Blockchain 101: um guia compreensível – Por Luis Hachich e Gustavo Cazangi, do Venturus

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Blockchain pode ser algo complicado de entender e, pior ainda, de explicar. É possível encontrarmos publicações com mais de uma página repleta de frases do tipo “Blockchain é”. Nenhuma pode servir. O Blockchain representa muito mais do que uma só frase poderia definir, mesmo assim vamos tentar: Blockchain é o termo que vem sendo utilizado para descrever sistemas descentralizados e distribuídos onde a informação é transferida e armazenada de forma criptografada por todos os participantes do sistema.

Sabe a brincadeira do telefone sem fio? Lembra como era? Uma fila de pessoas, o primeiro cochichava no ouvido do segundo uma frase que era repassada ao próximo e assim por diante… o resultado (e a graça) invariavelmente era a frase sem pé nem cabeça que chegava ao fim da fila.

Mas e se a frase tivesse algo de valor, por exemplo uma senha que dá a você, o último da fila, o direito de sacar R$1000? Não seria nada bom perder essa informação no meio do caminho, e para piorar, vai que alguém da fila resolveu passar a senha errada de propósito e ficar com o seu dinheiro?

Tem como evitar que a senha se perca no meio do caminho? Sim, e é exatamente isso que acontece em um Blockchain. Lá, cada um dos participantes da “brincadeira” respeita uma regra rígida, criptografando a informação recebida de maneira a garantir que o próximo da fila possa confirmar que ela é autêntica, consistente e o melhor: irreversível. Se alguém quebrar a regra e mentir, o próximo vai detectar imediatamente e podemos desconsiderar a informação que está sendo passada.

Se ao invés de uma fila, formássemos um círculo onde um participante pode falar com qualquer outro, passamos a ter um sistema descentralizado e distribuído, certo? Lembre-se que a informação é transmitida e também armazenada de forma criptografada. Então, funciona assim: sempre que alguém passa uma informação (ou seja, acontece uma transação), todos os participantes são avisados e armazenam esta transação consigo. Logo, todos eles têm cópias idênticas de todas as transações, podendo saber exatamente quem era o remetente e o destinatário e em qual ordem cada transação aconteceu, podendo verificar se a informação é verdadeira.

Interessante, mas e daí? Não sei se você percebeu, mas estamos todos falando com todos, sem receio. Não precisamos de nenhum intermediário ou centralizador para atestar a veracidade do que falamos. Conseguimos, portanto, criar um ambiente seguro e confiável entre um grupo de participantes desconhecidos!

Eliminar intermediários significa reduzir a fatia que precisamos dividir para que uma transação aconteça. Por exemplo, pagamos uma taxa para transferir dinheiro para contas de outros bancos ou países. Ou pense então em um compositor que hoje divide seus lucros com gravadoras, rádios, YouTube e todos os outros meios que reproduzem sua obra… e se pagássemos direto para ele através do Blockchain a cada vez que escutarmos sua música?

O Blockchain também representa mais segurança e uma quebra no paradigma de controle da informação vigente, já que com ele não precisamos mais armazenar tudo em um único local centralizado, muito mais suscetível a falhas e ataques do que uma rede distribuída. Quanto o Google, Facebook, Apple e outros te pagaram por produzir uma montanha de dados direto do seu celular? Veja, você dirige seu carro e sem receber nada por isso está populando o Google Maps com dados que são de interesse de milhões de pessoas, uma audiência que gera muito lucro em propagandas para o Google. Reflita, será que precisamos do Uber ou AirBnB?

Luis Hachich é Gerente Executivo e Gustavo Cazangi é líder de Emerging do Fórum de Tecnologia e Inovação, do Venturus