3 Tendências no setor de Healthcare para 2019

Por Barrett Coakley

2018 foi um ano interessante para o setor de saúde e, 2019 prepara-se para ser tão bom quanto. Há um enorme mercado que precisa ser explorado devido ao envelhecimento da população mundial e o anseio de que os idosos vivam sozinhos pelo maior tempo possível. Permitir esse desejo tem sido o foco de reguladores, fabricantes e investidores.

De acordo com dados da Conta-Satélite de Saúde Brasil 2010/2015, divulgados pelo IBGE no fim de 2017, o consumo final de bens e serviços de saúde no Brasil cresceu, atingindo R$ 546 bilhões, valor equivalente a 9,1% do PIB. Deste total, R$ 231 bi (3,9% do PIB) corresponderam a despesas de consumo do governo e R$ 315 bi (5,2% do PIB) a despesas de famílias e instituições sem fins lucrativos.

O novo ano deve ver o impacto contínuo desses fatores, juntamente com o surgimento de novas tendências para apoiar o crescimento e o desejo de reduzir os custos. Três áreas terão grande impacto no mercado da saúde em 2019. Vamos explorar algumas tendências que devem se destacar nos serviços de healthcare este ano:

Internet das Coisas

A Internet das Coisas (IoT) desempenhou um papel proeminente em 2018 e continuará a evoluir em 2019. O principal destaque da IoT e dos dispositivos conectados é a significativa economia de custos na prestação de cuidados. De fato, o atendimento remoto via IoT pode reduzir os custos de assistência médica dos EUA, por exemplo, em até US$ 6 bilhões por ano, de acordo com a consultoria de saúde Willis Towers Watson. Esses dispositivos conectados, incluindo sensores internos e os dados coletados, permitem que os indivíduos mantenham suas vidas independentes com um risco muito menor.

Uma infinidade de dispositivos já utiliza a Internet das Coisas para manter os pacientes conectados remotamente aos provedores e serviços de saúde. As empresas também passaram a usar os dispositivos conectados para rastrear sinais vitais do paciente e vários indicadores de status de saúde. Isso tem melhorado os resultados dos pacientes, permitindo que os provedores realizem mais atendimento, diminuam as visitas hospitalares e reduzam os custos gerais com a saúde.

Outro ponto ainda mais relevante é que esses sensores e dispositivos possibilitam que os idosos tenham uma vida normal em casa. Discretamente, os dispositivos coletam e compartilham leituras com segurança, de modo que qualquer sinal de alerta possa ser descoberto, e qualquer lembrete diário de medicação é enviado proativamente aos pacientes. Por isso, espera-se que tanto o atendimento domiciliar quanto o setor de saúde fiquem cada vez “mais inteligentes”.

Fusões e aquisições

Reguladores, hospitais e seguradoras também já perceberam os benefícios de prestar cuidados remotamente. No entanto, dada a dificuldade do emprego, um mercado de trabalho restrito e uma força de trabalho que se aposenta, a contratação tem sido mais difícil. O mercado de saúde também tem sido tradicionalmente apoiado por um grande número de organizações menores que se concentram em determinadas geografias ou especialidades. No entanto, devido a essa oportunidade de mercado, os investidores têm sido muito ativos com diversos negócios de fusões e aquisições em larga escala para ajudar a construir organizações maiores com mais alcance e escala geográficos. Por exemplo, a ação da M&A no terceiro tri de 2018 registrou o terceiro trimestre consecutivo com mais de 20 aquisições, de acordo com dados da empresa de inteligência de mercado Irving Levin & Associates. No geral, 2018 viu um volume trimestral “muito mais alto” em relação à 2017.

Lisa Phillips, editora do The HealthCare M&A Report, que publicou os dados acima, afirmou: “a consolidação está impulsionando a atividade recente neste mercado, apesar do reembolso e dos obstáculos regulatórios. Como os sistemas de saúde buscam reduzir os custos, esperamos que mais se voltem para as agências de cuidados domiciliares em contextos tradicionais pós-agudos, como instalações de enfermagem especializadas ou instalações de cuidados agudos de longo prazo”.

Como não há líder em participação de mercado e a necessidade de reduzir custos é eminente, espera-se que 2019 seja um ano ativo para os investidores, à medida que as empresas de saúde planejam expandir e ganhar cada vez mais participação no mercado.

Adoção de Tecnologia

Historicamente, o back-office do atendimento ao paciente é arcaico e manual, com o uso do Excel, por exemplo, para agendamento e produção das planilhas de horas. No entanto, por conta de tendências como o aumento da demanda, escassez de talentos para atender o crescente número de pacientes, mudanças na regulamentação e a necessidade de reduzir custos, os provedores de assistência médica domiciliar precisarão apostar em novas tecnologias. Isso inclui o Customer Relationship Management (CRM) para gerenciar vendas e informações de clientes, e o Human Capital Management (HCM) para treinamento e recrutamento de profissionais.

A tecnologia de gerenciamento de serviço em campo também deve ser considerada para ajudar os provedores domésticos a fornecer melhores cuidados, aumentar a participação de mercado e melhorar as operações. À medida que mais recursos e empregados são adicionados ao cronograma, torna-se quase impossível para um humano considerar todos os fatores inerentes à criação do cronograma otimizado. Aqui estão alguns exemplos sobre como a escala aumenta a complexidade:

– Com três funcionários móveis e três empregos, existem seis maneiras possíveis de agendar o trabalho

– Existem 720 maneiras diferentes de despachar seis funcionários para fazer seis trabalhos

– Existem 1.307.674.368.000 maneiras diferentes de despachar 15 funcionários para fazer 15 trabalhos

Como resultado, é quase impossível agendar e monitorar manualmente os profissionais ou usar um software de agendamento que não seja construído especificamente para lidar com esse nível de complexidade – pelo menos sem sacrificar a eficiência e a produtividade. A sofisticação envolvida nesses cenários exige uma tecnologia direcionada para conseguir auxiliar de fato as inúmeras organizações a fornecer melhor atendimento ao paciente, aprimorar operações e reduzir custos.

