75% das pessoas em áreas urbanas utilizam apps de mobilidade

É inegável que a chegada dos aplicativos mudou a vida dos usuários em diversos aspectos, sobretudo na questão da mobilidade urbana.

Essa temática vem ganhando espaço nos últimos tempos. Segundo a pesquisa “Observatório Global de Mobilidade”, da Kantar TNS, 75% das pessoas em áreas urbanas utilizam apps para organizar ou orientar seu trajeto. Os aplicativos são usados para ajudar com a navegação de um modo geral, oferecendo benefícios em questões como preço e conveniência.

Ainda de acordo com o estudo, em São Paulo, 37% das pessoas dirigem menos hoje do que há seis meses, índice que aumenta ainda mais em locais onde o veículo próprio não é acessível.

O estudo foi baseado em entrevistas realizadas com cerca de 24 mil pessoas de 30 cidades, dentre elas São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

Para suprir essa demanda de mercado, alguns aplicativos têm ganhado força junto aos usuários. O diferencial é que cada um dos apps atende um perfil diferente de usuário, com especificidades ideais para cada tipo de pessoa.

Confira alguns desses aplicativos abaixo:

Zazcar – iOS/Android

Se você não tem carro, mas gostaria de utilizar um veículo para realizar tarefas diárias ou mesmo dar uma volta por aí com todo o conforto de um automóvel próprio, o app Zazcar é o que você precisa. Diferente das tradicionais locadoras de veículos em que você precisa fechar uma diária e dizer com antecedência quando devolverá o carro, a Zazcar permite que o usuário alugue um carro por hora, sem limitação de horas de uso. Todo o processo é feito por meio do aplicativo, desde o cadastro, até o destravamento do veículo. No momento, o app está disponível na cidade de São Paulo, com 54 pontos para retirada de carros.

Cabify – iOS/Android

Assim como o Uber, o Cabify também é uma aplicativo de motorista particular que funciona de forma parecida com os serviços tradicionais de táxi. O diferencial aqui é que os preços são mais em conta do que os praticados pelos táxis. No app, o usuário seleciona sua destinação e com base na distância, mas sem variação de preço por demanda.

BlaBlaCar – iOS/Android/Site

Precisa viajar para longe, mas as passagens de ônibus ou avião não estão muito atraentes? A solução pode ser ir de carona com alguém que está indo para o mesmo destino que você, ou que passe pelo local em que você gostaria de ir. Essa é a proposta do app BlaBlaCar, que permite que pessoas comuns dêem caronas para usuários por valores que saem mais baixos do que as tradicionais empresas de transporte.

FemiTaxi – iOS/Android

Oferecer um serviço exclusivo para as mulheres e guiado por taxistas do sexo feminino. É com essa proposta que o FemiTaxi foi lançado no mercado, em dezembro de 2016. Contando com cerca de 300 taxistas cadastradas, o app atualmente está em operação nas cidades de São Paulo e Belo Horizonte. A ideia é expandir os seus serviços para o Rio de Janeiro no mês de maio e as principais capitais do país ao longo de 2017.

Vá de Táxi – iOS/Android

Lançado em 2013, o Vá de Táxi é o aplicativo para solicitação de táxi da Porto Seguro. Está presente em mais de 450 municípios brasileiros, além de capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Aracajú, Belém, Fortaleza, Salvador, entre outras. Com uma base de mais de 80 mil taxistas cadastrados, oferece segurança, uma vez que o aplicativo fornece informações como nome e telefone do motorista, placa do carro e o percurso da corrida. O passageiro pode pagar a corrida com cartão de crédito direto no aplicativo e ainda pode escolher corridas com até 40% de desconto.

América Latina e China se complementam quando o assunto é desenvolvimento de aplicativos

Por Rafael Lauand

Recentemente, tive a oportunidade de conhecer melhor o mercado de internet chinês, durante o evento World O2O Expo, em Pequim, na China. O que mais ouvi por lá foram questionamentos sobre as diferenças dos aplicativos chineses em relação aos latinos.

Do meu ponto de vista, a diferença entre os dois mercados é relativamente simples: os apps latinos são mais focados na usabilidade e na interface, enquanto os chineses se concentram em funcionalidades. O que isso significa? Significa que por aqui criamos aplicativos específicos para cada tipo de serviço: um para chamar táxi, outro para pedir comida, outro para mapas e geolocalização, para jogos, e assim por diante. Também temos muita preocupação com a interface. Ela deve ser simples e objetiva. Quanto mais fácil de usar, melhor. Já os chineses se preocupam mais com inovação e, como já dito, as funcionalidades dos apps. É comum eles terem uma espécie de marketplace de serviços dentro do aplicativo. Para ilustrar essas diferenças, vou usar os exemplos de dois apps de mensagens: o americano WhatsApp e o chinês WeChat.

Atualmente com 1 bilhão de usuários, o WhatsApp é um aplicativo que permite enviar e receber mensagens de texto, imagens, vídeos, documentos em PDF, Word, Excel e PowerPoint, além de fazer ligações grátis por meio de uma conexão com a internet. E segue a característica latina de possuir uma interface simples.

O WeChat, com aproximadamente 800 milhões de usuários, vai mais longe. Além de integrar diferentes meios de comunicação, como seu concorrente WhatsApp, ele possui dois diferenciais bem relevantes. Um é o sistema de localização junto ao recurso que deixa o usuário descobrir e conversar com quem está por perto, na mesma rua, quadra ou a poucos metros, o que pode aproximar as pessoas, em vez de enquadrá-las apenas no universo da amizade virtual. Podemos dizer que o WeChat é uma combinação de WhatsApp, Tinder, PayPal e diversos outros.

E, acredite, essas diferenças estão atreladas ao perfil daqueles que colocam dinheiro para o negócio funcionar. Os investidores de venture capital latinos frequentemente pressionam as startups para terem um fluxo de caixa positivo o mais rápido possível, por isso, elas são focadas em melhorar constantemente a interface e a usabilidade para conseguir se estabelecer em um mercado específico e alcançar esse tão almejado fluxo de caixa positivo. Por outro lado, os investidores chineses são bastante centrados no crescimento da base de usuários, pois acreditam que é ela que dará o retorno financeiro desejado ao negócio, o que faz muito sentido no gigante mercado chinês. Outra vantagem do mercado chinês em detrimento ao latino é que o país tem dinheiro e o acesso ao capital para empreender é muito mais fácil e menos burocrático.

Com tudo isso, eu diria que as oportunidades no mercado de internet latino são imensas, principalmente se considerarmos que, no primeiro trimestre de 2016, contamos com apenas 1% (algo em torno de US$ 300M) do investimento de venture capital global, contra 25% na Ásia, sendo sua maioria na China. Fazemos muito com pouco. Também somos criativos e isso atrai a atenção dos chineses para as nossas ideias. Da nossa parte, podemos importar deles a possibilidade de incorporar mais funcionalidades aos apps e aproveitar melhor o investimento de risco que envolve as startups. Sem dúvida, são mercados que se complementam no que diz respeito ao desenvolvimento de aplicativos e merece atenção a troca dessas expertises. Se temos muito a aprender com os chineses, também temos muito a ensinar.

Rafael Lauand é CEO da Vá de Táxi, empresa de chamada de táxi da Porto Seguro.