Por Felipe Cotecchia, Diretor de TI da Braspag
Na corrida desenfreada da evolução tecnológica, poucos se perguntam como funcionam os bastidores do desenvolvimento das soluções. Objetivos, custos, segurança, interface amigável e usabilidade são alguns dos itens que precisam ser estudados com bastante atenção antes de iniciar qualquer projeto, pois eles impactam diretamente no prazo de entrega e no resultado.
Quando se trabalha numa empresa de meios de pagamento, a responsabilidade é ainda maior, pois estamos lidando com algo que move o mundo: o dinheiro. E não é só o dinheiro da empresa que cria a solução, mas principalmente de quem a utiliza, ou seja, o seu dinheiro.
Por isso o trabalho de desenvolvimento requer uma metodologia, que nada mais é do que avaliar o projeto como um todo e organizar as etapas para que ele seja realizado. Parece simples, mas grande parte das empresas têm seus projetos emperrados por erros de processo: desde a avaliação incorreta das necessidades ou custos e, principalmente, dos prazos para entrega, criando problemas entre equipes, comprometendo a qualidade e gerando frustração dos clientes. Além disso, cada projeto possui suas particularidades e nem sempre é possível estabelecer a mesma metodologia usada nos projetos anteriores.
Desde os primórdios das metodologias ágeis reconhecidas no mercado como XP, Scrum, Kanban, Lean etc, já utilizávamos estas ferramentas para auxiliar no desenvolvimento dos nossos processos. Todas elas promovem a agilidade e permitem certa flexibilidade no andamento dos projetos, caso necessitem de ajustes durante o desenvolvimento. Entretanto, ainda tínhamos processos manuais, irregularidade nos indicadores e performance.
Para sanar isso, decidimos reestruturar os processos, criando uma cultura de testes com mais treinamento e muita prática, além de criar logs para a base de dados e interfaces para consulta em tempo real. Estas modificações, aliadas à estratégia de branches com redução de riscos nos projetos, sincronicidade nos códigos, a garantia de continuidade com a eliminação de retrabalhos, a automatização de processos e substituição de ferramentas clássicas por tecnologias mais “amigáveis” nos garantiram melhores resultados em todas as etapas dos projetos. Ou seja, criamos a nossa própria metodologia unindo as melhores características das já existentes.
De modo geral, reduzimos em 93% o nosso tempo máximo de indisponibilidade e em 85% o tempo de resposta. Além disso, elevamos a produtividade e a previsibilidade dos processos, atingindo nível 500 de maturidade em metodologia, qualidade de testes e build e deployment. Passamos de 1 para 5 deploys mensais e a disponibilidade dos serviços foi de 98% para 99,999%, com capacidade de processar um volume três vezes maior. Outro ponto favorável é a melhora efetiva de relacionamento entre áreas, facilitando a comunicação interna.
Criar a própria metodologia de desenvolvimento não garante apenas a eficácia dos projetos, mas também o engajamento e melhor aproveitamento dos talentos na equipe. A transformação digital não está somente no uso de tecnologias avançadas e na criação de soluções inovadoras, pois inicia na cultura da organização de times e processos, na implementação de etapas que promovem flexibilidade, agilidade e melhores resultados para os envolvidos de ponta a ponta e a metodologia de desenvolvimento é a raiz disso.