Barrett Coakley, Gerente de Marketing de Produtos da ClickSoftware

O impacto da IoT e Wearables na saúde

Por Barrett Coakley

Muitos idosos manifestam interesse em permanecer em suas casas pelo maior tempo possível à medida que envelhecem. Como resultado, o mercado de assistência médica domiciliar (home healthcare) teve um enorme crescimento, com muitas empresas tentando aproveitar essa nova demanda. Atualmente existem mais de 300 mil aplicativos no mercado de “health tech”. Tendências tecnológicas como Internet das Coisas (IoT), videoconferência e dispositivos vestíveis (wearables) estão sendo introduzidos para tornar o desejo de ficar em casa mais real.

De acordo com a Gartner o mercado de wearables tem um crescimento anual estimado de 16,7% e pode atingir US$ 34 bilhões em 2020. No Brasil a tendência se confirma, mas ainda a passos lentos. Segundo um recente estudo do Grupo Technos, o consumo anual de relógios inteligentes do brasileiro ainda é quatro vezes menor do que a média mundial de consumo. Por outro lado, a aquisição de smartphones no Brasil é uma dos maiores do mundo e o país representa 4,4% de todo mercado global. Isso mostra uma aderência a tecnologias móveis, mas por enquanto restritas aos telefones inteligentes.

O papel dos dispositivos conectados foi novamente evidenciado com o lançamento do novo relógio inteligente da Apple. A versão mais recente do Apple Watch inclui novos recursos de saúde, como um acelerômetro e um giroscópio, que podem detectar quedas bruscas, e um sensor de frequência cardíaca que pode fazer um eletrocardiograma usando um novo aplicativo de ECG. Jeff Williams, diretor de operações da Apple, chamou o relógio de “um guardião inteligente para sua saúde”.

Usando eletrodos e um sensor elétrico de frequência cardíaca, o Apple Watch Serie 4 permite que os usuários façam uma leitura de ECG diretamente de seus pulsos através do aplicativo de ECG. O aplicativo pode classificar se o coração está batendo em um padrão normal ou se há sinais de fibrilação atrial. Todas as gravações são armazenadas no aplicativo Health em um arquivo que pode ser compartilhado com os médicos.

O recurso de detecção de queda usa um acelerômetro e um giroscópio, que mede até 32g de força, junto com alguns algoritmos personalizados, para identificar quando ocorre uma queda brusca. “Ao analisar a trajetória do pulso e a aceleração do impacto, o relógio inteligente envia ao usuário um alerta após uma queda, que pode ser dispensado ou usado para iniciar uma chamada para o serviço de emergência”, segundo a empresa. “Se o Apple Watch sentir imobilidade por 60 segundos após a notificação, ele automaticamente chama o serviço de emergência e envia uma mensagem com a localização do usuário.”

Reduzir quedas e re-hospitalizações são o grande foco das empresas de saúde. Calcula-se que os gastos decorrentes de quedas e lesões relacionadas a quedas custem bilhões de dólares todos os anos e podem crescer para quase US$ 60 bilhões até 2020, de acordo com o HUD.

Este não é o primeiro produto da Apple para o mercado de saúde. Em 2016 a empresa lançou a CareKit, uma rede de software que permitiu o monitoramento de condições médicas em casa com um iPhone. Muitas outras grandes empresas também estão entrando nesse mercado. Por exemplo, a varejista de produtos eletrônicos Best Buy adquiriu a GreatCall, uma empresa que desenvolve e vende smartphones, smartwatches, dispositivos de alerta médico e outras tecnologias de alto nível para apoiar e ampliar a independência de idosos. A Amazon também está explorando aplicativos nesse mercado por meio de seu dispositivo Alexa. A companhia criou uma equipe dentro de sua divisão de assistente de voz Alexa chamada “saúde e bem-estar”, que inclui mais de uma dúzia de pessoas.

Esses dispositivos conectados, sensores internos e os dados coletados permitem que os indivíduos mantenham suas vidas independentes com um risco muito menor. Hospitais, profissionais e fabricantes de dispositivos para saúde utilizam a IoT para manter os pacientes conectados remotamente aos provedores e serviços de saúde. Ao rastrear os sinais vitais do paciente e os indicadores de seu estado de saúde através de dispositivos de saúde, é possível melhorar os resultados, permitindo que os prestadores atendam a mais pacientes, reduzam as visitas hospitalares e diminuam os custos gerais com a saúde.

A ideia é simplificar a gestão de saúde para que o usuário possa continuar vivendo uma vida normal em casa. Em segundo plano, os dispositivos compartilham as leituras com segurança, de modo que qualquer sinal de alerta possa ser captado e qualquer lembrete diário de medicação possa ser enviado proativamente aos pacientes. A tecnologia possibilita não só esse monitoramento como ajudar o usuário a ter uma vida mais saudável, aumentando a expectativa de vida da população.

Barrett Coakley, Gerente de Marketing de Produtos da ClickSoftware, líder no fornecimento de soluções para a gestão automatizada e otimização da força de trabalho e serviços em campo.