O papel da China no fortalecimento da indústria solar no Brasil

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Por Daniel Lau e Franceli Jodas

O uso de energia solar tem crescido de forma exponencial nos últimos anos no Brasil, uma demonstração nítida da importância cada vez maior desse mercado na matriz energética. É evidente que há em curso muitos investimentos no setor de energia solar e que trazem soluções inovadoras e tecnologias inéditas para o mercado brasileiro. Novos modelos de painéis solares com mais resistência e maior produtividade, opções portáteis, software, inversores, baterias, sistemas inteligentes de armazenamento em cadeia, microredes inteligentes, etc, para garantir o acesso e a estabilidade do sistema elétrico brasileiro.
 

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) recentemente o Brasil atingiu um novo recorde de geração, alcançando a marca de 18 gigawats de potência instalada com esse tipo de solução. Isso equivale a 8,5% da matriz elétrica do país.
 

Os dados da instituição ainda destacam que os principais motivadores para os bons resultados da geração de energia solar são oriundos de grandes usinas de produção centralizadas bem como os sistemas de geração de pequena escala, como os instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos.
 

Como líder mundial de equipamentos e geração de energia solar, as empresas chinesas têm tido uma participação importante nesse industrial. Além disso, muitas delas têm feito grandes investimentos no Brasil com abertura de fábrica de painéis fotovoltaicos, baterias, inversores, etc, que abrangem desde os grandes geradores de energia até o consumidor final que busca uma solução individual.


A China atualmente é o maior produtor mundial de energia eólica e solar. Com relação à produção solar, a China ultrapassou a Alemanha como o maior produtor mundial de energia fotovoltaica em 2015 e se tornou o primeiro país a ter mais de 100 gigawattsde capacidade total instalada em 2017. Já no final de 2020, essa potência passou para 253 gigawatts, representando um terço do que é produzido mundialmente.
 

Ainda em 2020, no evento “Climate Ambition Summit”, realizado na Europa, a China anunciou o plano de chegar a 1.200 gigawatts de capacidade de energia solar e eólica até 2030. E somente nos primeiros seis meses deste ano, o país construiu mais de 30 gigawatts de novas matrizes de capacidade de energia solar, um aumento de mais de 130% em comparação com os anos anteriores. Grande parte adotou tecnologias de última geração que permitem uma maior captação de energia por espaço, com um aproveitamento maior em dias nublados e maior resistência a eventos externos.
 

Importante ver que as soluções baseadas em energia solar estão em franca expansão para setores inéditos como, recentemente, aconteceu na China. Na ocasião, foi lançado um drone totalmente movido a esse tipo de energia capaz de voar a vinte quilômetros de altura, em regiões entra a troposfera e a estratosfera, ou seja, acima das altitudes dos aviões comerciais, mas abaixo dos satélites em órbita.
 

Sobre a cadeia mundial de suprimentos, alguns dados importantes sobre a fatia de mercado da China neste setor: em 2021, o país obteve 79% da produção de silício cristalino, 85% de células fotovoltaicas e 74% de painéis solares.
 

Esses recordes de produção foram aconteceram em função de inúmeros fatores, tais como: contínuo investimento no setor de energia solar; competição acirrada em novas tecnologia; maior capacidade de produção, grande demanda de energia renovável dentro do país e no exterior; política de inovação em novas soluções de tecnologia em energia renovável dentro do atual plano quinquenal da China.
 

O movimento de eletrificação e descarbonização das atividades econômicas, da crescente participação das renováveis, com tecnologias de ponta, contribuem para o aumento da parceria comercial entre Brasil e China, incluindo também o desenvolvimento de novas tecnologias em prol ao fortalecimento da cooperação entre Brasil e China.

Daniel Lau é sócio do escritório para negócios com a China da KPMG e Franceli Jodas é sócia líder de utilidades públicas da KPMG.