloud Platform (SCP) e usam tecnologias como inteligência artificial e análise avançada para proporcionar experiências atraentes aos usuários, além de digitalizar e automatizar operações. A SAP e seus parceiros se concentram em soluções para os principais negócios dos clientes em seus setores para contribuir com o aperfeiçoamento dos processos de ponta a ponta e permitir o desenvolvimento de novos modelos diferenciadores. As três novas ofertas abordam os desafios exclusivos das seguintes industrias:

·         Varejo: As empresas de varejo estão enfrentando uma pressão cada vez maior para investir em modelos de negócios inovadores, buscando novas maneiras de gerar valor para seus ecossistemas, especialmente com a maior exigência de um varejo direcionado à propósito e de expectativas por melhores experiências por parte dos consumidores. As soluções de nuvem específicas para o setor varejista incluem, por exemplo, algoritmos de aprendizado de máquina para descobrir demandas não declaradas e produzir ofertas mais relevantes e personalizadas. Saiba mais sobre os cenários de aplicação para o setor varejista.

·         Serviços profissionais: contemplando empresas que tem na sua essência a prestação de serviços e que inclui atividades como consultorias, serviços de engenharia, segurança, comunicação, advocacia e facilities, entre outras e, que costumam ser vistas como a vanguarda da transformação digital para clientes, mas que agora estão passando por uma ruptura com as principais tendências que afetam a forma como se relacionam com clientes, como estão estruturadas e com quem competem. As soluções de nuvem específicas para o setor de serviços profissionais permitem, por exemplo, que as empresas prestem serviços digitais por meio de plataformas de assinatura para garantir excelentes experiências a clientes e funcionários. Saiba mais sobre os cenários de aplicação para o setor de serviços profissionais.

·         Componentes e maquinário industriais: empresas líderes agora oferecem soluções sob medida em escala e também como serviço para atender às tendências mundiais que estão remodelando o cenário da produção industrial. Essas tendências incluem digitalização, clientes cada vez mais exigentes, um campo de atuação em constante mudança, globalização e o chamado right-shoring, localização das operações de manufatura em cidades ou países com a melhor combinação de custo e eficiência. As soluções de nuvem específicas para o setor de componentes e maquinário industriais fornecem, por exemplo, a capacidade de interagir com clientes continuamente por meio de vários canais, da web à conexão direta, e incluem conectividade com a Internet das Coisas (IoT). Saiba mais sobre os cenários de aplicação para o setor de componentes e maquinário industriais

“As soluções de nuvem por setor da SAP garantem uma maneira de fornecer extensões direcionadas que complementam estratégias empresariais inteligentes. Com um ecossistema robusto de parceiros capazes de oferecer aplicações inovadoras em conjunto com a SAP, essa iniciativa pode ajudar os clientes a terem sucesso em mercados em expansão”, explica Leslie Hand, vice-presidente do IDC Retail and Financial Insights.

Parceria para o sucesso

Os parceiros da SAP são um componente essencial da iniciativa de nuvem para setores específicos. Com APIs abertas, modelos de processos e dados, bem como uma grande variedade de tecnologias de nuvem nativas para inovar nas verticais, a nuvem da SAP está atraindo parceiros que procuram acelerar a inovação e o desenvolvimento de soluções. A SAP e seus parceiros estão criando em conjunto as “próximas práticas de negócios” para empresas e redes de negócios que ajudarão a acelerar o ritmo para atender às demandas de negócios em constante mudança. Consulte as soluções dos parceiros no SAP App Center.

Inscrições abertas para 2º edição do prêmio EDF Pulse no Brasil

O Grupo EDF abriu inscrições para a 2ª Edição do Prêmio EDF Pulse Brasil, que vai reconhecer projetos inovadores de empresas e startups nacionais que contribuam para os desafios das cidades e indústrias. O EDF Pulse Brasil 2021 vai oferecer dois prêmios de R$ 20 mil, um para cada categoria – Smart City e Smart Factory. Cada vencedor poderá apresentar a sua iniciativa às equipes da EDF Pulse Croissance, o fundo de investimento e incubadora do Grupo EDF. Além disso, caso alguma inovação seja de interesse das empresas do Grupo EDF no Brasil, haverá a possibilidade da realizar uma parceria para o desenvolvimento do projeto. As inscrições do prêmio vão até 8 de janeiro de 2021 pelo site http://www.edf.fr/pulse-brasil, e a cerimônia de premiação será realizada em evento 100% digital em março de 2021.

As empresas do Grupo promoverão um webinar para apresentação do prêmio e esclarecimento de eventuais dúvidas. O encontro virtual será no dia 10 de novembro, às 14h, pelo link http://www.youtube.com/watch?v=bfNLhP9mmI8

Estão habilitadas a concorrer pequenas empresas e startups, domiciliadas no Brasil e compostas por no máximo 30 colaboradores, que podem ter sociedade com empresas de até 500 pessoas. Para ser elegível, o projeto também precisa estar em nível avançado de desenvolvimento: contar com um protótipo, já ser comercializado ou estar na fase pré-marketing.

