A transformação da atividade bancária pela qual o mercado financeiro brasileiro terá que passar nos próximos anos pode ser considerada o maior desafio do setor. Podemos considerar que esse processo disruptivo está sendo feito em três momentos.
O primeiro deles, a transformação digital, vem sendo implantado em etapas. Inicialmente, a digitalização do relacionamento com o cliente é relativamente mais simples ao permitir que ele tenha uma experiência diferente em meio digital. Em seguida, a instituição financeira dá um passo à frente e passa a incluir inovação ao ofertar, por exemplo, novos meios de pagamento e moedas digitais. Por último é a que podemos chamar de digital enterprise. Por ser a mais difícil de ser implementada ao exigir grandes investimentos, já vem sendo considerada parte da estratégia dos c-levels dos bancos. Nesse caso, há a necessidade de conversão dos sistemas e hardware legados, em meio digital, mas sem que para isso a operação seja paralisada.
Um segundo momento diz respeito à rentabilidade. Frente aos atuais índices econômicos do país, os bancos vêm sendo desafiados a buscar um modelo de remuneração que garanta um retorno dos investimentos em termos de spread bancário.
Não menos importante que os anteriores, a terceira fase refere-se à adaptação aos modelos operacionais com uma plataforma aberta que permite ao cliente diversificar os negócios com mais de um banco como acontece em outros países como a Inglaterra, onde esse tipo de prática já está regulado pela legislação. Nesse caso, trata-se de um novo modelo de captação de cliente que possibilita uma instituição financeira oferecer produtos de vários bancos através de uma plataforma aberta.
Em suma, as instituições financeiras têm um longo caminho a percorrer frente às novas exigências do mercado, na busca por novos modelos para que se mantenham mais competitivas e saudáveis, isso sem perder as oportunidades e a rentabilidade. A experiência histórica mostra que os bancos brasileiros têm sido bem sucedidos em transformar-se!
Ricardo Anhesini é sócio-líder de Serviços Financeiros da KPMG no Brasil