Congresso do IBGC em 2023 mostra importância das empresas para uma sociedade melhor

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Cerca de mil pessoas participaram, presencialmente e on-line, do 24º Congresso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), realizado em 17 e 18 de outubro, no WTC Events, em São Paulo. “Governança em rede: Conectando stakeholders” foi o tema central, com o propósito de evidenciar como se torna cada vez mais determinante para as empresas planejarem suas estratégias e ações levando em conta todos os públicos com os quais interagem.

Foram mais de 90 palestrantes, distribuídos em mais de 30 painéis, com cerca de mil horas de conteúdo e conhecimento compartilhados, informou Gabriela Baumgart, presidente do Conselho de Administração do IBGC, na sessão de encerramento. “Tivemos aqui empreendedores que estão pensando nas pessoas e em uma nova forma de conduzir as empresas. Vimos a importância da felicidade para o engajamento de toda a sociedade”, frisou, destacando ter ficado claro “o papel dos líderes empresariais para inspirar o ambiente de negócios”.

Gabriela também revelou, em primeira mão, a realização, em 5 de março de 2024, do 1º Fórum Nacional de Empresas Familiares, promovido pelo IBGC. Trata-se de evento pioneiro e importante para o avanço e engajamento dessas organizações, seus gestores e conselheiros.

Pedro Melo, diretor-geral do IBGC, agradeceu aos organizadores, patrocinadores e fornecedores do congresso, bem como à equipe de colaboradores da entidade. Enfatizou, também, a importância dos associados atuais e futuros do IBGC, “que fazem parte de uma rede extremamente poderosa, que conduz o propósito da governança corporativa, visando a uma sociedade melhor”.

Hara Fotógrafo/Divulgação IBGC

Na abertura do evento, na manhã de 17 de outubro, o Hino Nacional foi interpretado, com voz e Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) por Sara Bentes, cantora, compositora, atriz e escritora, e o musicista e multi-instrumentista Luan Richard nos teclados, ambos com deficiência visual. Como mestre de cerimônia atuou Carolina Ignarra, que é cadeirante. A programação foi totalmente inclusiva e diversa, com muita acessibilidade e versão em Libras. As sessões de Masterclass e Breakout foram simultâneas no palco. As pessoas, por meio de distintas frequências de rádio, puderam sintonizar a palestra que gostariam de ouvir.

 A palestra de abertura do evento foi proferida, de modo virtual, por Edward Freeman, professor emérito de administração de empresas da Darden School of Business, dos Estados Unidos, criador da teoria dos stakeholders. “Não podemos tornar o mundo melhor e resolver questões globais como fome e aquecimento da Terra sem a participação das empresas. Os negócios fazem parte disso”, frisou, recomendando quatro ações no âmbito desses objetivos: propósito e lucro; contemplar os interesses de todos os stakeholders e não apenas dos shareholders; inserir os negócios nos interesses da sociedade; e enxergar os seres humanos como humanos e não como agentes econômicos.

Alterações da lei societária

Na tarde do primeiro dia, dentro da programação das Breakout Sessions, ocorreu debate sobre o Projeto de Lei 2.925/2023, apresentado pelo governo, que trata de temas relacionados aos litígios societários. João Pedro Nascimento, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), elogiou o trabalho do Ministério da Fazenda na condução do processo de formulação da proposta. “O texto merece melhorias, mas é ousado e mexe em aspectos muito sensíveis da legislação societária aplicada ao mercado de capitais”, observou.

Otavio Yazbek, sócio do Yazbek Advogados, destacou que o Brasil tem número baixo de litigância no mercado de capitais em comparação com outras nações, como os Estados Unidos. “Precisamos ter litígios privados mais desenvolvidos no País. O projeto estabelece isso, ao prever ações coletivas que podem ser propostas por acionistas contra administradores, contra a companhia ou contra as instituições financeiras que participaram da oferta”. Pedro Rudge, sócio-fundador da Leblon Equities, também considera o projeto de lei positivo, frisando: “Eram claros o desequilíbrio e a falta de proteção para os investidores minoritários”.

ESG e os stakeholders

No painel “ESG e a relação com os stakeholders na estratégia do negócio”, foi a vez de falar da cadeia de valor integral da Dengo Chocolates. Fernando Bonfim, produtor de cacau na Bahia, relatou como organizou o grupo de pequenos agricultores, aos quais as empresas não davam atenção. “Quando a Dengo surgiu lá com o propósito de comprar a fruta da agricultura familiar, todo o pessoal da região abraçou a proposta”. O objetivo da empresa era o de desenvolver a região, melhorando a renda dos produtores.

Juliana Rozenbaum, presidente do Conselho de Administração da Dengo, relatou a experiência de constituir esse colegiado em uma empresa que é ESG por definição. “Foi uma loucura abraçada pelo propósito. Queríamos ser uma empresa grande, para impactar os produtores e as famílias. Tudo parecia uma loucura. Não tínhamos a receita do chocolate, só o propósito”.

No tema de ESG e sustentabilidade, outra informação relevante foi dada na programação Masterclasses da tarde, pela diretora de energia e descarbonização da Vale, Ludmilla Nascimento: a companhia atingirá até o final de 2023 a meta de consumo de energia de fontes exclusivamente renováveis. A meta foi antecipada em dois anos devido à implementação do novo projeto da empresa denominado Sol do Cerrado, instalado em Jaíba, no Norte de Minas Gerais, em novembro do ano passado.

Inteligência artificial e tecnologia

Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, observou, em sua palestra, que os membros do conselho de administração não precisam transformar-se em especialistas em IA, mas devem conhecer novas tecnologias e seus potenciais riscos, como a segurança cibernética e de segurança de dados e capital. “Se o Brasil adotar a IA em sua capacidade máxima, o impacto pode ser um aumento de 4% do PIB nacional. Temos de trabalhar e criar um ambiente de tecnologia para abrir espaço à inovação nas empresas”, afirmou.

Em painel sobre IA, Eduardo Ibrahim, especialista no tema da Singularity e CEO da Exonomicsl, frisou: “Todos os dias temos sinais de que o mundo está mudando para uma economia com base
em tecnologias que todos podem usar, como o chatGPT”, disse.