Telemedicina no Brasil e proteção de dados do paciente: estamos preparados para este passo?

Por Luciana Soldá

A discussão em torno das atualizações das normativas para a telemedicina é uma das novidades que impactaram o universo da saúde e que ainda muito se tem debatido. Muito se tem discutido sobre a eficiência deste recurso, mas o fato é que, assim como a tecnologia muito tem agregado em outras áreas de nossas vidas, mesmo na própria medicina, ela com certeza pode preencher lacunas que, dependendo apenas de atendimentos físicos, impactam a vida do paciente.

O principal valor da telemedicina não é substituir a interação presencial, mas preencher todo aquele intervalo de tempo entre as consultas e garantir que o paciente irá sempre retornar. A partir dela, podemos agilizar processos urgentes, encurtar distâncias, otimizar o tempo, além de conseguir atender regiões precárias e de pouco acesso à medicina avançada. Em um país com 210 milhões de habitantes e apenas 500 mil médicos, não há dinheiro que resolva a dificuldade de acesso à saúde.

Porém, há uma dúvida que precisa ser solucionada antes de qualquer outra: temos uma base sólida para atender remotamente os pacientes da melhor maneira possível?

Pensando em atendimento remoto, precisamos analisar principalmente a questão da proteção de dados do paciente. No último ano, entrou em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para estabelecer regras sobre a privacidade de todos os cidadãos, além de ter reorganizado a maneira como empresas lidam com dados privados. Esse é o principal ponto de atenção. A partir do momento em que uma consulta é realizada remotamente, na casa de um médico ou qualquer outro lugar fora de um hospital ou clínica, como os dados do paciente seriam protegidos? Como garantir a transmissão segura de informações, sem que haja vazamento de dados ou até mesmo a perda deles?

Hoje, já existem empresas especializadas em telemedicina que possuem fortes programas de proteção de dados para um melhor atendimento ao paciente. A normativa estabelece que os dados e imagens dos pacientes devem trafegar na internet com infraestrutura que assegure guarda, manuseio, integridade, veracidade, confidencialidade, privacidade e garantia do sigilo profissional das informações. Esse é um dos principais pontos de atenção que precisam ser estudados antes de a telemedicina começar a funcionar de fato em nosso país.

A regularização da telemedicina tem tudo para ser um grande avanço para o nosso país – a medicina precisa ser escalável, precisa estar disponível para todos. A aplicação correta desta nova prática – com a segurança e a proteção de dados dos pacientes garantidas – é o que definirá o sucesso. Afinal, muitas complicações da saúde humana e mesmo de vidas podem estar diretamente relacionadas ao nível de exposição indevida de informações.

Luciana Soldá, Head da Proxismed, empresa referência em jornada de relacionamento em saúde por meio de produtos que compõem um Medical Call Center Omnichannel.

iClinic adquire a base da indiana Practo no Brasil e abre temporada 2019 de aquisições

A startup iClinic, líder nacional em soluções em nuvem para clínicas e consultórios médicos, começa 2019 com aquisições. A empresa acaba de adquirir a base de clientes da empresa indiana Practo no Brasil, que oferece um software de gestão e agendamento online.

A aquisição faz parte de um forte processo de expansão da iClinic. Ano passado a empresa realizou o mesmo movimento com outras duas empresas, dentre elas a carteira de clientes da P2D Prontuário Universal, que possuía um sistema de prontuário eletrônico. Para este semestre, estão previstas mais duas aquisições. A iClinic estima que as cinco aquisições juntas devam somar mais de 6 mil clientes à base da companhia e acrescentar R$ 20 milhões de faturamento nos próximos dois anos.

De acordo com o fundador e CEO da iClinic, Felipe Lourenço, as aquisições são um meio de acelerar o crescimento da empresa. “O mercado ainda carece de soluções de ponta quando o assunto é tecnologia aplicada à gestão em saúde. Clínicas e consultórios ainda sofrem com problemas básicos da falta de digitalização como a grande ineficiência gerada pela dependência do papel, baixa presença online e dificuldades na gestão do negócio. A tecnologia já está disponível, o que precisamos é apresentá-la ao médico, colocá-la em seu campo de visão e deixar claro os benefícios para o exercício da medicina. As aquisições visam reforçar o nosso acelerado ritmo de expansão e tendem a acelerar essa aproximação”, explica.