Os projetos serão avaliados por um júri de especialistas e executivos do Grupo EDF a partir dos seguintes critérios: qualidade e robustez da solução; impacto e progresso para a sociedade; sustentabilidade do modelo do negócio; e a equipe (visão, complementaridade, experiências, habilidades).

Na 1ª edição do Prêmio Pulse Brasil, que ocorreu no ano passado, os vencedores foram: HVEX na categoria Smart City ao possibilitar a gestão ativa de energia para grandes consumidores, como redes comerciais e indústrias e Pix Force na categoria Smart Factory, que desenvolveu uma solução baseada na visão computacional para inspeção das linhas de transmissão.

Líder global em energia de baixo carbono, o Grupo EDF promove o Prêmio Pulse desde 2014, com edições na França, Itália, Reino Unido e África. No Brasil, o prêmio é resultado da parceria entre as principais empresas do Grupo no país: Citelum, EDF Norte Fluminense, EDF Renewables e Framatome.

2º EDIÇÃO DO PRÊMIO EDF PULSE BRASIL

Inscrições: até 8 de janeiro de 2021 pelo site http://www.edf.fr/pulse-brasil

Podem concorrer: pequenas empresas e startups domiciliadas no Brasil e compostas por no máximo 30 colaboradores, que podem ter sociedade com empresas de até 500 pessoas.

Categorias: a) Smart City (R$ 20 mil): inovações que transformem cidades e territórios para enfrentar desafios demográficos e ambientais e b) Smart Factory (R$ 20 mil): iniciativas que visam acelerar a convergência entre meios e processos industriais e tecnologias digitais para maior eficiência e novos ganhos na otimização do consumo.

Em que fase está a Indústria 4.0 no Brasil

Por Helio Hideo Sugimura, Gerente de Marketing da área de Automação Industrial da Mitsubishi Electric

Grande parte das empresas e até mesmo dos educadores, apontam que a Indústria 4.0 está baseada em Inteligência Artificial, Realidade Virtual, Realidade Aumentada e em outros recursos que exigem muito investimento. Com isso, até mesmo grandes empresas têm postergado o início dessa jornada, pois acreditam que é um patamar inatingível, ou muito difícil de se atingir.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que o Brasil melhorou quatro posições no Índice Global de Inovação (IGI), passando da 66ª. posição para 62ª. entre 2019 e 2020. O problema é que esse avanço no ranking, segundo o IGI, foi devido à queda mais acentuada da pontuação de outros países em relação ao Brasil, cuja pontuação também caiu. Esse índice, que avalia 131 países, é divulgado desde 2007 pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual.

Assim, o Brasil não consegue avançar tão rapidamente quanto poderia na jornada rumo à Indústria 4.0, ao passo que, se as empresas modernizarem suas linhas de produção por etapas, com casos de negócio consistentes, o caminho seria muito mais fácil. No país, convivemos com setores que já atingiram um alto nível de inovação e de maturidade digital, como o automobilístico, farmacêutico e o de alimentos e bebidas, e com outros que estão apenas começando essa jornada, mas ambos enfrentam muitos desafios. Esse é o caso do setor de agronegócio, que dispõe de tecnologia, mas muitas vezes não conta com conectividade, que é uma infraestrutura cara, para rodar as aplicações e entregar dados que vão medir a produção e gerar maior eficiência energética, entre outros índices.

Começar pequeno, pensar grande

A ideia de que é obrigatório investir em recursos e em avançadas tecnologias na linha de produção é um mito. O que você precisa é entender o seu desafio e utilizar a tecnologia que de fato vai melhorar a produção e trazer retornos econômicos.

Para otimizar a produção e implementar a Indústria 4.0, devemos primeiro pensar na automação, dividida em quatro camadas: coleta de dados, visualização, análise e otimização. Por isso, é importante ter um chão de fábrica com coleta de dados e conectado e pensar nessa jornada no médio prazo. A partir da coleta de dados será possível entender como está o nível de produtividade atual, o nível de scrap e de perda de produção, por exemplo. A partir dessa análise e da definição de indicadores, será possível identificar se a sua produção está performando mais ou menos em relação ao KPI definido anteriormente. Mas esse processo não acontece do dia para a noite.

Para cada caso, uma solução

Muitas empresas procuram implementar novas tecnologias nas operações no caminho para a Indústria 4.0, com pouco estudo dos benefícios para a produção ou o retorno sobre investimento (ROI).

Na verdade, o caminho deve ser o contrário: partir da coleta de dados, devemos criar um indicador de performance e, então, verificar se ao automatizar uma determinada linha, você terá uma redução de custos ou de tempo de produção, justificando, assim, essa jornada. Muitas vezes a simples implantação de multimedidores para gerenciamento de energia pode gerar muito mais benefícios no curto e médio prazo, representando uma solução prática e viável.

