Brasileiro importa metodologia de Israel para competir com consultorias tradicionais no mercado brasileiro

Com uma metodologia israelense apresentada em um best-seller do mundo da gestão de empresas, o brasileiro Aureo Villagra tem obtido enorme sucesso na concorrência com consultorias tradicionais. Sócio global da Goldratt Consulting e CEO da operação no Brasil e Portugal, Villagra tem ajudado companhias de diversos tamanhos e perfis – de empresas familiares a multinacionais – a identificarem seus principais pontos de alavancagem por meio da aplicação da Teoria das Restrições (Theory of Constraints – TOC), introduzida no livro A Meta (1984), do físico Dr. Eli Goldratt.

Com operações no Japão, na Índia, na China, na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina, a Goldratt Consulting atua mundialmente com clientes como P&G, Boeing, Grupo Tata, Lufthansa, Toyota, Sony, Estado de Utah, governo japonês e a força aérea americana. “Com a Teoria das Restrições, ajudamos organizações a identificarem os pontos de alavancagem que liberam seu crescimento e definimos as mudanças necessárias para que alcancem os resultados esperados”, explica Aureo Villagra. “No país, competimos com empresas tradicionais no setor de consultoria e temos obtido bastante sucesso ao implementarmos uma metodologia diferente, como é o caso da Teoria das Restrições”.

Engenheiro eletrônico formado pela Pontifícia do Rio Grande do Sul (PUC/RS), o brasileiro foi apresentado à Teoria das Restrições em meados dos anos 80, enquanto fazia MBA em Gestão Empresarial na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ao ler o livro A Meta e colocar em prática as ideias trazidas na publicação em uma fábrica da Siemens onde trabalhava no Rio Grande do Sul, obteve os primeiros resultados em 15 dias: o lead time caiu de 7 para 2 dias, enquanto estoque em processo foram reduzidos em 50%.

“Meu colega de trabalho percebeu que eu era mais consultor que executivo e me apresentou para o dono da Fundação Fockink, que prestava consultoria no mercado brasileiro. Me tornei sócio da companhia em 1992 e nos anos 2000 fui morar em Lisboa, porque abrimos um escritório em Portugal. Em 2002, voltei para o Brasil já com a minha própria consultoria, a Villagra Gestão Empresarial, e com clientes como Riachuelo e Picadilly”, conta o diretor. “Dessa época pra cá, o volume de negócios que eu administro cresceu 28 vezes”.

A TOC faz com que as empresas atinjam, simultaneamente, crescimento, estabilidade e harmonia, uma vez que utiliza uma abordagem sistêmica, que alinha uma robusta lógica de causa e efeito e análise de comportamento humano. “Além dos resultados financeiros, a aplicação dessa filosofia de gestão aumenta o nível de harmonia na empresa porque torna mais simples o entendimento do negócio por todos os envolvidos e a solução de dilemas” diz Villagra.

Goldratt Consulting no Brasil

A Goldratt Consulting chegou no país em 2010. Naquela época, seus primeiros parceiros foram as empresas da Villagra Gestão Empresarial que estavam utilizando a Teoria das Restrições no varejo. Devido ao bom relacionamento do israelense com o empresário brasileiro, em 2012 Villagra passou a ser o administrador da Goldratt Consulting Brasil e, em 2016, se tornou sócio da companhia.

“A Goldratt Consulting é uma empresa global e cada país ou região do mundo tem um Partner. Também atuo com clientes em Portugal, Estados Unidos, Alemanha e Espanha, montando estratégias e orientando o cliente na gestão da empresa.”

7 ações que distraem gestores na hora de inovar

Por Aureo Villagra, CEO da Goldratt Consulting Brasil

Inovar cada vez mais se torna uma ação necessária. O mundo realmente está mudando e as empresas e gestores não podem ficar para trás. Porém, em meio a tantas iniciativas como Indústria 4.0, Big Data, Inteligência Artificial, startups e novas tecnologias, é muito fácil perder o foco do que realmente importa para o seu negócio.

O trabalho de um bom gestor é descobrir como alinhar a necessidade da empresa com esse novo mundo de constantes mudanças. Com tantas opções e tecnologias, a chance de fazer um investimento alto em algo que não necessariamente precisa ser melhorado pode aumentar consideravelmente.

É neste momento que a Teoria das Restrições (Theory of Constraints – TOC), introduzida pelo Dr. Goldratt, pode auxiliar os gestores a manterem o foco para atingir resultados decisivos. A TOC baseia-se em focar no ponto chave para o negócio, através de uma visão holística. Inovar não apenas porque é necessário para acompanhar as mudanças do mercado, mas sim inovar para realmente agregar valor ao negócio. Trata-se de abraçar iniciativas que geram o maior impacto positivo possível nas metas da empresa, entregando valor real para o mercado.

Tecnologia e inovação são necessárias, mas muitas vezes, não são suficientes para atingir um resultado realmente significativo.