Digitalização potencializa Telemedicina

Recentemente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizou a realização de consultas online, telecirurgias e telediagnóstico, entre outras formas de atendimento à distância. Formado em Informática Médica e especialista em Gestão de Saúde, ambos pela USP, Lourenço vê a autorização com otimismo, mas pondera que o processo tem que ser implantado com responsabilidade e cautela.

“É curioso porque quando falamos em tecnologia aplicada à medicina, a barreira não é a viabilidade técnica, mas sim cultural e regulatória. Por isso esse posicionamento do CFM é importante. Agora se quisermos falar em saúde digital e Telemedicina em todo o seu pleno potencial, temos que começar da base. De maneira simples, o que quero dizer é que hoje temos um bocado de sistemas com tecnologias ultrapassadas em clínicas e consultórios, que na grande maioria das vezes não se conversam. Para se falar em saúde digital em grande escala, três etapas são essenciais: digitalização, padronização e conexão. E esse é o papel da iClinic nesse ecossistema”, finaliza.

Desde sua fundação, em 2012, a health tech já beneficiou mais de 18 milhões de pacientes por meio de 80 milhões de atendimentos.. Atualmente, sua solução é usada em mais de 930 cidades em cerca de vinte países, especialmente Brasil e Angola.

Como a TI pode apoiar a Consumerização da Medicina?

Por Keith Bromley, Gerente Sênior de Soluções de Marketing da Ixia

A consumerização da medicina está se tornando fundamental para as instituições de cuidados de saúde e tem sido adotada tanto pela indústria de cuidados de saúde quanto pelos pacientes. Segundo a operadora de planos de saúde Anthem, 76% dos pacientes acredita que a tecnologia tem o potencial de ajudá-los a melhorar a sua saúde. Ao mesmo tempo, essa tendência de consumerização vem criando um ônus para a indústria de TI durante o processo de transição e implantação desses novos serviços.

O que é a consumerização da medicina? Embora este tema possua várias vertentes, as três principais áreas responsáveis pela transformação da indústria de cuidados de saúde são:

• A expansão das redes de Wi-Fi para dar suporte às novas tendências para dispositivos pessoais e distribuídos (IoT e BYOD).
• A modernização dos sistemas de pagamentos médicos (sistemas de cobrança online em portais de pacientes, pontos de venda e Apple pay).
• A explosão dos serviços de Telemedicina e Telesaúde.

A fim de serem considerados “de vanguarda”, muitos hospitais adotaram a tecnologia Wi-Fi (tanto para os profissionais de cuidados de saúde quanto para os pacientes) e implantaram IoT para os seus equipamentos médicos (como dosadores de remédio eletrônicos e monitores de estatísticas vitais dos pacientes). No entanto, uma das desvantagens dessa consumerização é que a expansão do uso de redes de Wi-Fi dentro das instalações de cuidados de saúde está causando o consumo desenfreado de banda larga. Como nem todo consumo é igual ou linear, a TI precisa estar preparada para gerenciar esse recurso.

Um exemplo disso é a adoção da BYOD pelos hospitais para os profissionais de cuidados de saúde e a implantação de Wi-Fi para os pacientes. Alguns exemplos dessa tendência incluem: sistemas de comunicação médica baseados em Voice over IP (VoIP) para médicos e enfermeiros (tais como o Vocera badge); o download de dados para os laptops e notepads de instituições de cuidados de saúde; e o acesso dos pacientes à visualização de dados e de vídeos. Enquanto tudo isso está acontecendo, a TI precisa dispor de banda larga suficiente e priorizar tipos de dados que garantam que as transações médicas em tempo real passem pela rede sem atrasos. Por isso, a TI precisa saber com precisão quem está utilizando a banda larga e quem está abusando dela. Por exemplo, quem está de fato utilizando a banda larga dos hospitais? Os Vocera Wi-Fi badges para a comunicação entre os funcionários ou os pacientes assistindo à Netflix?

Nos últimos anos, houve uma explosão de dispositivos médicos que utilizam IoT. Alguns exemplos disso são as bombas de infusão que administram remédios sem a necessidade de um enfermeiro presente e os monitores de paciente eletrônicos. Estes dispositivos fazem mais do que enviar dados periodicamente para a enfermaria, enquanto que as bombas de infusão precisam baixar bibliotecas inteiras de remédios e os transmissores de telemetria que utilizam a WLAN (rede de área local sem fio) enviam alarmes e dados em configuração de onda para uma estação central.