Apesar de não podermos dizer que o Brasil já entrou na fase da Indústria 4.0, o ponto positivo é que esse tema tem atraído muita atenção das indústrias e das instituições de ensino. Então, a maioria das escolas de ensino médio, técnico e superior já oferecem disciplinas ou cursos com matérias voltadas para a manufatura avançada e, também, já temos oferta de cursos de pós-graduação. A parte acadêmica e as indústrias não estão paradas, estão procurando entender e colocando as questões de produtividade, conectividade e visualização da produção no seu radar, não esquecendo que a tecnologia é uma ferramenta e não o objetivo para atingir a Indústria 4.0.

Saiba por que as novas tecnologias para manufatura impulsionam a inovação

Por Luciano Rodrigues Costa, Product Manager da Atech

Novas tecnologias, certamente, suportam e impulsionam a inovação. Os avanços tecnológicos podem permitir que o setor de manufatura crie produtos de alta qualidade mais rapidamente do que antes, com menos custos, e ajudar a realizar operações mais eficientes para se tornar mais competitivo. A inovação pode levar a novos modelos de negócios, ao desenvolvimento de novos processos e serviços e à melhoria dos produtos existentes.
Líderes inovadores buscam sempre aprimorar as tecnologias existentes para atender às necessidades não atendidas, fornecer produtos para mercados inexplorados e, o mais importante, para permanecer à frente da concorrência.

Essas novas tecnologias permitem que a manufatura integre os mundos físico e digital, combinando hardware com software, sensores, conectividade e grandes quantidades de dados e análises para implantar processos mais eficientes, ganhar mais eficiência em toda a linha de produção e entregar produtos mais inteligentes. Esse novo cenário enfatiza a velocidade, flexibilidade, customização e a capacidade de orquestrar e sincronizar cadeias de suprimentos globais, substituindo o antigo modelo onde a produção estava localizada onde o custo fosse mais baixo, em detrimento da qualidade do produto final.

Quais tecnologias vão levar inovação à manufatura?

Imagine um local de trabalho onde os equipamentos conectados possam se comunicar via Internet e os equipamentos possam “conversar entre si” e enviar / receber notificações sobre as condições de operação. Depois que um problema é detectado, uma notificação é enviada para outros dispositivos em rede para que todo o processo possa ser ajustado automaticamente. O resultado final será menor tempo de inatividade, melhor qualidade, menos desperdício e custos mais baixos. Já identificou qual é essa tecnologia? Claro que é a Internet das Coisas Industriais (IIoT).

E a IIoT está baseada na computação na nuvem, a cloud computing, que usa serviços remotos conectados à rede para gerenciar e processar dados. As empresas estão aumentando o uso dessa tecnologia em várias localizações geográficas para compartilhar dados e tomar melhores decisões de negócios. A computação em nuvem ajuda a reduzir custos, melhorar o controle de qualidade e reduzir o tempo de produção.

E também temos a fabricação aditiva, que é o processo de criar objetos sólidos tridimensionais a partir de modelos digitais – a impressão 3D. As impressoras 3D têm potencial para transformar indústrias e modelos de negócio de forma significativa. Como o resultado final é uma réplica de alta precisão de um design original, há menos desperdício durante o processo de produção e redução de custos.

Ao final, todas essas inovações estão relacionadas aos avanços das tecnologias cognitivas, que se enquadram em três principais aplicações: produto, processo ou Analytics, incorporando, em primeiro lugar, a tecnologia em um produto ou serviço para fornecer benefícios ao cliente final. Já nos processos incorporam a tecnologia no fluxo de trabalho de uma organização para automatizar ou melhorar as operações. E os aplicativos de Analytics usam tecnologias cognitivas – recursos analíticos avançados, como aprendizado de máquina – para descobrir insights que permitem tomar decisões operacionais e estratégicas mais assertivas em uma organização.

Fiemg lab e Fiat Chrysler automóveis (FCA) lançam programa de desafios de inovação aberta

O FIEMG Lab, maior hub de inovação aberta de startups industriais, em parceria com a Fiat Chrysler Automóveis (FCA), um dos maiores grupos automotivos do mundo, anuncia o lançamento do FCA Challenge FIEMG Lab, programa que tem o objetivo de aplicar novas tecnologias que atuem em duas importantes áreas de um dos maiores grupos automotivos do mundo, a de Supply Chain e de Manufatura.

“A realização destes desafios com a FCA é de grande importância para o setor automotivo e toda sua estratégica cadeia produtiva. Trata-se de um setor que historicamente alavanca novos processos e produtos inovadores. Com isso, também reafirmamos nosso propósito de acelerar o futuro da indústria, impulsionando novas tecnologias, conectando negócios e apresentando soluções inovadoras”, explica Mariana Yazbeck, gerente do FIEMG Lab.

