Como está a transformação digital nas empresas brasileiras?

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Por Júlio Moravia

Há ainda um longo caminho para que se alcance a transformação digital nas empresas e são muitos os desafios a serem superados. O primeiro, evidentemente, é de ordem econômica, pois somente a volta da economia brasileira a um patamar mais elevado será capaz de impulsionar investimentos em tecnologias e o desenvolvimento de novos modelos de negócios. Com um mercado mais aquecido e um cenário mais promissor, empresas de todos os setores vão procurar participar da economia digital, buscando aumentar o engajamento dos seus clientes em todas as conexões que possam estabelecer seu ciclo de experiência. A outra grande barreira é de ordem técnica, pois, infelizmente, ainda estamos longe de alcançar o nível de maturidade tecnológica necessária para que as empresas usem a tecnologia para dar um salto de performance e promover mudanças na forma como seus negócios são feitos.

Um estudo muito recente realizado pelas empresas Dell EMC e Intel procurou identificar como está a infraestrutura de TI das companhias no Brasil para que possam usar de fato a tecnologia para entrar na era dos negócios digitais. O levantamento, feito com 250 profissionais de TI, revelou que, de 0 a 100, a infraestrutura das companhias instaladas no país atingiram uma média de apenas 43,7. Ou seja, a situação está longe de ser propícia para o avanço rumo à transformação digital. Ainda nesta pesquisa, podemos ver que as empresas brasileiras tiveram o menor resultado no indicador Automação de Processos, com uma média de 33,9 pontos. No que tange à Modernização da Infraestrutura, a média foi de 42 pontos e o melhor indicador apresentado, o de Processos Internos e Cultura, resultou em 55,2 pontos.

Ou seja, ainda muito longe das inovações de caráter disruptivo, o estudo sinaliza que boa parte das empresas brasileiras não está apta à digitalização, pois não atingiu um patamar aceitável de gestão com processos automatizados. Isso sem falar nas questões de infraestrutura, cujo uso de novas soluções está progredindo nas empresas de forma muito mais lenta do que o necessário, como demonstram, mais uma vez, os resultados desta pesquisa. As patrocinadoras do estudo colocam a disposição um benchmark para que as empresas avaliem a maturidade das suas infraestruturas de TI e o que falta para partirem rumo à transformação digital.

Entre as muitas reflexões possíveis com a publicação deste estudo, detenho-me a um ponto que considero crucial para o avanço rumo a um estágio tecnológico superior. Por que a área de TI, ou seus gestores, ainda não é vista nas organizações como estratégica? É sabido que para competir em mercados cada vez mais complexos é preciso encarar de frente os gargalos tecnológicos. Então, está mais do que na hora das companhias tomarem decisões que as impulsionem na direção de estágios tecnológicos avançados. E para alcançar esta TI mais estratégica, capaz de garantir o sucesso dos negócios, é vital trazer para dentro das organizações competências e expertises que dinamizem e revigorem os projetos de tecnologia. Principalmente nas companhias de médio porte, nas quais é imperativo maximizar o retorno dos recursos investidos, é necessário buscar parceiros que aportem conhecimentos e olhares externos para propor o avanço efetivo e em maior velocidade.

Deixo aqui algumas recomendações para a escolha de uma consultoria de TI que possa auxiliar na necessária transformação digital. A primeira é procurar quem tenha conhecimento sobre seu ramo de negócios, seja seguros, saúde, telecom, educação, varejo ou manufatura. Ao mesmo tempo, é importante que esta empresa trabalhe com fabricantes e tenha conhecimento certificado nas melhores tecnologias como IBM, Microsoft, Oracle, Google, Apple, entre outras.

Outro ponto importante é buscar empresas que possam conduzir seus projetos de forma mais personalizada, ágil, aderente às necessidades e à cultura da sua empresa. Desta forma, terá maior flexibilidade, custos adequados e não será “mais um” em uma carteira de milhares de clientes. Se seu projeto não for de natureza global, como rollouts no Brasil, por exemplo, sugiro também que escolha uma empresa local que, certamente, entende melhor as particularidades e regulamentações do nosso mercado.

Mas, sobretudo, é importante manter sempre o olhar estratégico sobre os projetos. É preciso estar em sintonia com o objetivo maior da empresa e para isso é necessário buscar parceiros capazes de ajudar a antever os movimentos específicos do mercado. Para aprimorar processos, reduzir custos, estabelecer novos pontos de contato com o consumidor digital e destacar-se dos concorrentes, é preciso buscar os novos paradigmas e a inovação, seja nos métodos de atendimento ou nas formas de acompanhar a disruptura dos mercados. Só assim estaremos no caminho certo para alcançar transformação digital nas empresas brasileiras.

Júlio Moravia é CEO da Provider IT, uma das principais consultorias e provedoras de serviços de TI, com 20 anos de existência.