Os gestores devem evitar os chamados “7 Sedutores”, ações que normalmente induzem as empresas a perder o foco na hora de resolver um problema. Representam táticas que rapidamente são utilizadas sem uma visão clara do problema real. Muitas vezes podem até ser necessárias em um certo ponto da inovação, porém possuem resultados limitados e marginais, se aplicados isoladamente. Podem dar a falsa impressão de que o problema foi resolvido a longo prazo.

Os “7 Sedutores” são apresentados no livro recém lançado, chamado “Stop Decorating the Fish”, de autoria de Kristen Cox, Diretora Executiva do Governo de Utah, e Yishai Ashlag, Senior Partner da Goldratt Consulting, eles são definidos por soluções direcionadas exclusivamente por:

1) Mais dinheiro

2) Mais tecnologia

3) Mais reorganização

4) Mais treinamento e comunicação

5) Mais dados

6) Mais responsabilização e atribuição de culpa

7) Mais planejamento estratégico

No varejo, uma situação comum em que pode haver influência de um ou mais dos “7 Sedutores” é o desafio na gestão de estoques, especificamente na definição da quantidade que deve ser comprada e mantida em cada loja para cada produto. Em geral, varejistas têm dificuldade em encontrar um modo que garanta estoque suficiente para satisfazer a demanda por itens que possuem alta venda, porém também que não tenha excesso de produtos que vendem pouco. Na tentativa de solucionar o problema, algumas empresas do setor investem muito dinheiro e atenção gerencial em Inteligência Artificial e Big Data para tentar aumentar a precisão das previsões de vendas, porém, mesmo com grandes investimentos em softwares e coleta de dados em tempo real, tentar otimizar as previsões não resolve – de fato – o problema de ruptura e estoque em excesso.

Nesse caso, não tente colocar certeza na incerteza. O seu best seller do ano passado pode ser o seu slow mover desse ano: não é possível definir com precisão como será a venda de amanhã. Em boa parte dos casos, a predição é um tiro no escuro. Ao invés de gastar tempo e dinheiro tentando otimizar as previsões sem ter sucesso, a melhor solução é estruturar uma operação que responda rapidamente à demanda real em cada ponto de consumo com ressuprimentos frequentes e lead times curtos. Investir em um sistema de execução em tempo real, através da Teoria das Restrições, traz mais resultados do que tentar melhorar o sistema de planejamento.

Os “7 Sedutores” frequentemente parecem prometer uma solução fácil e de imediato resultado, enquanto a causa raiz ainda não foi solucionada. Podem ajudar a possibilitar a solução, porém não são a solução. Insistir nessas ações individuais pode causar custos desnecessários, consumo de tempo e de atenção gerencial. Para garantir um impacto significativo é necessário buscar falhas que refletem no desempenho global do sistema, para não se distrair com melhorias apenas locais e momentâneas.

Como eliminar conflitos na empresa

Segundo Aureo Villagra, CEO da Goldratt Consulting Brasil, a Teoria das Restrições (Theory of Constraints – TOC) fornece uma metodologia muito eficiente para lidar com conflitos, tanto técnicos quanto pessoais, entre departamentos ou mesmo empresas.

“Um conflito surge quando duas necessidades diferentes levem a duas ações ou desejos opostos, como por exemplo manter mais estoque em uma loja para evitar rupturas e proteger as vendas ou manter menos estoque para proteger o caixa”, explica Villagra.

A TOC ensina que sempre que existir um objetivo comum será possível encontrar uma solução ganha-ganha. Basta para isso analisar cuidadosamente todas as premissas que sustentam o conflito antes de aceitar uma situação não satisfatória. Se existir uma premissa que possa ser desafiada, ela é a chave para resolver o conflito.

No caso dos estoques o objetivo comum é ter uma loja bem administrada e uma das premissas que leva a necessitar mais estoque para proteger a venda é a frequência e confiabilidade do reabastecimento da loja. Se for possível melhorar o reabastecimento, deixar-lo confiável e reagindo às demandas reais será possível trabalhar com menos estoque, proteger as vendas e o caixa simultaneamente.

Para casos em que seu cliente, fornecedor ou colega de trabalho possui uma opinião totalmente diferente da sua, e você realmente acredita que a sua solução para aquele problema é melhor, é preciso ajudar a pessoa a entender o porque pode estar equivocada. E, segundo Aureo, há uma forma simples de resolver sem envolver discussões desconfortáveis.

“Antes de culpar a outra pessoa, antes de pensar que ela está tentando prejudicar você, o primeiro passo é entender suas premissas e o porque atrás de sua opinião”, explica Villagra. Para solucionar o conflito é preciso descobrir a premissa incorreta do outro e ajudar a pessoa a entender essa falha. Assim a pessoa pode mudar sua opinião, sem resistir a sua abordagem.

“Em outras palavras, realmente evite a tendência de culpar as pessoas. A maioria das vezes, as pessoas são boas. Se a ação do outro lado é contraditória, é necessário entender melhor suas razões para solucionar a discussão” finaliza Aureo.

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