Quer ir ao Vale do Silício? Confira quatro exemplos nacionais para se inspirar

Por Eduardo Küpper

O Vale do Silício é o apelido de uma região na baía de São Francisco, nos Estados Unidos, e que se transformou, ao longo das décadas, no principal polo tecnológico do planeta. É lá que estão parte das maiores e melhores empresas de TI do planeta – e também é lar para algumas das melhores ideias que revolucionaram o mundo. Isso faz com que o local também seja ponto de chegada para empreendedores do mundo inteiro, dispostos a aprenderem as lições e segredos dessas organizações e implementarem em seus negócios.

Entretanto, não basta ir lá com apenas uma boa ideia na cabeça: é preciso conversar, negociar, mostrar e, principalmente, apresentar suas soluções na prática para conquistar a atenção dos investidores. Portanto, antes de fazer as malas e ir até o Vale do Silício em busca de investidores, veja algumas dicas de empresas brasileiras que conseguiram se destacar no competitivo mundo das startups.

Continue inovando e buscando soluções para o mercado

Os jovens Henrique Dubugras e Pedro Franceschi ficaram conhecidos aqui no Brasil ao criarem a Pagar.me, uma solução de pagamento inovadora que possuía recursos para atender tanto os pequenos quanto os grandes empresários. A ideia deu certo e a startup cresceu rapidamente. Mas eles não pararam por aí. Nos Estados Unidos, criaram a Brex, responsável por um cartão de crédito para empresas financiadas por capital de risco. Esse modelo de negócio já atraiu a atenção de gigantes do Vale do Silício e ganhou US$ 57 milhões de investimento por meio de Peter Thiel e Max Levchin, cofundadores da PayPal, Y Combinator Continuity e Ribbit Capital.

Esteja antenado ao mercado e ao público-alvo

Em 2017, o Bitcoin chegou a valorizar mais de 1500% e, no início de 2018, havia mais brasileiros investindo em criptomoedas do que na Bolsa de Valores. É inegável a popularização dessa categoria e a necessidade de soluções que estimulem seu uso. Essa é a ideia que motivou o surgimento da Atomic Fund, um fundo de investimento livre especializado em criptomoedas. A plataforma permite que investidores depositem suas moedas criptografadas em uma “carteira digital”. A proposta agradou os investidores do Vale do Silício. Em março de 2018, a empresa foi a única brasileira presente no programa de aceleração Boost VC Blockchain.

Busque soluções que transformam a vida das pessoas

A união entre medicina, biologia e tecnologia já é uma realidade, com desenvolvimento de soluções que combatem doenças e problemas de saúde. Conhecido como Bioinformática, esse segmento deve ter um crescimento médio anual de 16,8% até 2024, segundo o Data Bridge Market Research. A brasileira NAIAD Design de Compostos Bioativos surgiu em 2018 para pensar em produtos que possam transformar a vida das pessoas. A empresa cria moléculas bioativas atingindo os Receptores Acoplados à Proteína G. O objetivo é desenvolver medicamentos melhores para tratamento de dores, hipertensão e arritmia. Com menos de seis meses de fundação, a startup tem planos de expandir para outros países e conseguir aporte financeiro internacional.

Planeje e expanda o modelo de negócio

Startups que desejam se consolidar em seus segmentos e atrair investidores estrangeiros precisam, evidentemente, expandir sua atuação a outros mercados e impactar um número maior de pessoas. A brasileira Pipefy, responsável por uma plataforma em nuvem que permite gerentes de operações e negócios implementarem novos processos em suas empresas sem depender de TI, nasceu em 2014 e desde o início colocou como meta internacionalizar a empresa e oferecer seus serviços para outros países. Em março, recebeu aporte de US$ 16 milhões na rodada encabeçada pela OpenView Partners, Trinity Ventures, Redpoint Ventures e Valor Capital. Assim, vai conseguir consolidar suas equipes não só no Brasil, mas também em São Francisco, nos Estados Unidos.

Eduardo Küpper, MBA pela Wharton Business School e MA em Estudos Internacionais pelo The Lauder Institute, ambos na Universidade da Pensilvânia e Co-fundador da Wharton Alumni Angels Brasil

Ex-alunos de Wharton aproximam startups com rede mundial de investidores e as auxiliam a ter acesso ao Vale do Silício

No ano de 2017 foi noticiada uma grande quantidade de aportes milionários em startups brasileiras, o que prova que o nível dos investidores-anjo aumentou. Mas, afinal, como saber se uma startup tem potencial para receber investimentos? Para solucionar essa equação, dois ex-alunos da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, fundaram a Wharton Alumni Angels, um grupo de investidores-anjo que tem como objetivo fomentar o empreendedorismo e a inovação aproximando as startups brasileiras de investidores e executivos de Wharton e do Vale do Silício.

