Pesquisa do GPTW revela as principais transformações nas formas de trabalho, contratação, flexibilidade e mobilidade no pós-pandemia

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A necessidade de adotar o home office devido à pandemia de Covid-19 gerou – e ainda gera -inúmeros desafios, dúvidas e dificuldades, principalmente para equipes de RH e líderes de empresas. No entanto, com o retorno das atividades presenciais e o afrouxamento das regras de distanciamento, muito tem se discutido sobre o que mudou na forma de trabalhar e como as experiências dos últimos meses impactarão o futuro do trabalho.

“Uma coisa é certa: não trabalharemos da mesma maneira. Na verdade, nós já não trabalhamos como alguns anos atrás. O mundo mudou e as tendências para o mercado de trabalho, que já experimentava uma transformação significativa, são de ainda mais mudanças, digitalização e inovação. Dentre os pontos mais marcantes dessa nova fase, o interesse em novas formas de trabalhar e na mobilidade se destacam”, comenta Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work.

Com o objetivo de retratar as principais transformações que empresas e colaboradores estão passando nos últimos meses e auxiliar as organizações e líderes a se prepararem para o futuro próximo, o GPTW realizou a pesquisa Novos Formas de Trabalho: tendências pós-pandemia, em parceria com a Bynd, especialista em Mobilidade Corporativa. A pesquisa foi respondida por 2.008 colaboradores de empresas de diversos setores como tecnologia, indústria, serviços, varejo e financeiro, sendo 62,7% da área de Recursos Humanos.

NOVAS FORMAS DE TRABALHO

O trabalho remoto e o modelo híbrido não surgiram agora. Segundo a edição de 2020 do ranking “As 150 Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil” do GPTW, 73% das melhores organizações já ofereciam a prática do home office. Contudo, muitas empresas começaram a lidar com esses novos formatos, impulsionadas pela adesão global às normas de distanciamento, como demonstram os dados da pesquisa:

Atualmente, os funcionários estão trabalhando em qual modelo:

·        Híbrido: 46,8%

·        Totalmente remoto: 37,1%

·        Totalmente presencial: 16,1%

Dessas empresas, quantas já definiram uma política para o pós- pandemia?

·        Já adotaram uma nova política para o pós-pandemia:  30,2%

·        Estão em processo de análise para definir a nova política:39,6%

·        Responderam que o assunto deve ser discutido em breve: 17%

·        Responderam que não faz parte da estratégia da empresa discutir uma nova política de trabalho: 13,1%

Das empresas que já definiram, quantas adotarão qual formato de trabalho?

·        Híbrido: 77,75%

·        Totalmente remoto: 12,7%

·        Totalmente presencial: 9,6%

Esses resultados reforçam que houve uma mudança estrutural nas empresas e muitas delas reconsideraram posicionamentos anteriores para adaptarem seus processos à nova realidade do mercado.  

Quando questionadas se fizeram um trabalho de pesquisa/escuta ativa dos funcionários sobre a possibilidade de retorno ao trabalho presencial, 62,7% das empresas responderam sim e que e 37,3% que não.

Quando entrevistadas sobre as preferências do formato de trabalho, as pessoas responderam que:

·        64,7% preferem o trabalho híbrido

·        16,4% desejam trabalhar 100% em home office

·        11,3% deseja trabalhar 100% presencial

·        7,7% não souberam responder

IMPACTOS DO TRABALHO REMOTO PARA AS EMPRESAS

Espaços físicos

Muitas organizações precisaram se reinventar para gerenciar equipes à distância, oferecer o suporte necessário para todas as pessoas e monitorar e garantir resultados satisfatórios. Com os escritórios sem utilização, e por tempo indeterminado, algumas empresas decidiram fechar os espaços de vez ou reduzi-los, já pensando em um retorno com menos pessoas trabalhando fisicamente ao mesmo tempo, conforme demonstrou a pesquisa, indicando uma propensão a um modelo híbrido, em que nem todas as pessoas trabalham no escritório no mesmo dia:

Manutenção dos espaços físicos:

·        75,9% mantiveram o(s) escritório(s) físico(s) normalmente

·        19,7% mudaram para um espaço menor ou reduziram o número de unidades/andares/postos de trabalho

·        4,3% fecharam o escritório físico

Quantas pessoas comportam os escritórios atuais?

·        O escritório comporta a todos: 48,5%:

·        O espaço físico comporta de 60% a 99% das pessoas: 21%:

·        De 30% a 59% das pessoas: 20,6%

·        De 1% a 29 % das pessoas: 9,8%

O escritório foi preparado ou adaptado para o trabalho presencial dentro do novo contexto de distanciamento social ocasionado pela pandemia?

