O trabalho remoto na low touch economy

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Por Daniel Schwebel, Country Manager da Workana no Brasil

Devido às restrições para evitar a disseminação do coronavírus, deixamos os escritórios às pressas para trabalhar de casa. Essa nova realidade agradou 94,2% dos profissionais com carteira assinada que disseram querer continuar trabalhando remotamente após a pandemia, como revelou o relatório anual da Workana , maior plataforma que conecta freelancers a empresas da América Latina. Com isso, considerando a redução das interações pessoais, pude notar que, no vácuo dessa transformação remota, cresceu a economia de pouco contato, na qual as negociações e relações de trabalho se dão sem a necessidade de presença física – low touch economy -, que eu acredito ter vindo para ficar.

É fato que, por uma questão de responsabilidade social, muitas pessoas continuam seguindo os protocolos de saúde. Mas os profissionais se adaptaram tão bem aos novos hábitos, e ficou tão claro às empresas que não é necessário estar em um espaço físico para manter suas equipes produtivas – além do tempo que todos ganham por não precisarem se deslocar até o local de trabalho -, que ainda de acordo com o relatório 23,8% dos líderes apostam no fim ou redução dos escritórios, e 63,2% deles disseram ter notado que a produtividade dos funcionários aumentou ou permaneceu a mesma. Entre a maioria dos profissionais, o sentimento também foi de um melhor desempenho no home office. 81,9% acreditam que a produtividade foi excelente ou muito boa .

Claro que, para viabilizar isso, é vital fornecer aos trabalhadores todas as ferramentas tecnológicas possíveis, como equipamentos, softwares de trabalho colaborativo , e abrir canais online de acesso direto ao consumidor, combinando modelos que eram tipicamente B2B com estratégias B2C. Mas há muitos outros desafios, pontos que merecem atenção em tempos de low touch economy, para que o desenvolvimento se dê de forma sustentável. A começar pela saúde mental, que foi algo que pesou para 43,7% dos profissionais que sentiram que esse novo modelo de trabalho comprometeu seu psicológico.

Daí a importância de repensarmos nossa rotina de modo a equilibrar vida pessoal e profissional, melhorarmos nosso ambiente de trabalho em casa para manter a boa produtividade e, no caso dos gestores, posicionar sempre os colaboradores como centro de tudo, o que chamo de professional centric, que é voltar o olhar às necessidades e anseios dos profissionais, atendê-los para, como consequência disso, obter bons resultados, e não focar nos resultados esquecendo aqueles que os tornam possíveis.

91% dos trabalhadores CLT acreditam não precisar trabalhar exatamente 8 horas por dia, todos os dias, em um escritório, para obter bons resultados. Acredito ser um ótimo momento para os líderes ouvirem mais as demandas dos funcionários e buscarem maneiras de proporcionar mais qualidade de vida a eles.

Não é porque a digitalização se tornou obrigatória e a interação presencial inviável, que a comunicação deve diminuir e todos os processos se tornarem quase que robóticos. Trabalhar em casa significa desconstruir a barreira do privado, para sermos capazes de gerar mais empatia. Em tempos de low touch economy, fazer networking, exercer sua profissão e fechar negócios online precisa ser solução, e não problema.