As inscrições, que acontecem entre os dias 5 e 28 de outubro, podem ser feitas pelo por startups e demais empresas que apresentem soluções inovadoras em relação aos processos atualmente realizados nas áreas de Supply Chain e Manufatura. Ao todo serão dois desafios: um de Contratação Direta de Frete, com foco na gestão da contratação e operacionalização do transporte; e outro de Solução Dinâmica para Tempo Ciclo de Operação, que busca soluções que deem maior velocidade de análise e identificação das variações entre tempo padrão e real. Mais informações e inscrições no site fiemglab.com.br/challenge/fca.

“A transformação digital é algo que está cada vez mais presente no nosso dia a dia. E com ela trazemos cada vez mais inovação para nossos clientes. Nesse contexto, fizemos uma parceria muito interessante com o ecossistema do FIEMG Lab, que agora nos auxiliará no processo de nos inserirmos em um ecossistema de inovação extremamente fértil com pessoas comprometidas e empresas muito talentosas que têm como foco a melhoria contínua”, comenta André Souza, CIO (Chief Information Officer) e Líder de Transformação Digital da FCA para a América Latina.

Entre os benefícios do programa, estão a possibilidade de contratação para realização de testes industriais remunerados, onde os times selecionados para a fase de implantação poderão validar suas soluções em ambientes reais de operação; trabalho em conjunto com times de especialistas da FCA e do FIEMG Lab; a possibilidade de contratação definitiva e escala de fornecimento e apoio logístico para participação em possíveis deslocamentos.

Ao todo, serão selecionados até oito projetos que apresentem propostas e ferramentas altamente inovadoras, com grande potencial de impacto, boa aplicabilidade e viabilidade financeira. A fase seguinte será para nivelamento de conhecimentos, expectativas e potenciais e para a construção das propostas de fornecimento. A implantação dos testes industriais está prevista para 2021.

Para mais informações, basta enviar um e-mail para challenge@fiemglab.com.br

EMBRAPII e ANPEI lançam Chamada de Inovação

A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) e a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI) se uniram para identificar os desafios tecnológicos e fomentar inovação na indústria nacional.

Nesta segunda-feira (14), a ANPEI abriu uma Chamada para que empresas associadas apontem possíveis projetos de PD&I que resultem em novos produtos e processos industriais. A proposta é reunir empresas com interesses comuns para se unirem em projetos cooperativos.

As propostas podem ser enviadas pelo formulário: http://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf2ikk5_F2JdROb5cEqmzmk3LqGEWaL_8OV3aKMEgibuy-qMw/viewform .

Vale destacar que não se trata de um edital, já que o fluxo de recursos da EMBRAPII é contínuo.

A abertura oficial do desafio ocorreu durante o Webinar “ANPEI e EMBRAPII para projetos de P,D&I”. No encontro virtual, foram apresentados os mecanismos de incentivo à inovação da EMBRAPII e detalhadas as vantagens em realizar projetos cooperativos em âmbito pré-competitivo, como: divisão de esforços, conhecimento, custos e riscos.

Nessa modalidade, a EMBRAPII financia até metade do valor dos projetos com recursos não reembolsáveis. A Organização conta com uma rede de inovação com 61 centros de pesquisas credenciados, as chamadas Unidades EMBRAPII, com profissionais qualificados e infraestrutura de ponta para atender a demanda da indústria por inovação.

Centro de Inovação e Tecnologia da GS1 Brasil será 360°

O CIT – Centro de Inovação e Tecnologia, da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil – considerado referência mundial em conhecimento, capacitação e experiência sobre automação, logística e cadeia de suprimentos – conta agora com todos os recursos de conteúdo 360°, com imagens e vídeos que têm um grande potencial comercial, de marketing e educacional. A previsão de lançamento do CIT 360º é para o início de outubro, e a expectativa da entidade é de atrair pelo menos 300 visitantes virtuais até o final do ano.

Na prática, significa que, muito além do uso em redes sociais, os conteúdos são fundamentais para o uso da realidade virtual e visitas virtuais, além de digitalização de espaços. Imagens e vídeos 360° são formatos mais simples e práticos de serem gerados e utilizados. Podem ser visualizados sem o uso dos óculos de realidade virtual, por meio de um computador, smartphone ou tablet. “O CIT agora está também incluído nesta nova tecnologia inovadora”, destaca Luiz Renato Martins Costa, assessor de educação da -GS1 Brasil.

Os softwares de modelagem 3D permitem a geração de imagens 360 graus. Esse processo de geração é conhecido como renderização e, para que ocorra, os softwares de modelagem precisam do auxílio de plugins, conhecidos como renderizadores.

Após a captação das imagens e a sua renderização, são incluídos no ambiente 360º em torno de 35 pontos de interação – fotos e vídeos – das soluções do CIT para trazer o ambiente físico já existente para a nova plataforma virtual!

O CIT é um espaço criado pela Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil para demonstrar tendências tecnológicas capazes de otimizar os processos na cadeia de abastecimento. Instalado na sede da entidade, no bairro de Pinheiros, em São Paulo (SP), o CIT nasceu inspirado no Knowledge Center, da GS1 Alemanha, e foi inaugurado em 2014, com o objetivo de se tornar uma vitrine de soluções inovadoras de automação. A ideia é auxiliar as empresas a escolherem as melhores soluções para seus projetos de automação de processos.

