Investimento global no clima atinge US﹩ 623 bilhões ao ano, apenas 14% do necessário para limitar aquecimento a 1,5ºC

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Os investimentos dedicados ao clima cresceram 10% no biênio 2019/2020, atingindo US﹩ 632 bilhões no mundo por ano de acordo com o levantamento Panorama Global do Financiamento do Clima 2021 ( Global Landscape of Climate Finance 2021 ), elaborado pelo Climate Policy Initiative (CPI). O estudo recém lançado oferece a mais abrangente visão do financiamento global do clima e adota intervalos de dois anos para coleta com o objetivo de suavizar efeitos de eventos não recorrentes.

Apesar do avanço da média anual, o número é apenas 14% do montante estimado de US﹩ 4,3 trilhões por ano de investimentos globais necessários para se atingir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento em 1,5ºC até o final do século.

“Dada a escala do desafio, simplesmente não é suficiente”, disse a Barbara Buchner, Diretora Geral Global da CPI. “Atingir carbono zero até 2050 exigirá que todos os atores públicos e privados alinhem urgentemente suas práticas, investimentos e carteiras com metas de 1,5C”.

O estudo identificou que o investimento público segue liderando os recursos para financiamento do clima, com 51% (US﹩ 321 bilhões) dos aportes anuais no último biênio. Os bancos de fomento são os que mais investem, representando 68% do capital total destinado ao clima. O desafio de atrair investidores privados ainda é grande apesar do incremento de 13% no período, atingindo US﹩ 310 bilhões por ano.

É nesse sentido que é fundamental o papel do Laboratório Global de Inovação em Finanças Climáticas ( Global Innovati on Lab for Climate Finance – o Lab), uma iniciativa gerida pelo CPI que conta com mais de 70 investidores e instituições públicas e privadas, que acelera soluções de investimentos para apoiar o desenvolvimento sustentável em mercados emergentes.

Criado em 2014, o Lab já lançou globalmente 55 instrumentos, muitos deles instrumentos com estruturas de blended finance, que utilizam capital inicial público para reduzir o risco e atrair investimentos privados.

Ao todo, já foram mais de US﹩ 2,5 bilhões em recursos mobilizados para ações climáticas em economias em desenvolvimento. O Brasil tem sido um país estratégico para iniciativas no segmento. Ao todo, foram 10 instrumentos lançados no Brasil desde a criação do programa brasileiro, em 2016. Em 2021, o Lab venceu o UN Global Climate Action Awards, e receberá o prêmio durante a COP26. O Lab é financiado pelos governos da Alemanha, Holanda, Suécia e Reino Unido, além da Fundação Rockefeller.

Inscrições para programa de aceleração

Empresas com agenda ESG, ONGs, instituições financeiras, entidades e proponentes de qualquer outra natureza podem apresentar ideias inovadoras de soluções financeiras e de impacto para aceleração do Lab. A instituição está com inscrições abertas para o ciclo de aceleração de 2022 até às 22h (de Brasília) do dia 22 de dezembro no site do Lab .

As ideias selecionadas serão anunciadas em março de 2022. Não há restrição do perfil de proponentes, sendo aceitas ideias desde empresas com metas ESG, ONGs, entidades, instituições financeiras, etc.

No dia 18 de novembro, o Lab realiza um webinar em português para explicar os detalhes do programa e tirar dúvidas sobre o processo de inscrição e seleção

Em 2022, o Lab vai acelerar até sete ideias de instrumentos financeiros. Três com foco setorial: um em sistemas sustentáveis de produção de alimentos, outro em adaptação climática e mais um em prédios sustentáveis. Três vagas são para os programas regionais do Brasil, da Índia e da África Austral (que inclui Angola e Moçambique). A sétima vaga é para a melhor ideia independente do setor ou da geografia.

As propostas são selecionadas com base em quatro critérios: capacidade de ação, inovação, potencial catalisador e sustentabilidade financeira. Essas ideias recebem sete meses de consultoria para desenvolvimento, design e análise de mercado. Além disso, contam com o apoio da rede de líderes de instituições públicas e privadas e também dos especialistas do Climate Policy Initiative.

Em 2021, das seis ideias globais, duas das escolhidas foram do Brasil: o Guarantee Fund for Biogas (GFB) , primeiro fundo de garantia ambiental do país, proposto pela Associação Brasileira de Biogás (ABiogás) e o Amazônia Sustainable Supply Chains Mechanism (AMSSC), fundo de crédito para fornecedores de insumos com práticas sustentáveis na Amazônia, proposto por Natura e Mauá Capital. Juntas, as iniciativas estimam destravar inicialmente cerca de US﹩ 100 milhões em investimentos sustentáveis.