Facily capta US$135 milhões em extensão de Série D e atinge status de unicórnio

Diego Dzodan, CEO e Cofundador da Facily

 A Facily, plataforma de social commerce líder na América Latina, acaba de receber US$ 135 milhões em investimentos em Série D-1, como uma extensão da rodada da Série D, de US$ 250 milhões anunciada em novembro deste ano. Com a captação, a empresa alcança a marca de US$ 1 bilhão de dólares de valoração, o que a posiciona como o primeiro unicórnio para uma plataforma de social commerce da América Latina. 
 

A rodada foi liderada pela Goodwater e Prosus, com a participação da Rise Capital, Emerging Variant, Tru Arrow e outros fundos. A Facily teve um crescimento exponencial no último ano, sendo classificada como o aplicativo de comércio eletrônico de alimentos mundial com maior expansão de todos os tempos e uma das plataformas com ampliação mais rápida da história no Brasil, de acordo com a App Annie. O aporte vai reforçar os investimentos já realizados em logística e experiência do cliente, além de sustentar os planos da empresa de expansão em 2022.
 

A Facily foi fundada por Diego Dzodan, Luciano Freitas e Vitor Zaninotto em 2018, com a missão de eliminar todas as barreiras do e-commerce tradicional e permitir que as famílias de baixa renda no Brasil tivessem acesso a produtos com os menores preços. Com isso, a startup cresceu rapidamente ao longo do último ano, alavancando seu modelo de compra em grupo de produtos leves e redes de logística, impulsionado por sua plataforma de tecnologia própria.
 

“A nossa missão está focada em fornecer aos nossos clientes produtos de alta qualidade com os preços mais baixos, alavancando a compra em grupo e de uma maneira muito eficiente”, disse Diego Dzodan, cofundador e CEO da Facily. “O apoio dos principais investidores na América Latina nos permitiu crescer exponencialmente em um curto período de tempo e o compromisso contínuo com nossa estratégia valida o enorme potencial de nosso modelo de negócios.”
 

De acordo com Dzodan, a Facily ainda está nos estágios iniciais de abordar a vasta oportunidade de mercado no Brasil. Cerca 85% da população brasileira gasta em média 65% da renda familiar com alimentação e, até o momento, foi praticamente excluída do comércio eletrônico tradicional. “A Facily permite que muito mais consumidores participem do comércio eletrônico – a maioria dos que nunca fizeram compras online antes porque os custos eram proibitivos”.

A partir de agora, foco nas startups “zebras” e não nos “unicórnios”

Por Rodrigo Blanco


Anualmente, o número de novas startups no Brasil cresce em torno de 20%. Hoje, temos algo próximo de 13 mil dessas operações mapeadas no País, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABS). Apesar de alta, essa porcentagem de crescimento é menor em comparação aos outros países e vemos uma concentração cada vez mais constante de capital proveniente de investidores experientes e com sólido conhecimento de mercado.

Com esse pensamento de crescimento a todo e qualquer custo, a geração de retornos malsucedidos aos investidores e a necessidade de expansão agressiva em cima do capital arrecadado por parte das startups mostram que mesmo as bilionárias não vivem apenas de saldos positivos. Essa cultura de injeção de capital em empresas pela troca de participação societária é a base da construção na qual uma grande parcela das organizações de inovação tecnológica foi erguida. Poderia existir outra forma de fazer negócios crescerem que não seja através de rodadas de capitalização? Sim, por meio das startups zebras.

Esse conceito nasceu nos Estados Unidos em 2017 e é responsável não apenas por desenvolver empreendimentos sustentáveis, mas por encorajar a ética neste setor. Em geral, essa categoria de startups é focada numa expansão que se sustenta e é caracterizada pelo desenvolvimento de um negócio que busca o crescimento, mas não a todo e qualquer custo. Ou seja, seu foco não está apenas na lucratividade, mas também numa causa a fim de corrigir problemas existentes na atualidade, sejam eles sociais, ambientais ou voltados à saúde.

Sendo assim, é de extrema importância o desenvolvimento sustentável desta categoria de startups através de parcerias estratégicas que façam o investimento financeiro e forneçam o devido suporte para essas operações poderem entregar soluções em conjunto com as grandes corporações. Ainda mais porque, na maioria dos casos, as organizações mais tradicionais são as que consumirão esse tipo de serviço e potencializarão o ecossistema.

Mas o que as zebras querem, afinal? A volta de fundamentos básicos e a possibilidade de gerir de maneira organizada a inovação em seus negócios para que estes não sejam apenas empreendimentos de curto prazo. Para isso, é preciso entender se o negócio atende ao tripé: sustentabilidade ambiental, social e econômica. Uma curiosidade é que ao contrário dos unicórnios, não são impostos rótulos às zebras, o termo é subjetivo.

Segundo a Impact Hub Floripa, uma empresa de Coworking brasileira que se considera parte deste movimento, seu crescimento é de 80% ao ano. Ou seja, ser zebra não impede a evolução do negócio, muito pelo contrário. Aliás, os fundadores dos unicórnios brasileiros afirmam que o estímulo de capital é efetuado às empresas que fazem parte do networking dos investidores ou que estejam sendo acompanhadas na arena do mercado, como o caso da Kaszek Ventures e da Nubank.

