Com a ideia de oferecer um serviço melhor e mais barato, a operadora móvel digital Nomo estreia no mercado brasileiro de telecomunicações neste mês. A startup acaba de receber um investimento, de aproximadamente R$ 14 milhões, liderado pela gestora Iporanga Ventures e acompanhado pela Norte Ventures. A rodada contou ainda com a participação de Eli Horn, fundador da Cyrela; Ronaldo Iabrudi, co-vice presidente do conselho de administração do GPA; Guilherme Weege, CEO do grupo Malwee; Roy Nasser e família e, ainda, com o investimento de fundadores e executivos de startups como Grow, Stone, Nubank e QuintoAndar.
Fundada em março deste ano, a Nomo nasceu estampando já em seu nome sua missão: tem como origem a expressão no more – ‘não mais’ em tradução livre para o português -, em referência a uma luta pelo fim da dependência e do controle das operadoras que comandam o mercado de telecomunicações brasilero há décadas. Isso porque o Brasil tem hoje mais de 246 milhões de contas de telefonia móvel e 98% das linhas do país estão concentradas nas mãos de apenas três empresas.
“Nossa percepção é que as pessoas andam em círculos entre as mesmas empresas, que no fim, são todas muito parecidas. Faltava uma alternativa, uma operadora que conseguisse fazer algo moderno, que falasse a língua do consumidor e que compreendesse suas reais necessidades”, comenta Henrique Garrido, CEO da startup.
Grande parte do serviço hoje ofertado pela operadora digital foi concebido a partir da interação com potenciais consumidores, abordados sobre o que gostariam de encontrar em uma operadora de telefonia. Como resultado, a startup oferece agora uma experiência facilitada, com serviço a um preço competitivo e total autonomia do cliente para contratar, ajustar ou cancelar pacotes a qualquer momento, tudo pelo aplicativo.
Para Garrido, a transformação efetiva dessa indústria só será possível com um passo para além de tudo que já está posto. “Queremos reconstruir grande parte dos sistemas que hoje sustentam uma operadora de telefonia. É o que temos feito desde o dia 0, com o desenvolvimento de um software próprio. Acreditamos que essa visão revolucionou o setor financeiro e é exatamente o que pretendemos fazer junto ao setor de telecom”, completa.
A operadora tem seus primeiros chips na rua, atendendo a uma parte de sua fila de espera, que hoje já conta com mais de doze mil clientes. Apesar da cobertura nacional, o início da operação tem se dado em São Paulo, na capital, principalmente. Em janeiro, a operadora digital deve expandir sua carteira, atendendo a todos que almejam tornar-se cliente Nomo. Rio de Janeiro deve ser o segundo estado atendido, mas a ideia é crescer rapidamente e, a cada semana, estrear em uma nova praça.
A Nomo é uma iniciativa não apenas de Garrido. Para a empreitada, outros três colegas de longa data se juntaram ao desafio, tornando-se também cofundadores: Gabriel Lima é quem cuida do Produto, Marcos Augusto é o responsável pelo time de Tecnologia e Dados e Pedro Geneze lidera as frentes de Marketing e Growth. Em comum, os empreendedores carregam expertise nas áreas de inovação e tecnologia e passagens pela Stone, uma das principais fintechs brasileiras – foi lá onde se conheceram.
“Montamos a equipe pensando no melhor time possível, com pessoas que já viveram a experiência de fazer uma empresa do zero ao IPO. São profissionais com experiências complementares e que sabem quão duro é tirar uma empresa do papel, montar sua operação e escalá-la”, reforça o CEO. Além dos quatro fundadores, a startup conta hoje com um time de mais de 15 pessoas.
Renato Valente, sócio da Iporanga Ventures que trabalhou no setor de telecom, vê um cenário perfeito se formando. “O mercado é gigantesco e ainda muito concentrado. É clara a insatisfação do consumidor, tanto que cerca de 130 milhões de linhas mudam de operadora todos os anos. A regulação também mostra sinais de avanço e estamos diante de um grande salto tecnológico com a chegada do 5G”, destaca. “Além de tudo isso, encontramos um time que, apesar de vir de outros setores, tem uma experiência que até pouco tempo não existia: são empreendedores que vivenciaram a construção de empresas de tecnologia e sentiram na pele a complexidade que é escalar uma companhia, como ocorreu com a Stone. Sem dúvida alguma, isso foi determinante para a decisão de investimento na startup.”
“Em mercados muito concentrados como este, um timing preciso e o time certo são catalisadores para o surgimento de grandes empresas. Foi assim que o Nubank disruptou o segmento financeiro e entendemos que o de telecom está prestes a vivenciar algo parecido. Com tecnologia de ponta, a Nomo desafia esse mercado e oferece um serviço que deve transformar a relação entre os consumidores e empresas de telefonia”, afirma Guilherme Weege, do grupo Malwee.
Com o montante recebido, a Nomo vai investir ainda mais em tecnologia, produto e marketing. “Nós queremos construir a melhor experiência com a melhor marca. Já temos um produto redondo, e o apoio dos investidores é, sem dúvida, reflexo da confiança nesta aposta. Queremos algo que seja perene e se mantenha relevante e focado no cliente por muitos e muitos anos. Nossa aposta vai além do momento de alta liquidez de mercado”, reforça Garrido.