O CIT possui equipamentos de automação de processos logísticos para lojas de varejo, e-commerce e rastreabilidade de medicamentos, que funcionam com soluções suportadas por tecnologias e padrões como código de barras, GS1 DataMatrix, GS1 DataBar, EPC/RFID entre outras tecnologias de captura, identificação e compartilhamento de informações.

O espaço é constantemente renovado com o apoio de patrocinadores e provedores de soluções tecnológicas, a fim de acompanhar a rápida evolução do mercado. O CIT se destina a visitas de empresas associadas, profissionais do mercado, universidades e escolas. A iniciativa foi tão positiva que a Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil abriu um espaço semelhante em seu escritório em Brasília (DF).

O que você pode ver no CIT

• Soluções para logística
• Transelevador
• WMS (Warehouse Management System), ou sistema de gerenciamento de armazém
• Sistema de separação/picking por voz
• Soluções para indústria
• Linha de produção automatizada
• Impressora RFID
• Soluções RFID
• Inventário usando coletor portátil
• Espelho inteligente
• Soluções para o varejo
• Self Checkout
• Coletor e impressora
• Sistemas para controle de produtos e ruptura
• Espaço Saúde
• Espaço com três estações – farmácia hospitalar, leito hospitalar e farmácia varejo -, onde são simulados o uso de diferentes tecnologias e padrões GS1

Acordo Setorial de Logística Reversa de Eletroeletrônicos: As empresas estão preparadas?

Recentemente foi assinado o Acordo Setorial de Logística Reversa de Eletroeletrônicos por entidades representativas do setor e pelo Ministério do Meio Ambiente. O acordo estabeleceu a obrigatoriedade da logística reversa para produtos eletroeletrônicos e a participação de fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos referidos produtos, e do Programa Lixão Zero, lançado em abril do último ano, no âmbito da Agenda Nacional de Qualidade Ambiental Urbana. A Indústria Fox, pioneira em reciclagem com base na captação de gases no Brasil, já realiza essa prática e explica como o acordo deve funcionar efetivamente e como as empresas devem se adequar.

“Buscamos nos adequar a todas as normas de segurança aplicáveis e aquilo que traga o máximo de benefício ao clientes e, consequentemente, ao meio ambiente, por isso nos antecipamos e já cumprimos os protocolos há anos. Outro item que entendemos como positivo é a definição do cumprimento de diretrizes nacionais como a ABNT 15833 e ABNT 16156, que devem ser aplicadas no descarte dos equipamentos coletados, segundo a PNRS. Atender um alto padrão de qualidade de serviços é outra prática já comum na nossa empresa”, declara Marcelo Souza, CEO da Indústria Fox.

O acordo, aguardado desde 2010, representa um avanço importante da Política Nacional de Resíduos Sólidos, já que foram estabelecidas metas e cronogramas específicos, além de medidas que buscam viabilizar a operação. Ele prevê que em cinco anos seja realizada a coleta gradativa, conforme calendário, e destinação adequada de até 17% do lixo eletrônico produzido no Brasil anualmente, também ficou definida a quantidade mínima de postos de coletas por estado para o mesmo período.

São duas fases para implementação do sistema de logística reversa de eletroeletrônicos, a primeira terá início após a publicação do extrato do Acordo Setorial no Diário Oficial da União e se encerrará no dia 31 de dezembro deste ano. A fase dois será iniciada em 1º de janeiro de 2021.

A mecânica da operação consiste na adesão dos fabricantes, importadores e entidades gestoras por meio de instrumento jurídico ou apresentação de modelo individual para execução das atividades que estão sob a responsabilidade de cada agente da cadeia. No caso de comerciantes e distribuidores, estes deverão fazer a adesão às entidades gestoras por meio de instrumento jurídico ou formalização de sua participação em sistema individual de algum fabricante ou importador para colocar em prática as atividades pertinentes a este grupo.

A fase dois será iniciada nos locais que tiverem solucionadas as questões fiscais para simplificação da operacionalização de transporte e remessa entre Estados para destinação final ambientalmente adequada. O acordo proposto deverá ocorrer no prazo de cinco anos.

Estima-se que os valores acumulados nesse período com coleta e destinação cheguem no primeiro ano a 1%, em 2022 a 3%, 2023 a 6%, 2024 12% e, por fim, em 2025 com 17%. Sendo que não se trata de um volume acumulativo, iniciando em 1% e somando-se a 17% e sim 1% do volume, 3% do volume e assim por diante.

As empresas poderão participar do Sistema de Logística Reversa por meio de adesão à entidade gestora, cuja formalização do processo ocorrerá por meio de instrumento jurídico ou por iniciativas individuais sem o vínculo com a atividade gestora desde que cumpram com a meta de destinação ambientalmente correta de 100% de produto eletroeletrônico de uso doméstico coletado.

