Pesquisa do Banco PAN mostra que apenas 16% conhecem o Open Banking, mas sistema é visto como positivo

Um levantamento encomendado pelo Banco PAN mostra que apenas 16% do público brasileiro das classes CDE já ouviu falar sobre Open Banking. Entretanto, quando explicado pelo entrevistador, o sistema foi considerado de fácil entendimento e visto como positivo e benéfico pela maioria dos pesquisados. As pessoas com 55 a 64 anos sãos aquelas que mais já ouviram falar sobre Open Banking (22%) e a faixa etária em que o termo é menos conhecido está entre aqueles de 30 a 39 anos (12%).

A pesquisa “Percepções sobre Open Banking” foi realizada em parceria com o Instituto Plano CDE e feita com 1.524 pessoas, destas 1.007 com renda familiar de até R$ 5 mil. A margem de erro máxima da pesquisa é de 2,5%.

“A população ainda conhece pouco sobre o tema, mas quando o conceito é bem comunicado, já consegue perceber as vantagens que o Open Banking trará para sua vida financeira em termos de praticidade, autonomia e poder de escolha. Por isso, nós vamos adotar uma comunicação simples, direta e transparente com nossos clientes, focando sempre nos benefícios do sistema para cada um”, explica Luiz Krempel, superintendente do Banco PAN para Open Banking.

A pesquisa também mostrou que o público mais jovem teve um entendimento rápido sobre o sistema quando explicado, e disse que autorizaria o compartilhamento de dados entre as instituições. Por outro lado, o público com idade mais avançada se mostrou mais receoso e mostrou preocupação sobre eventuais taxas ou cobranças para a realização do compartilhamento de informações. Nesse público de mais idade surgem dúvidas sobre o Open Banking não ser um sistema, mas uma empresa, um aplicativo, uma plataforma, uma ferramenta e até mesmo um novo banco.

Entre todos os respondentes, após serem expostos a uma explicação, 50% dos entrevistados afirmaram que o Open Banking “vai trazer mais praticidade para os clientes” e 49% deles disseram que o sistema “funciona como uma portabilidade entre bancos”.

O estudo ainda captou que os principais fatores que fazem os participantes estarem abertos ao novo sistema são: remete ao PIX (associação acontece ainda porque o PIX envolve os termos “transação” e “transferência”); leva à ideia de portabilidade; o fato de seu banco atual compartilhar os dados transmite segurança (é diferente do trânsito de informações entre cliente e sites da internet); e a sensação de que “sabem para onde foram os dados”.

Outro ponto de destaque captado pelo levantamento é que a aceitação ao Open Banking é de cerca de 60% quando a ideia de compartilhar dados é associada a benefícios. Dessa forma, 64% informaram compartilhar seus dados “se tiver a possibilidade de melhores oportunidades de empréstimo e crédito”, enquanto 60% responderam que fariam o compartilhamento “se isso ajudar a conseguir um produto ou serviço melhor no banco que procurei”.

Open Banking exigirá dos bancos mais flexibilidade para troca de informações

Por Marcelo Carreira, Diretor de Marketing da Access

O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em tecnologia bancária. De acordo com uma pesquisa recente da Febraban, as grandes instituições financeiras investiram R$ 8,6 bilhões em tecnologia em 2019, um aumento de 48% em relação a 2018.

Com a regulamentação do Open Banking, cujo início da primeira fase está previsto para 30 de novembro deste ano, de acordo com resolução do Banco Central publicada em maio, e também com o início do funcionamento do PIX, no último dia 16, os bancos precisarão correr para adequar sua estrutura de forma a permitir o compartilhamento (seguro) dos dados com outras instituições.

Tal medida deve impactar de forma mais agressiva o orçamento e a migração das operações bancárias para o formato digital. Se por um lado, boa parte delas aceita e concorda com essa transferência, por outro ainda há aqueles que resistem a tornar abertas informações valiosas de seus clientes, até então protegidas pelo acesso da concorrência.

Fato é que, em maior ou menor grau de dificuldade, todas as instituições precisarão estar em conformidade com as novas regras. Mas, a partir daí, quais serão as adaptações? A competitividade, que já vinha se tornando mais acirrada, com o advento das fintechs e dos bancos digitais, agora deve se tornar mais forte também entre os grandes bancos já estabelecidos.

O Open Banking deve trazer, principalmente, maior transparência e poder de escolha para o usuário, já que, de posse do histórico do cliente, qualquer instituição pode propor uma oferta e, por sua vez, o consumidor terá, nas suas mãos, mais de uma alternativa para então decidir pela que melhor se encaixa em suas condições.

E os benefícios para o usuário não se restringem a um melhor poder de negociação de eventuais contratos pendentes, mas na transição ou contratação de novos serviços. Se agora não é incomum enfrentar longas filas para abrir uma simples conta poupança, em breve esse e outros tipos de serviço, como liberação de empréstimos, não serão mais oferecidos nas agências físicas, até por uma questão de segurança.

Se para os bancos que já nasceram digitais, como o Next e o Nubank, isso não é nenhuma novidade e seus clientes já estão inclusive habituados com processos virtuais, para os grandes e veteranos, como Bradesco, Itaú, Santander e Banco do Brasil, essa realidade pode provocar uma debandada das agências físicas, o que, aliás, já vem acontecendo em grandes proporções por todo o país.

Boa parte dos bancos privados mantém suas agências físicas para serviços que já são possíveis de realizar à distância, como pagamento de contas e saques em espécie. Atendimentos personalizados compõem apenas uma pequena fração das demandas das agências.

