Por Amure Pinho, fundador do Investidores.vc
Apesar do Brasil ainda ser um país em que o mercado de capitais, no geral, está em estado de maturação, o Venture Capital tem encontrado terreno fértil para sua consolidação. Em especial nos últimos quatro anos, momento em que o segmento atingiu maior maturidade, tanto no lado dos investidores, quanto para empreendedores.
A verdade é que o ano de 2020 foi uma demonstração de que o Brasil ainda tem muito espaço para desenvolvimento e pode se tornar uma potência do Venture Capital nos próximos anos. Os dados preliminares de 2021 estão confirmando esse cenário, onde o país aumentou expressivamente o número de Unicórnios, tendo também empresas com rodadas significativas de captação, liderando muitas vezes os números em segmentos tanto no contexto regional da América Latina, quanto no macro.
Diante de todo esse cenário, acredito que estamos vivendo o melhor momento do ecossistema. A popularização das startups, as plataformas de investimentos e a revolução digital que as empresas precisaram passar nesses últimos anos trouxeram muita liquidez para o mercado, o que provocou a procura pelo tema por investidores em busca de diversificação. Aqueles que investiram há quatro ou cinco anos, hoje estão recebendo o retorno do investimento à medida que o número de fusões e aquisições cresce no país. Os empreendedores que vendem suas startups, se transformam em anjos. Estamos começando a ver esse fenômeno com mais frequência no Brasil.
Outro ponto importante é sobre o momento certo para abrir uma rodada de investimento. A verdade é que não existe uma fórmula pronta para se captar investimentos, mas para startups em geral é necessário ter cumprido alguns critérios claros para identificar o timing para se iniciar o processo de captação de recursos. Não adianta querer captar recursos se você ainda não fatura, se não demonstra evidências de product-market fit e a sua solução não é capaz de manter crescimento mês a mês, ou seja, atrair recorrentemente usuários pagantes e de forma constante.
O que é preciso entender é que uma rodada de investimentos para um startup precisa ter a finalidade de acelerar o crescimento da empresa sem que ela tenha que esperar para reinvestir os lucros ou pegar um empréstimo com o banco. Por isso, uma rodada de captação de investimento vem para acelerar a captação de clientes, aumentar o time e/ou realizar melhorias no produto. Dessa forma, o custo de oportunidade do capital investido é vantajoso, tanto para os investidores quanto para o empreendedor.
Desde o ano passado, as startups brasileiras estão em destaque, seja por captarem rodadas mais atraentes, por participarem de operações de M & A – Merge & Acquisitions – ou por se tornarem unicórnios, mesmo em cenário de extrema volatilidade. No entanto, saber navegar em momentos de instabilidade econômica ou de adversidade é o dia a dia de uma startup. Basta analisarmos, por exemplo, as cifras da operação de M & A que envolveu a Gama Academy – startup que o Investidores.vc investiu – no valor de R$84 milhões. Esse valor de venda foi construído ao longo de anos, de operação constante e recorrente resiliência em melhorar o produto e a operação, o que culminou no ápice durante a pandemia.
Quem tinha expertise em contratar desenvolvedores, vendedores e profissionais de marketing digital em escala? A Gama. Quais foram os setores que mais abriram oportunidades durante a pandemia? Tecnologia da informação e vendas na modalidade remota. Pronto, temos aí uma receita de sucesso e crescimento que foi acelerado pela pandemia. Esse foi o momento dos investidores-anjo de empresas, como a Gama Academy, fazerem o seu cash-out com lucro.
O real cenário é que a crise econômica e as consequências da pandemia mudaram a forma como empresas e pessoas operam negócios e esse novo ambiente é muito favorável às startups: online, seguro, eficiente, tecnológico. O resultado disso é que as startups cresceram na crise, em sua maioria, e as que estavam na corda bamba, deixaram de existir, trazendo maturidade para o mercado. Do outro lado, empresas buscaram tecnologia e inovação para defenderem suas posições em um mercado em transformação, quebrando o recorde de fusões e aquisições no ano de 2020.
Essa é a tendência que deve permanecer pelos próximos dois ou três anos no país e as startups vão continuar sendo o motor de inovação da nova economia!