A consumerização também está impulsionando outras formas de comunicação IP, tais como cobrança online, pontos de venda (PDV) e sistemas de pagamento móvel, já que os consumidores querem ter acesso a uma variedade de opções de pagamento que atendam as suas necessidades. No entanto, isso significa que além do processo de cobrança eletrônica padrão, a indústria de TI precisa dar apoio a ferramentas de e-commerce, de processamento de cartão de crédito e a sistemas de cobrança BYOD. Além de lidar com a complexa integração desses quatro tipos de sistemas de pagamento, é necessário aderir aos padrões de conformidade regulatória (HIPAA, PCI-DSS, SOX, etc.).

A telemedicina (e a telesaúde) também requerem o uso de tecnologia. A telemedicina consiste em consultas médicas através de ferramentas eletrônicas (computadores, tablets, dispositivos móveis, etc). Segundo a Anthem, essa prática pode gerar uma economia anual de 6 bilhões de dólares aos consumidores norte-americanos, e esse mercado global deve exceder 34 bilhões de dólares até 2020. A telemedicina é conveniente e acessível para consumidores que vivem em regiões remotas ou que estão muito ocupados, pois oferece acesso imediato e 24 horas por dia a médicos (tais como Teladoc, Doctor on Demand e LiveHealth Online), com custos baixos e sem a necessidade de deslocamento até o consultório. Esta é uma excelente opção para gripes e erupções cutâneas. Segundo 67% dos pacientes, a telemedicina aumentou a sua satisfação com os cuidados médicos. Devido ao aumento no uso de registros médicos eletrônicos (RME) promovido pelo Affordable Care Act (lei de proteção do paciente e dos serviços de saúde acessíveis), as informações coletadas através da telemedicina podem ser usadas para atualizar os registros dos pacientes e assim, facilitar o trabalho dos médicos. Segundo a Anthem, 51% dos médicos acessam de maneira eletrônica as informações de pacientes de outros médicos, enquanto que mais de 91% dos hospitais já adotaram os registros eletrônicos.

Há também um volume enorme de informações que estão sendo acessadas e disponibilizadas em dispositivos móveis e com acesso à internet. Cinquenta e dois por cento dos usuários de smartphones acessam informações sobre saúde através de aplicativos móveis, enquanto que. 93% dos médicos acreditam que os aplicativos móveis podem ajudar a melhorar a saúde dos pacientes. Além disso, 70 milhões de pessoas nos EUA utilizam dispositivos de monitoramento vestíveis. Alguns desses dispositivos podem transmitir dados para os consultórios dos médicos, que podem ser incluídos nos RME dos pacientes e assim, manter os seus registros médicos atualizados. Por exemplo, rastreadores de atividade, marca-passos e bombas de insulina podem enviar dados de saúde para os médicos. Estima-se que essa tecnologia vestível deverá reduzir os custos hospitalares em até 16% nos próximos cinco anos e 86% dos médicos afirmam que esses dispositivos vestíveis deixam os pacientes mais envolvidos com a própria saúde.

Sendo assim, como a TI poderá superar todos esses desafios? Em primeiro lugar, tanto a tecnologia de suporte quanto a de interface com o usuário precisam estar preparadas para garantir o funcionamento desses serviços. Além da implantação de uma infraestrutura básica, é necessário fazer testes de rotina no sistema de Wi-Fi e na rede com fio. As redes sem fio podem oferecer uma série de deficiências devido a vários fatores: questões de planejamento de frequência, obstáculos à construção, a presença de paredes revestidas de chumbo em salas de radiologia e banheiros revestidos de azulejo, a proliferação de dispositivos BYOD portados por funcionários e pacientes, desempenho individual das rádios (já que nem todas as rádios são feitas da mesma forma) e questões relacionadas ao roaming entre pontos de acesso. Devido à intensidade de tráfego em conexões LAN sem fio, a TI precisa fazer os seguintes testes na rede LAN: detecção de interferência na frequência, geração de tráfego para cargas, casos de testes automatizados e análises de desempenho através da quantificação do desempenho do aplicativo e da perspectiva do usuário.