“Desde a fundação da Indústria Fox esperávamos por esse acordo para que não apenas impulsione o setor de maneira competitiva, mas acima de tudo, contribua para a sustentabilidade e a diminuição da degradação do meio ambiente”, finaliza o CEO

Aprovação da reforma tributária e crescimento da economia necessitam de pacto pelo desenvolvimento do Brasil

Por João Marchesan

Vivemos um momento único na história recente do País. Momento que requer uma união muito grande de todos os setores da sociedade. É hora de unir o executivo, o legislativo e o Judiciário para olhar para o País e fazê-lo crescer. Essa união deve favorecer um raciocínio em torno de questões básicas: O que pode ser feito para que o Brasil volte a crescer? O que pode ser feito para que a indústria passe a gerar emprego, contribuindo para a diminuição do número de pessoas desempregadas.

Precisamos de novos investimentos, precisamos de uma reforma tributária e precisamos atuar  tornando  o sistema tributário mais simples para aumentar a produtividade, competitividade e inovação de quem empreende e quer crescer no Brasil.

Então é hora de deixarmos de pensar em nossos próprios umbigos e unirmos esforços para que o Brasil volte a crescer. Não interessa se temos uma indústria, um comércio, ou uma empresa prestadora de serviços. Não importa se somos trabalhadores ou empresários, temos que defender o Brasil, o crescimento e o desemprego que é perverso e tira a dignidade dos brasileiros.

No ranking mundial, o Brasil está em último lugar  em tempo gasto por empresas para pagamento dos impostos. Essa complexidade tributária afeta o crescimento das empresas e do País. E esse não é o nosso único problema. Precisamos ainda da reforma administrativa. Diminuir o peso do Estado. Em um sistema mais simples, as empresas podem produzir mais e melhor com menos custos, gerando desenvolvimento para o país.

Talvez aqui estejamos sugerindo um pacto pelo Brasil não nos termos políticos propostos, onde muitas vezes a complexidade ideológica afeta os reais interesses do País. Mas propomos um pacto que foque nas questões essenciais, gerando emprego e renda, sem o que não iremos para lugar algum.

Por exemplo, além das reformas, a disponibilidade de crédito para investimentos a juros equivalentes às taxas praticadas nos mercados concorrentes é um fator determinante para propiciar aos produtores nacionais condições isonômicas de competição no mercado internacional e um meio de combater um dos principais componentes do “Custo Brasil”.

Para que essas metas de disponibilidade de capital sejam alcançadas, é necessário, o fortalecimento do sistema de financiamento e garantias às exportações. Os instrumentos públicos de financiamento devem ter previsibilidade e garantir recursos para alavancar a competitividade das vendas ao exterior e ampliar o total de vendas ao mercado externo  dos bens manufaturados.

O ambiente de negócios no Brasil é um dos principais entraves ao crescimento econômico. E isso também precisa de uma ação de todos para melhorar. Tudo o que estamos mencionando aqui  tendem a promover segurança jurídica e reforçar a credibilidade do país com vistas a atrair investimentos estrangeiros e de tornar seu mercado um ambiente propício para negócios, diminuindo o tempo de espera e os custos financeiros e econômicos decorrentes de procedimentos burocráticos para investir no país.

Alguns passos já foram dados nesse sentido, por exemplo  a aprovação da reforma da Previdência e o lançamento de um amplo pacote de medidas destinadas a reduzir os gastos públicos e a burocracia assinalam o compromisso da atual gestão com o controle da dívida pública e com a melhoria do ambiente de negócios do País.

Mas acredito que dentro dessa ideia de união de todos os setores em torno do crescimento do país,  consideramos imprescindível  as ações de reestruturação normativa e institucional que evidenciem a busca pela convergência de diretrizes e estratégias com as melhores práticas adotadas internacionalmente. Ações de desburocratização da estrutura administrativa e simplificação do sistema tributário são bem-vindas para reforçar a imagem do Brasil de estabilidade jurídica e econômica frente ao mercado.

É necessário, portanto, que as políticas sigam alinhadas com a adoção de uma agenda de desenvolvimento econômico, com ações focadas na garantia de um ambiente capaz de atender à demanda crescente já em curso e que todos trabalhem não na busca de atendimento das necessidades individuais de cada setor envolvido, mas que busquem o crescimento do País como um todo.

João Marchesan, administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ

EMBRAPII alcança marca de 1.000 projetos e alavanca R﹩ 750 milhões privados em inovação

A EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) acaba de atingir a marca de 1.000 projetos que unem indústria e pesquisa no desenvolvimento de novas tecnologias que atendam as demandas de mercado, praticamente um projeto contratado a cada dois dias. Em seis anos de atuação, já somou mais de 1,5 bilhão em investimentos, sendo aproximadamente 50% dos recursos oriundos do setor empresarial, o que representa um total de R﹩ 750 milhões de recursos privados aportados em inovação nacional.