Eduardo Küpper, Investidor anjo e Co-fundador de diversas empresas, entre elas a Vesta Partners, eGenius Founders, F(x) e Helpling, e Guilherme Freire, empreendedor serial e co-fundador da Livo Eyewear, se conheceram em Wharton, uma das mais renomadas intuições de ensino superior dos EUA e também uma das mais antigas do mundo, onde faziam mestrado e tiveram contato com diversos executivos e empreendedores do Vale do Silício.

A ideia começou a tomar forma quando a dupla decidiu alavancar a rede de ex-alunos, um grupo de profissionais qualificados e competentes para analisar empreendimentos com potencial para receber investimentos, feitos por esse mesmo grupo de ex-alunos. Em Janeiro de 2018, essa ideia se tornou realidade com o lançamento do Wharton Alumni Angels no Brasil.

O primeiro passo para uma startup solicitar o investimento para o grupo será o cadastro na plataforma, que deve ser lançada no final de março. Na sequência é feita uma análise para identificar o potencial dessas empresas. Após esse processo de triagem, a Wharton Alumni Angels indica as startups que atendem todos os critérios para receber um aporte para uma rede de investidores – que, em maioria, também são ex-estudantes de Wharton.

“Quando eu estava na Livo tive muita dificuldade para levantar fundos, pois era um projeto diferente do perfil dos VCs tradicionais do Brasil. Ao sair da operação da empresa, tive a ideia de apostar em um veículo de investimento e iniciei conversas com diversas instituições. O Eduardo Küpper, um cara muito engajado no ecossistema de startups, abraçou a ideia da Wharton Alumni Angels comigo. O objetivo é que nossa plataforma ajude outras startups em estágio inicial que necessitem de investimento e não tenham ninguém que acredite nelas. Queremos abraçar pessoas que enfrentam o mesmo desafio que nós tivemos”, explica Guilherme Freire, co-fundador da Wharton Alumni Angels Brasil.

Para 2018, a expectativa é de que a plataforma movimente em torno de R$ 9-12 milhões em investimentos em cerca de 7-10 novos negócios. “Aqui no Brasil, muitas vezes, o empreendedor abre seu próprio negócio sem ter acesso a uma rede de networking e com pouco conhecimento teórico. Queremos que esse pequeno empresário tenha contato com a cultura de empreendedorismo do Vale do Silício, local onde estão concentradas as maiores startups do mundo. Essa troca de experiências é tão fundamental quanto o aporte para o sucesso de um novo negócio”, finaliza Freire.

Startup brasileira é selecionada para viajar ao Vale do Silício

No começo de janeiro deste ano, a startup brasileira Greengow Technology esteve na Silicon House, no Vale do Silício. O espaço foi fundado em 2012 pela brasileira Andrea Litto. Durante uma semana, os executivos da startup tiveram a oportunidade de estar na casa que fomenta empreendedorismo e inovação tecnológica.

“Ficamos muito lisonjeados em sermos selecionados pela Silicon House para participar dessa imersão. Nosso grande objetivo era entender como funcionava o ecossistema do Vale do Silício e fazer networking” conta Carlos Tanaka, diretor da Greengow. De acordo com o empresário a semana foi produtiva, pelo contato com executivos e advogados do principal espaço de inovação do mundo.

“O aplicativo Greengow é uma solução global, e o Vale do Silício é o melhor lugar para os executivos de start-ups fazerem networking e aprenderem as melhores práticas de lançamento de inovação tecnológica”, comenta Andrea Litto, fundadora da Silicon House. Durante a imersão, a startup foi bastante elogiada e fechou parceria com um conselheiro que agora compõe o time da Greengow, e também iniciou negociações com fundos de investimentos da região.

“Foi uma agenda bastante rica e muito bem organizada pela Silicon House, tornando nossa imersão bastante produtiva, com foco em negócios e networking. Superou nossas expectativas”, conta Tanaka.

Atualmente, o aplicativo Greengow está disponível para Android e iOS e permite que o usuário faça chamadas de voz com tradução em tempo real em até 10 idiomas diferentes. A tecnologia da plataforma foi desenvolvida em parceria com a Microsoft, através do programa de incentivos BizSpark.

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