Dinheiro é o mais importante para ser feliz no trabalho?

Uma rápida busca no Google sobre “felicidade” traz inúmeros resultados, desde livros – de autoria do Dalai Lama e Eduardo Giannetti a Lair Ribeiro e Gabriel Chalita –, seminários, workshops, palestras a reportagens jornalísticas sobre o tema. A questão ganhou tanta relevância que a ONU mantém, desde 1972, o indicador de Felicidade Interna Bruta (FIB), e há até uma companhia multinacional que possui seu próprio índice, que mede bimestralmente o nível de felicidade dos seus funcionários. Ou seja, querem quantificar o nível da “qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento e bem-estar” deles, de acordo com a definição do Grande Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa para o vocábulo.

Atualmente, o tema felicidade no trabalho é a bola da vez no mundo corporativo e uma das prioridades das áreas de Recursos Humanos. Muitas pesquisas têm sido feitas por diversas instituições exatamente para lançar algum entendimento sobre o tema que, por ser uma novidade, é bastante abstrato e até cercado de muito romantismo. Isso ocorre porque o assunto é de grande complexidade e invariavelmente é incluído entre os conceitos e melhores práticas de RH, como clima organizacional, engajamento e política de retenção de talentos profissionais.

Para tentar desvendar o significado de felicidade no trabalho, o Ateliê de Pesquisa Organizacional (www.ateliedepesquisa.com.br) divulga um estudo inédito sobre o tema. Com abordagens qualitativas (quatro grupos de discussão) e quantitativas (200 entrevistas), gestores e não gestores de companhias estabelecidas em São Paulo e no Rio de Janeiro responderam e indicaram o entendimento e a experiência que possuem da própria felicidade no trabalho. O propósito central do estudo foi conhecer e abordar, de forma dinâmica e profunda, como esses profissionais percebem e caracterizam a condição de felicidade nas empresas em que trabalham.

Em síntese ( veja mais detalhes da pesquisa, abaixo), o que a pesquisa revela sobre felicidade no trabalho para os profissionais ouvidos? Eles mesmos apontam: é ganhar dinheiro, relacionar-se com pessoas, ter desafios, trabalhar em equipe. É contar com relações seguras e confiáveis entre colegas, ser reconhecido, sentir-se motivado, satisfeito, competente e alegre na empresa, entre outros sentimentos.

Outro tema pesquisado, e também relevante, diz respeito à infelicidade no trabalho. Os participantes da pesquisa apontaram várias compreensões: ter disputas internas, sofrer pressões, ambiente tenso, colegas fingidos, adoecimentos, pouco tempo para coisas pessoais, ausência de reconhecimento e líderes inadequados, entre outros fatores.

O estudo produziu algumas conclusões. Uma delas indica os fatores individuais bastante presentes na determinação do estado de (in)felicidade dos profissionais, e também a influência dos fatores externos e coletivos, com ênfase, porém, um pouco menor do que se costuma considerar. Outra conclusão provoca uma reflexão sobre a novidade (ou não) do conceito de felicidade no trabalho, uma vez que os próprios profissionais quando a definem usam conceitos como motivação, realização no trabalho, clima e ambiente, que são velhos conhecidos da área de Recursos Humanos.
A seguir, os principais resultados e a metodologia do estudo inédito sobre felicidade no trabalho, desenvolvido pelo Ateliê de Pesquisa Organizacional.

PESQUISA “FELICIDADE NO TRABALHO” – PRINCIPAIS RESULTADOS

Felicidade em relação ao trabalho

– Para 78%, o dinheiro é um fator que se sobrepõe a todos os outros.

– Para 79% dos entrevistados, eles estão felizes ou muito felizes em relação ao trabalho; apenas 7% consideram-se infelizes ou muito infelizes.

– Para 46%, eles são os responsáveis e não a empresa pela própria felicidade no trabalho.

Mulheres vs. homens

– Entre as mulheres, 84% consideram-se felizes ou muito felizes em relação ao trabalho. – Entre os homens, 75% consideram-se felizes ou muito felizes em relação ao trabalho.

Paulistas vs. cariocas

– Os cariocas (85%) consideram-se felizes ou muito felizes em relação ao trabalho.

– Os paulistas (71%) consideram-se felizes ou muito felizes em relação ao trabalho.

– O dinheiro tem muito mais peso para os cariocas (84%) do que para os paulistas (73%).

Excesso de trabalho

– Trabalhar é importante para o crescimento pessoal e profissional, disseram 45% dos entrevistados; 44% disseram que trabalham para sentir-se realizado.

– Para 57%, trabalhar mais de 8 horas por dia é motivo de satisfação. Apenas 17% responderam que trabalhar além do horário é motivo de insatisfação.

O que deixa feliz no trabalho

– Para 49%, relacionar-se com pessoas é uma das situações que deixa feliz no trabalho. Para 41%, trabalhar em equipe é a principal situação.

– Para 68%, quando estão felizes no trabalho, sentem-se motivados.

– Para 36% (60% deles do Rio de Janeiro), nada os deixa infelizes no trabalho.

– Para 48%, a infelicidade no trabalho traz o sentimento de desmotivação.

Saúde

– A maioria dos entrevistados (63%), não tiveram qualquer problema de saúde nos últimos meses. Mas 37% deles apontaram estar sofrendo de dor de cabeça (43%), cansaço exagerado (25%) e dor de estômago (18%), entre outros adoecimentos.

Percepção dos entrevistados (Qualitativa)

Os profissionais entrevistados na etapa qualitativa expressaram sua percepção a respeito do tema felicidade e infelicidade, por meio de 80 fotos. Cada participante elegeu entre duas e três imagens que melhor representavam o sentimento de felicidade no trabalho. Depois, cada um explicava suas escolhas e associações.

– Imagens de dinheiro e sucesso foram selecionadas em todos os grupos.

– Houve total consenso de que as imagens traziam símbolos de felicidade.

Metodologia

– Entrevistados, por gênero: 40% mulheres e 60% homens.

– Faixa etária: 28 e 45 anos.

– Tempo de trabalho na empresa:8 a25 anos.

– Empresas com mais de mil funcionários (65%) e500 a1.000 funcionários (35%).

– Grau de instrução: 100% com formação superior.

– Segmento das empresas: indústria (51%), comércio (31%) e serviços (18%).

– Remuneração anual: R$ 50 mil a R$ 150 mil (84%); R$ 150 mil a mais de R$ 300 mil (16%).

Salários de CFOs e CEOs norte-americanos melhoram apesar da crise

Apesar do índice de desemprego nos Estados Unidos ter apresentado elevação em julho, estudo da Grant Thornton LLP revela que nas empresas de capital aberto, 80% dos líderes tiveram elevação dos salários, percentual maior que os 74% registrados em 2011, sinalizando a recuperação da economia global e o impacto na remuneração dos executivos. Para os que indicaram elevação de remuneração, a média estimada de aumento foi de 4%.

A pesquisa mostrou que a maioria dos CFOs (88%) de companhias abertas recebem bônus anual e 58% ganham como incentivos adicionais stock options. Entre os CEOs, 92% ganham incentivos baseado em ações.

O benefício mais popular da maioria dos CFOs de companhias públicas é ganhar telefones celulares e reembolso dessas contas (88%), seguido por participação como membro em clubes de companhias aéreas.