A instituição pratica um modelo de fomento desburocratizado que busca suprir uma demanda do setor produtivo nacional. Segundo pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 83% das empresas acreditam que, no pós-pandemia, precisam inovar para crescer ou sobreviver no mercado, das que afirmam inovar, 47% não possuem área de inovação e 67% não tem profissionais dedicados exclusivamente para inovar. Para viabilizar as soluções de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), a EMBRAPII disponibiliza às empresas pesquisadores e infraestrutura de seus centros de pesquisa credenciados, chamados de Unidades EMBRAPII (57 distribuídos pelo país).

O valor total do projeto é dividido em três sendo aproximadamente 50% dos recursos oriundos do setor empresarial, 33% da EMBRAPII (recursos não reembolsáveis) e o restante de contrapartida não financeira dos centros de pesquisa. Além do financiamento, que não necessita de edital para a liberação de recursos, a instituição faz o acompanhamento de metas e prazos estabelecidos no ato da contratação até a conclusão. Mais de 680 empresas de diferentes portes e segmentos já foram beneficiadas. Na prática, a empresa que tem uma proposta de projeto e deseja inovar pode buscar diretamente uma Unidade EMBRAPII, de acordo com a área de competência, para apresentar sua ideia e, caso aprovada, o contrato já é assinado e o trabalho iniciado.

Os projetos também podem ser desenvolvidos de maneira cooperativa, ou seja, envolvendo mais de uma empresa de diferentes portes, inclusive concorrentes, que possuam uma demanda comum. Para este segmento, a EMBRAPII possui uma linha especial de fomento que já contribuiu para a viabilização de mais de 100 projetos. Projetos de startups também possuem uma linha ampliada de crédito para que ganhem competitividade no mercado por meio da inovação e da interação com as grandes empresas.

“A partir do foco na competitividade do setor industrial brasileiro, a EMBRAPII se tornou um importante player nacional para o desenvolvimento de soluções tecnológicas ao fazer a ponte entre os centros de pesquisa, que integram nossa rede em todo o país, com o setor empresarial”, afirma Jorge Almeida Guimarães, diretor-presidente da EMBRAPII. “Estamos muito satisfeitos com o crescimento da instituição e com os resultados até aqui, começamos em 2014 com projetos de nove empresas, agora chegamos a mil projetos de mais de 680 empresas que acreditam na pesquisa nacional e investem recursos conosco. Queremos avançar ainda mais contribuindo com a economia e o desenvolvimento do país, a partir da inovação.”

As propostas viabilizadas são das mais diversas áreas e abrangem o desenvolvimento de satélite 100% nacional, robôs de inspeção submarina, novos princípios ativos para tratamento de câncer, tecnologias agro e automotivas, cidades inteligentes, manufatura 4.0, soluções em IoT, iniciativas sustentáveis, equipamentos de saúde para auxiliar no enfrentamento à Covid-19, entre outras.

Projeto 1000

O milésimo projeto contratado com o apoio da EMBRAPII é da empresa Agrivalle que consiste na otimização de um processo biotecnológico para o aumento da produção microbiana de duas bactérias para seu posterior uso, seja como fertilizante ou para o controle biológico de culturas agrícolas. Pesquisadores da Unidade EMBRAPII – ISI Biomassa, do Mato Grosso do Sul, trabalham no projeto que vai permitir o escalonamento do processo para agregar valor no cultivo agrícola a partir de uma tecnologia sustentável.

Como a digitalização da área de produção aumenta a segurança das fábricas

Por Nand Kochhar, vice-presidente de estratégias para os setores de transporte e automotivo da Siemens Digital Industries Software

A COVID-19 colocou uma pressão ainda maior nas fábricas do setor automotivo. Apesar do impacto em todos os setores das empresas automotivas, a manufatura se mostrou particularmente vulnerável por causa do elo fundamental que os operadores humanos formam na cadeia de produção de veículos.

Os operadores humanos realizam tarefas essenciais na cadeia de produção de veículos, tornando a produção automotiva particularmente vulnerável à pandemia da COVID-19.

As linhas de produção atuais foram projetadas e otimizadas para o mundo pré-pandemia. Os operadores muitas vezes trabalhavam próximos uns aos outros e compartilhavam ferramentas, caixas de peças e outros recursos para realizar suas tarefas. Mas as medidas necessárias para impedir a propagação da COVID-19 inviabilizaram muitos aspectos da área de produção.

Desafios na reorganização da área de produção

As empresas automotivas tiveram que modificar e adaptar rapidamente suas instalações de produção para garantir a segurança dos funcionários. Essas mudanças são necessárias, mas podem afetar drasticamente a eficiência e o rendimento de uma área de produção. Por exemplo, as estações de produção precisam ser redistribuídas em uma linha de produção para garantir pelo menos um metro e meio de distância entre os operadores humanos enquanto eles realizam suas tarefas. Além disso, cada operador deve ter suas próprias ferramentas e caixas de peças para evitar a propagação da doença por meio do contato com uma superfície ou objeto. Essas mudanças parecem pequenas, mas podem influenciar consideravelmente a forma de trabalhar dos operadores humanos.