Após determinar a adequação da rede às operações, uma solução de visibilidade de rede (NPB) com inteligência para aplicativos pode ajudar a identificar quais aplicativos estão sendo utilizados na rede e quem está abusando da banda larga de rede (por exemplo: se há muita gente assistindo à Netflix). Subsequentemente, outro tipo de tecnologia pode ser utilizada para regular o uso da rede, de forma que a telemedicina e os dispositivos IoT disponham de banda larga suficiente.

Graças à IoT, hoje em dia há literalmente milhares de dispositivos dentro de um hospital e para facilitar o entendimento da TI sobre o que está ocorrendo dentro da rede, é comum separar os diferentes tipos de dispositivos (dispositivos de infusão, de monitoramento de pacientes, VoIP) com base nas redes VLAN e SSID. Como parte da estratégia de monitoramento dos aplicativos e da rede (para garantir a qualidade da experiência e a validação do serviço), esses tipos de dados podem ser segmentados através de um NPB (com base nas informações da rede VLAN) e os dados necessários podem ser enviados para as ferramentas de monitoramento de aplicativo adequadas. Soluções de monitoramento proativo também podem ser utilizadas para observar o desempenho da rede em tempo real.

‘Tecnologia pode contribuir para redução de gastos nas Instituições de Saúde’, diz Digital Health Strategist do Einstein durante Seminário LIDE Saúde

Foto: Fredy Uehara/Uehara Fotografia
Foto: Fredy Uehara/Uehara Fotografia

A tecnologia é um importante aliado no tratamento e prevenção de doenças e pode contribuir para a redução de gastos, com automação de processos e organização”, afirmou Marcelo Felix, médico e Digital Health Strategist do Hospital Israelita Albert Einstein, da capital paulista. Responsável por tecnologias digitais e inovação da instituição hospitalar, ele foi o expositor do Seminário LIDE Saúde sobre “Digital Health: tecnologia a favor da saúde”. O evento ocorreu na noite de 17 de agosto, no Auditório Gocil, em São Paulo.

Para Felix, a tecnologia é ainda responsável por grandes saltos na medicina e suporte para atendimento médico das pessoas. “Penso que as empresas devem reinventar o fluxo ou processo frente a um novo cenário tecnológico. O novo consumidor quer ferramenta digital”, comentou. Segundo ele, o ideal é manter a pessoa saudável em vez de, apenas, focar no tratamento. “Entregar alto valor agregado aos pacientes deve ser o objetivo principal de todas as instituições de saúde. O sucesso financeiro é o resultado da entrega de valor, não o propósito”, preconizou.

De acordo com Felix, a empresa que deseja entrar na era digital deve unir informação digital, expertise tecnológica e recursos físicos para criar uma nova forma de acrescentar valor, resultados financeiros ou qualidade. “O uso da tecnologia e as principais ferramentas tecnológicas e todo tipo de avanço que aprimore o desempenho de equipamentos, serviços e otimização de resultados com foco no paciente são tendências cada vez mais aprofundadas na área da saúde”, disse.

Felix reforçou que a introdução de tecnologias interativas abre cada vez mais oportunidades para os hospitais e demais estabelecimentos de saúde, além de disponibilizar novos serviços para pacientes, enfatizando, por exemplo, a tendência da telemedicina. “Acompanhamento pós-alta hospitalar, apoio domiciliar à distância para pacientes que necessitam do suporte de cuidadores, ações de prevenção e de qualidade de vida estão entre os serviços que hospitais, empresas de home care e operadoras de saúde podem oferecer aos pacientes, usando recursos da telemedicina. Resolver remotamente é o futuro da medicina mundial”, afirmou.

Parafraseando Cláudio Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein e do LIDE Saúde, Felix finalizou sua exposição afirmando que “a tecnologia deve estar a serviço do paciente, e não ao contrário”.

Esta edição do Seminário LIDE Saúde contou com o patrocínio das empresas AMIL, EMS, TAKEDA e ULTRAFARMA e apoio da GOCIL e RV ÍMOLA. Como fornecedores oficiais, ANTILHAS, CDN COMUNICAÇÃO, ECCAPLAN, KAWTHAR e VERAVIN. As rádios BAND NEWS e BANDEIRANTE, PR NEWSWIRE, REVISTA AMÉRICA ECONOMIA, REVISTA LIDE e THE WINNERS foram mídia partners.