Unicórnios não deixarão de surgir, mas o mercado já se mostra cada vez mais inseguro sobre essa ascensão dos seres bilionários. Os motivos são numéricos, como a queda das ações da Uber em 18% e as da Slack em 47%. Os investimentos que recebem são altos, mas ao analisar suas construções com essas aplicações, há uma contrapartida de falta de lucratividade e de IPOs (Oferta pública inicial) malsucedidos.

Observar que esse ecossistema das zebras vive seu melhor momento de investimentos é empolgante e muitas outras startups devem alcançar o valuation de U$1 bilhão neste ano, mas, o que se espera é que elas e seus investidores sejam mais cautelosos quanto aos seus gastos, focando na sustentabilidade a longo prazo e, com isso, se multipliquem, mantendo cada vez mais seu potencial de rentabilidade e objetivos sociais.

Rodrigo Blanco, consultor de Negócios Digitais e Transformação na ICTS Protiviti

CargoX é posicionada como um dos próximos unicórnios brasileiros de acordo com a KPGM

CargoX, startup brasileira fundada em 2013, com o objetivo de se tornar a maior empresa de tecnologia e revolucionar o setor de transporte e logística do país, foi posicionada em um estudo inédito da Distrito em parceria com a KPMG, como um dos próximos unicórnios brasileiros. Podem ser consideradas unicórnios as startups que alcançam um bilhão de dólares em valuation.

O objetivo da CargoX é conectar empresas que precisam levar seus produtos para diferentes regiões do País a caminhoneiros autônomos e pequenos frotistas, reduzindo neste processo ineficiências de cadeia. Com o uso do aplicativo, o caminhoneiro chega a faturar até 40% na realização de fretes.

“Trabalhamos com afinco para que a tecnologias como machine learning, oferecidas pela CargoX, ofereçam benefícios aos caminhoneiros autônomos do Brasil. Expandir o negócio nos ajuda a fazer cada vez mais por esta parcela da população ainda pouco valorizada”, afirma Federico Vega, CEO e fundador da CargoX.

A CargoX também foi cogitada para se tornar unicórnio em um ranking global, divulgado pela CB Insights, no início de 2019. Na ocasião, foram selecionadas 50 empresas e apenas duas brasileiras estavam na lista.

World Economic Forum – O panorama das Startups Latino-Americanos é promissor, dizem os potenciais ‘Unicórnios’

Empreendedores de tecnologia da América Latina estão prevendo um futuro promissor para os “unicórnios”, porque as startups de tecnologia estão ganhando relevância no ecossistema regional. Isso não é uma questão apenas de valor de mercado e de atingir a marca de $ 1 bilhão de dólares, mas também de ajudar a resolver os “problemas significativos da região e criar empregos”, diz Enrique Ortegon, Diretor Operacional da Salesforce.com, dos EUA.

“Ultrapassamos o ponto crucial na América Latina. Vamos ver muitos outros unicórnios. Acredito que isso deve impulsionar o crescimento sustentável ao longo das próximas décadas”, diz Hernan Kazah, Sócio Diretor da Kaszek Ventures, Argentina. “Ainda não temos muitos participantes, mas teremos muito mais comparado com 15 anos atrás. Em 20 anos, teremos muito mais [startups]”.

A experimentação é frequentemente a chave para o sucesso, e as startups devem ter o direito de falhar antes de prosperar. “Ser um unicórnio é ser um símbolo de sucesso, mas queremos ter empresas duradouras e sustentáveis para melhorar a vida das pessoas”, diz Amiram Appelbaum, principal cientista e Presidente da Israel Innovation Authority, Israel. “Queremos resolver os problemas do ser humano. Isso começa como um empreendimento local e somente depois dessa etapa é possível ampliar a experiência e atingir uma escala global.É importante aceitar o fracasso. É uma história de fracassos e conquistas”, diz Appelbaum.

O governo desempenha um papel muito importante, apoiando o meio acadêmico e reduzindo a burocracia, além de injetar capital quando as forças de mercado falham. “O desafio de conectar cientistas e empresários é mais importante que incentivar startups”, diz Andy Freire, legislador, Buenos Aires, Argentina. A Argentina recentemente introduziu legislações para criar incentivos empresariais. “Trabalhamos para melhorar a vida dos empresários. Antigamente, levávamos 100 dias para abrir uma empresa. Hoje, é possível abrir uma empresa em um único dia. Tudo está na nuvem”, diz Freire. “Fornecemos as ferramentas para precisam para serem empreendedores”. Mesmo assim, tem muito mais a fazer. Marco Crespo, Chefe para a América Latina da Gympass, observou que, embora seja fácil fazer negócios na Argentina, ainda existem restrições em termos de mão de obra e para o deslocamento internacional de funcionários.

“Algumas medidas positivas foram implementadas para acelerar o empreendedorismo”, diz Kazah. “O ecossistema está muito mais desenvolvido. Estamos no caminho certo para o desenvolvimento de talentos”. Kazah constatou que, embora a região ainda esteja atrasada em termos de tecnologia, a situação é promissora na região. “Teremos mais unicórnios rompendo barreiras”, concluiu.

O World Economic Forum da América Latina ocorre em São Paulo, entre os dias 13 e 15 de Março. O evento reuniu mais de 750 líderes mundiais e regionais para discutir o mesmo tema, América Latina no Ponto de Inflexão: Criando uma Nova Narrativa.

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