A troca de turno também apresenta desafios de segurança para os funcionários. Os fabricantes devem garantir que os trabalhadores estão saudáveis ao chegar ao trabalho e reservar um tempo extra entre os turnos para limpar completamente as estações de trabalho e as ferramentas. Essas mudanças de turno mais demoradas significam mais tempo de produção parada e podem exigir que as fábricas reduzam o número de turnos por dia, causando um impacto ainda maior na produtividade.

Esses e outros efeitos da pandemia forçaram as empresas a adotar tecnologias avançadas de manufatura para mitigar as deficiências das linhas de produção e estações de trabalho com o distanciamento social. Novas aplicações de tecnologias como realidade virtual, robótica avançada e manufatura aditiva ajudam a aumentar a segurança e produtividade da manufatura. Por exemplo, os veículos guiados e automatizados (AGVs – automated guided vehicles) podem substituir caixas de peças compartilhadas, entregando materiais às estações de produção de forma rápida e eficiente e facilitando o distanciamento físico entre os operadores humanos.

Os AGVs podem ajudar a manter a distância entre os operadores humanos, automatizando a entrega de materiais e outras tarefas de logística.

Essas inovações tecnológicas ajudam muito, mas sua integração às instalações atuais pode gerar outros desafios. A implementação de novos processos de produção ou tecnologias pode exigir altos investimentos. Além disso, as novas linhas de produção devem ser testadas, verificadas e validadas para evitar problemas quando a produção estiver em operação.

Não são apenas os fabricantes de equipamento original (OEMs) que estão se ajustando às novas restrições operacionais relacionadas à pandemia global. Tanto os OEMs quanto os seus fornecedores devem analisar como podem modificar sua área de produção para respeitar as medidas de distanciamento social. Enquanto as empresas se adaptam, a digitalização mostrou ser essencial para colocar a produção novamente em operação com segurança, rapidez e maior resiliência, preparando-se para crises futuras.

A digitalização garante mais inteligência no processo

A digitalização ajuda as empresas a adaptar sua área de produção rapidamente para garantir o distanciamento social e proteger a saúde dos funcionários. Soluções de software modernas, como o gêmeo digital, podem ser simuladas para verificar, validar, detectar problemas e otimizar a área de produção e aumentar a segurança e eficiência antes de colocar as máquinas em operação ou reorganizar as áreas de produção.

As soluções de engenharia de manufatura digital permitem redesenhar virtualmente a área de produção. Recentemente, a Siemens anunciou uma nova solução que ajuda os fabricantes a simular e gerenciar os riscos de exposição dos funcionários, permitindo aumentar a produtividade em suas instalações.

Com a volta da produção e seu ritmo aumentando, as soluções de gerenciamento de operações de manufatura digital ajudam as empresas a monitorar e otimizar suas operações. Essas soluções podem reunir dados de várias fontes da produção e agregá-los em relatórios úteis e contextualizados.

Porém, uma estratégia de digitalização robusta deve ir além do layout e gerenciamento da produção. Soluções integradas que incluem design de produto e produção, gerenciamento do ciclo de vida do produto (PLM), gerenciamento de operações de manufatura (MOM) e planejamento de recursos corporativos (ERP) ajudam as empresas a transformar a complexidade em vantagem competitiva ao simplificar as operações e melhorar a colaboração em suas cadeias de suprimentos.

Em particular, será fundamental permitir a colaboração mais frequente e eficaz em toda a cadeia de suprimento, pois os OEMs e seus fornecedores continuam na recuperação de resultados e preparação para futuras crises. Melhorias na comunicação entre os parceiros também ajudam os OEMs e seus fornecedores a coordenar o aumento das capacidades de produção para atender à demanda do mercado e evitar excesso ou escassez de produtos.

Maior resiliência por meio da digitalização

A pandemia da COVID-19 exerce uma pressão específica nas fábricas e funcionários do setor automotivo. Com a progressão da pandemia, os OEMs e fornecedores automotivos enfrentaram o desafio de reorganizar e reajustar a área de manufatura para manter seus funcionários seguros e saudáveis. Porém, a reorganização da área de produção é muito difícil, principalmente sob a pressão de responder a uma crise global.

A digitalização provou ser a resposta para obter ambientes de produção seguros e eficientes no processo contínuo de reajuste e retomada das atividades da manufatura automotiva. As soluções de digitalização de projeto e simulação de produção permitem que os engenheiros desenvolvam e analisem rapidamente novas configurações das linhas de produção e estações, e as soluções de MOM, PLM e ERP permitem maior percepção do desempenho das instalações e da logística da cadeia de suprimentos. A digitalização também ajuda as empresas automotivas a se unirem em um momento de crise para melhorar a colaboração e trocar experiências. Com o setor se ajustando para superar os efeitos da pandemia da COVID-19, as lições aprendidas com essas novas parcerias ajudarão a indústria automotiva a se tornar mais resiliente e se preparar para os desafios do futuro.