·        72,1% – Sim

·        27,9% – Não

A empresa mudou a localidade do escritório durante a pandemia:

·        Não: 89,4%

·        Sim: 11,2%

IMPACTOS DO TRABALHO REMOTO PARA PROFISSIONAIS

Mudança de residência

A mobilidade proporcionada pelos novos formatos de trabalho possibilitou a mudança de residência para muitas pessoas, que optaram por sair de centros urbanos e regiões movimentadas para bairros mais afastados, tranquilos e até mesmo mais acessíveis financeiramente, conforme dados apresentados pela pesquisa:

A empresa já fez um mapeamento sobre o volume de profissionais que se mudaram (bairro, cidade ou país) por conta da pandemia e das novas condições de trabalho (remoto ou híbrido):

·        Não: 82%

·        Sim: 18,5%

Das empresas que fizeram o mapeamento, qual o percentual de funcionários que se mudou?

·        De 1 a 5%: 51,1% de respondentes

·        De 6% a 20%: 35,8% de respondentes

·        De 21 a 50%: 10,7% de respondentes

Mais de 51%: somente 2,5% de respondentes.

NOVAS FORMAS DE CONTRATAR

Muitos setores foram impactados pelas restrições causadas pela pandemia, o que contribuiu para um aumento expressivo das demissões e da taxa de desemprego no país, que atingiu a média de 13,5% em 2020, segundo o IBGE.

Empregos nas áreas de serviços que demandam atendimento presencial e funcionam somente em ambientes físicos foram os mais prejudicados. No entanto, em alguns setores e empresas, inclusive nas entrevistadas para este relatório, houve contratação mesmo nesse cenário instável, como demonstra a pesquisa:

A empresa contratou profissionais durante a pandemia?

·        Sim: 93,1%

·        Não: 5,5%

·        Não sei: 1,4%

O processo aconteceu de forma remota?

·        Sim: 70,7%

·        Não: 29,3%

Considerando as contratações de forma remota, quantos funcionários foram contratados?

·        De 1 a 10: 23%

·        De 11 a 50: 31,8%

·        De 50 a 100: 16,5%

·        Mais de 100: 28,7%

Se antes era necessário filtrar talentos por localização, agora, com a possibilidade do trabalho remoto, pessoas de praticamente todas as localidades — considerando as características de cada organização — podem ser selecionadas, de acordo com a pesquisa:

A empresa passou a contratar funcionários de outras localidades, que não a da sede?

·        Sim, de outras cidades e estados: 56,3%

·        Não: 36%

·        Sim, de outras cidades, estados e países: 7,8%

NOVOS BENEFÍCIOS PARA NOVAS DEMANDAS

Benefícios de mobilidade

Com os novos formatos de trabalho, foi necessário repensar os planos para encontrar benefícios que realmente fizessem sentido para as pessoas e também para a empresa. A pesquisa levantou as informações de como as empresas estão atendendo as necessidades das pessoas que estão trabalhando em locais diferentes e em situações também particulares. Segundo Gustavo Gracitelli, CEO da Bynd, “agora, muitas empresas já trabalham com a perspectiva real de reduzir seus escritórios ou, ao menos, descentralizá-los, mas ainda não planejam construir uma política de mobilidade corporativa eficiente e centrada nas pessoas. É tempo de mudar! Através de uma política simples é possível causar impactos direitos e imediatos na vida das pessoas, na produtividade das empresas e na dinâmica das cidades. Exemplos desses impactos não faltam”.

No contexto das políticas de trabalho de sua empresa, houve alguma mudança nos benefícios de mobilidade oferecidos:

·        Não: 59%

·        Sim: 26%

·        Estão revisando a política: 14,7%

Quais as principais mudanças nos benefícios de mobilidade que foram ou serão implementados?

·        Ainda não foram discutidas: 28,30%

·        Está em discussão: 25,20%

·        Não haverá mudanças: 23,20%

·        Flexibilização dos benefícios (mudanças de regras): 18,20%

·        Soluções alternativas de deslocamento: 9,20%

·        Mudanças nas políticas de viagem/ deslocamento: 7,80%

Outros resultados também demonstram indecisão, característico de momentos de transição, onde ainda há muito a se pesquisar para chegar a uma solução viável e vantajosa, como segue:

Quais os benefícios oferecidos antes da pandemia e os que serão oferecidos pós-pandemia (comparativo) ?

·        Vale-transporte (com ou sem desconto em folha): de 78,4% para 49,1%

·        Vaga de estacionamento ou auxílio: de 37,2% para 23,3%;

·        Vale combustível ou auxílio combustível: de 26,6% para 21,2%;

·        Fretado ou auxílio fretado: de 20% para 12,8%;

·        Incentivo aos transportes ativos: de 10% para 8,7%;

·        Carro como benefício: de 11,8% para 8,2%;

·        Carona corporativa: de 5,9% para 5,6%.

·        Uber/99/táxi para ir e voltar do trabalho:  de 9,2% para 10,4%

8,7% dos respondentes disseram que incentivarão esportes ativos pós-pandemia com a implantação de bicicletário, vestiário e grupos de caminhada.