Reengenharia de Processos, a chave para reduzir custos – Por Gustavo Coelho

Gustavo Coelho, Gerente de Processos e Qualidade da Cleartech (1)

Em qualquer mercado de serviços ou produtos já estabelecido, sobressairá a empresa que tiver a melhor relação qualidade x preço. Porém, por trás dessa afirmação óbvia, existe sempre a indagação sobre como alcançar esse diferencial.

Pode-se aumentar a qualidade por meio de mais investimentos com equipamentos, materiais, treinamentos, aumentando equipes etc. Mas como esse investimento implicará, fatalmente, em aumento de preço para o consumidor final, a citada relação acaba perdendo força.

Por outro lado, pode-se promover uma guerra de preços, aumentando sobremaneira o risco para a organização, posto que focar unicamente nessa estratégia colocará em detrimento a qualidade.

Em cenários de alta competitividade, o melhor caminho para se ampliar investimentos sem impactar nos preços é a famigerada redução de custos. Enxugar o quadro de funcionários, alterar o local de trabalho, renegociar contratos de serviços, terceirizar e eliminar desperdícios são medidas comumente adotadas pelas empresas para atingir este objetivo. Algumas são mais efetivas, outras nem tanto. Algumas perduram por mais tempo ao passo que outras são pontuais. Umas não geram impactos, outras colocam em detrimento o bom ambiente de trabalho ou a qualidade.

Qual seria então a melhor forma de alcançar redução de custos duradoura, sustentada e sem impactos?

A resposta está na reengenharia de processos que, a partir de seus princípios e técnicas, permite o alcance do poder transformador dos processos otimizados e aderentes à estratégia da organização.

Revisar papéis e responsabilidades, eliminar aspectos susceptíveis ao retrabalho, promover capacitações, identificar onde o trabalho faz mais sentido, eliminar handoffs, envolver o menor número de pessoas possível e promover sistematização são alguns dos princípios que podem ser empregados na atividade de reengenharia e que respondem diretamente à questão supra.

A reengenharia de processos resulta no “fazer acontecer” com a melhor qualidade, no menor custo e direcionado aos objetivos traçados pela alta administração. Trata-se de viabilizar de forma estruturada e permanente a melhor relação qualidade x custo ou, conforme introduzimos neste artigo, qualidade x preço, sem viés ou impactos associados.

A reengenharia é universalmente transformadora. Qualquer empresa em qualquer ramo de atuação pode aplicá-la observados os fatores:

Engajamento da alta administração e de todos os níveis funcionais da organização;
Equipe com conhecimento consolidado em BPM – business processos management;
Sistemas de processos apropriados.
Em um mercado cada vez mais competitivo e oscilante, o futuro está reservado para as empresas organizadas em torno de seus – otimizados – processos.

Gustavo Coelho, Gerente de Processos e Qualidade da Cleartech

Como pequenas soluções podem contribuir para grandes reduções de custos

Algumas práticas foram criadas nas empresas e ninguém sabe dizer quem foi ou porque a regra foi criada assim. O fato é que, por comodismo, hábito ou resistência a mudanças, muitas empresas não se dão conta de que possuem grandes “ralos”, com uma série de desperdícios e custos desnecessários que comprometem a lucratividade. Muitas vezes, pode ser uma simples compra de papelaria ou cafezinho – pequenas despesas que acumulam milhões ao longo dos anos.

Para fazer uma boa revisão nos custos das empresas, Fernando Macedo, especialista em redução de custos da ERA – Expense Reduction Analysts, consultoria de origem inglesa que está no Brasil desde 2009, dá algumas dicas:

1- Cotações com fornecedores

Quando a equipe de compras está acostumada a fazer a famosa “cotação com 3 fornecedores para escolher o melhor”, cuidado! Este é um processo vicioso e nem sempre eficiente, principalmente se os fornecedores são sempre os mesmos. Faça um rodízio entre os colaboradores que realizam cotações periodicamente. Caso alguém se sinta incomodado com isso, aumente a vigilância, pois pode estar havendo favorecimento de fornecedores em sua empresa.

2- Compras repetidas

Não é difícil encontrar empresas cujos departamentos têm autonomia para compras isoladas ou contratação de serviços e dis ou mais departamentos compram a mesma coisa em momentos diferentes e com fornecedores diferentes. O ideal é centralizar as compras para ganhar no volume e diminuir a margem de preços. Estabelecer uma política de pagamentos mensais no lugar de pagamentos a cada compra também ajuda a ter mais controle.

3- Redução de água

Pouca gente lembra, mas o custo da água mensal é o mesmo também para o esgoto. Uma redução inteligente da água também reduz o custo do esgoto e é possível utilizar o sistema de reaproveitamento da água de maneira bem simples. Numa escola, por exemplo, foi possível coletar a água após o uso em bebedouros e pias de lavagem das mãos e reutilizá-la nos vasos sanitários gerando economias de 12,5%. Para mais informações sobre a reutilização de água para economia nas empresas, basta buscar orientação no serviço de abastecimento de água e esgoto de cada cidade .

4- Redução de Energia Elétrica

Dependendo do porte da empresa, é possível optar por tarifas diferenciadas e é necessário um planejamento para isso. Mas é possível reduzir bem esse custo, com a instalação de sensores de presença, células fotoelétricas para acionamento sem a luz do dia, relés de tempo, etc.

5- Limpeza

Se o serviço for terceirizado, esteja atento ao escopo do trabalho contratado e respectiva equipe comprometida. Às vezes, as empresas optam por contratar serviços noturnos, encarecendo os contratos de limpeza, enquanto em certas horas do dia o fluxo de pessoas circulando é menor e a limpeza poderia ser feita bem mais em conta. Caso o serviço seja desenvolvido por funcionários da empresa, fique atento aos turnos de trabalho e áreas de maior circulação de pessoas. Nunca tente economizar suprimindo o encarregado ou supervisor.

6- Material de escritório

Esse é o item normalmente quase esquecido quando se fala em redução de custos, por ser formado de diversos materiais de baixo custo unitário. A possibilidade de reduzir o volume de itens pode ser feita agrupando-os por similaridade e gerando processos de compra em lotes e períodos regulares. Os custos com “tonners” ou terceirização de impressoras podem esconder armadilhas, portanto é importante a correta avaliação dos volumes de cópias P&B e/ou coloridas, aliada aos níveis de qualidade.

7- Telecomunicações

A grande vilã do desperdício nas empresas. Alguns cuidados básicos para reduzir as tarifas: 1)evite ligar de telefone fixo para móvel, é sempre mais caro; 2) cuidado com promoções milagrosas, verifique todas as exceções para não ter decepções; 3) procure sempre identificar o perfil de consumo da sua operação, cuidado ao comparar apenas o valor total da conta na hora de avaliar propostas; 4) não confunda telefonia móvel com serviço de rádio; 5) nunca contrate planos corporativos de telefonia móvel em função da hierarquia, tenha em mente que nem sempre os gerentes e diretores da empresa estão em trânsito gerando receitas.

8- Cafezinho

O cafezinho é uma tradição cultural e nem sempre recebe a devida atenção. Existem muitos fornecedores com boas propostas comerciais e é possível conseguir ainda melhores negociações, se a política da empresa autorizar a inclusão de itens complementares em equipamentos de auto-serviço, tais como: achocolatados, sucos, etc.

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