Deste modo, com a queda na arrecadação e muitos clientes da classe C agora mais seguros para realizarem suas operações de maneira digital, algumas agências vêm se tornando obsoletas, principalmente em grandes centros urbanos, onde há grande redundância em curtas distâncias.

Mas tal fenômeno não se deve somente ao Open Banking. Segundo aponta o estudo sobre tecnologia bancária da Febraban, de 2014 a 2018 a redução do número de agências físicas foi de 6%. Em contrapartida, o número de contas abertas por meio de celular aumentou 56% somente em 2018, índice que deve continuar crescendo.

Tendo em vista as expectativas do setor para a diminuição de serviços físicos, automatizar serviços como abertura de novas contas, liberação de empréstimo, recebimento e análise de documentos e imagens, não é mais um custo desnecessário, mas sim uma exigência em face da alta competitividade e flexibilidade da indústria financeira.

Contratos Digitais

Boa parte dos serviços financeiros, em especial os de crédito pessoal, teve maior procura este ano. É o caso do consignado, que apenas entre janeiro e março de 2020 experimentou um crescimento de 20% em relação ao mesmo período de 2019, conforme aponta um estudo da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Em parte, devido às taxas de juros reduzidas para essa modalidade, propostas pelo governo em resposta aos impactos causados pela pandemia.

Outra novidade para tentar facilitar as formalizações e concessões desse tipo de empréstimo é a possibilidade de as instituições financeiras adotarem contratos digitais.

A grande vantagem desse tipo de assinatura, além da comodidade ao usuário, é a conformidade com as práticas de segurança estabelecidas pela LGPD e também às regras internas dos bancos.

Nesse processo, todas as imagens ficam armazenadas em local seguro com redundância em ambiente externo, em caso de sinistro. Tal operação poderia ser feita tanto nas próprias dependências da instituição, como nos centros de imagem qualificados que abrigam toda a mão de obra e equipamentos necessários para a realização dos processos.

As soluções de digitalização de documentos integram tecnologias como o OCR (Optical Character Recognition) ou Reconhecimento Óptico de caracteres, que convertem informações contidas em imagens, como RG e Carteira de Habilitação, em dados estruturados e passíveis de consultas futuras.

Essa evolução torna os bancos mais próximos dos clientes, apesar da distância física. Ou seja, o PIX e Open Banking não devem provocar o fim das agências, mas estas terão que se reinventar conforme surgem novos serviços e uma maior procura dos tradicionais.

Aqueles que conseguirem diminuir a burocracia ao mesmo tempo em que mantêm a qualidade e agilidade no atendimento, são os que permanecerão no mercado, tanto de forma presencial como digital.

PIX e Open Banking vão revolucionar a vida dos brasileiros

Por Ralf Germer


O Banco Central do Brasil (Bacen) tem trazido atualizações necessárias para levar o ecossistema bancário brasileiro a um novo patamar de inovação e equipará-lo aos mercados mundiais mais avançados. Termos como PIX e Open Banking estarão cada vez mais presentes em nosso dia a dia, uma vez que prometem transformar a forma como lidamos com as transações financeiras. Não é preciso ser especialista para entender que essas resoluções vão incentivar a inovação e competição entre as instituições financeiras e, consequentemente, quem se beneficiará serão os consumidores.


A primeira novidade são os pagamentos instantâneos, iniciativa prevista para chegar em novembro e que visa trazer mais praticidade. O PIX vai permitir que as transações sejam efetivadas em até dez segundos, sem restrição de datas e horários, reduzindo significativamente os custos das operações e abrindo um leque de possibilidades para o varejo e os consumidores. Por meio da tecnologia, pagadores e recebedores movimentarão o seu dinheiro de forma online e imediata para toda e qualquer entidade, empresa e pessoa física.


Já o Open Banking é uma revolução maior e, sem dúvida, um grande avanço para o mercado nacional. Com um sistema aberto e transparente, os cidadãos vão poder acessar seus dados e histórico financeiro, hoje mantidos pelos grandes bancos, e compartilhar com qualquer empresa regulada pelo BC se assim desejar. Os clientes passam a ter controle das suas informações e podem escolher por entidades do setor que tenham serviços mais adequados ao seu perfil.


Imagine, por exemplo, que uma pessoa queira conquistar um crédito pessoal para quitar suas dívidas. As fintechs do setor, bastante procuradas em épocas de crise, vão conseguir acessar as operações financeiras desse cliente, avaliar e negociar propostas que possam ser interessantes, além de terem um risco operacional menor, identificando bons e maus pagadores. Vale dizer que a regulamentação do Open Banking vem ao encontro da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).


Como comentei inicialmente, toda essa adaptação será importante não só para a evolução do mercado como um todo, mas também para proporcionar aos consumidores uma oferta maior de produtos e serviços. Por meio da tecnologia, será possível adquirir crédito pessoal com taxas de juros mais baixas, isso porque todas as instituições poderão ter acesso ao histórico de pagamento do cliente, se assim ele permitir.

Por fim, acredito que todo o dinamismo que os pagamentos instantâneos e o Open Banking irão proporcionar para o mercado financeiro, fará com que ele se torne mais competitivo e menos engessado. E nessa corrida pelo digital e disruptivo, sobrevive quem acompanha o mercado e sai na frente dos demais.

Ralf Germer, CEO e cofundador da PagBrasil