Empresas devem se preparar para acirramento da guerra comercial entre EUA e China, nova valorização dos Bitcoins, epidemia mundial de ansiedade e crise do crédito nos mercados emergentes, entre outras tendências.
O Conselho de Políticas de Negócios Globais (GBPC – Global Business Policy Council) da A.T. Kearney, consultoria de gestão de negócios com mais de 90 anos de trajetória global, acaba de listar as dez tendências e eventos de destaque em 2019, para os quais as empresas precisam se preparar. “São questões que terão implicações significativas no ambiente de negócios no próximo ano, inclusive para o Brasil”, assegura François Santos, sócio da consultoria A.T. Kearney.
Os eventos incluem a guerra comercial entre Estados Unidos e China, o protagonismo dos bitcoins na consolidação do mercado de criptomoedas, o relacionamento Xi-Putin, a epidemia global de ansiedade e a crise de crédito dos mercados emergentes.
“As empresas precisam estar preparadas para 2019, que será um ano conturbado”, afirma Santos.
Conheça as principais previsões para 2019:
Intensificação da guerra comercial EUA x China
Ao longo de 2018, o presidente norte-americano Donald Trump impôs taifas às importações da China. Pequim retaliou com a elevação de tarifas aos produtos americanos e criou um ambienta mais restritivo na China. Mais de 50% das empresas nos EUA afirmam estar enfrentando mais burocracia e inspeções pelas autoridades chinesas. Em dezembro as administrações Trump e Xi concordaram com uma trégua temporária, mas que seguramente retomará forças em 2019. Como resultado, as empresas precisam repensar suas estruturas de suprimentos.
Destaque das Bitcoins no mercado de criptomoedas
Em 2018, todas as criptomoedas perderam muito valor, depois da bolha especulativa em 2016 e 2017 – as dez principais perderam mais de 80%de seu valor conjunto entre janeiro e setembro. A queda se deveu em boa parte a questões ligadas a segurança. O Bitcoin, que em 2016 respondia por 90% de todo o mercado de criptomoedas, viu sua representatividade cair para 33% em fevereiro deste ano. Aos dez anos, completados em outubro de 2018, a moeda deve retomar crescimento em 2019, à medida que as altcoins, como são conhecidas as moedas alternativas ao Bitcoin, perdem a confiança dos investidores. A isso pode-se somar uma regulação menos rígida do setor.
Inovações trazidas para amenizar a crise do lixo
Tornou-se impossível ignorar a dificuldade de lidar com o desperdício em 2018. Tanto é que, ao longo do ano, a China e outros países asiáticos impuseram limites à importação de plásticos. Apesar dos esforços, essas proibições ainda são muito pouco para resolver o desafio representado por esse material, bem como os problemas trazidos pelo imenso volume de lixo produzido em todo o mundo. Segundo o Banco Mundial, a produção global de lixo crescerá 70% entre 2016 e 2050. O desperdício de comida representará a maior parcela desse lixo, mas o crescimento do e-commerce tem gerado um aumento exponencial no descarte de papelão e outros materiais utilizados para empacotar mercadorias. Nos países emergentes, cerca de 90% do lixo é descartado ilegalmente ou queimado. O mundo está reconhecendo essa crise e vem promovendo esforços para criar a economia circular, capaz de reduzir, reutilizar e reciclar o lixo de maneira mais eficiente.
Em 2019, devemos ver uma aceleração das iniciativas de inovação para processos de gerenciamento do lixo em todo o mundo.
Regulamentações para o enxofre impactando a indústria do transporte marítimo
A Organização Marítima Internacional (IMO) trabalha em novas regulamentações ligadas ao enxofre que terão implicações significativas sobre a indústria de transporte marítimo – e em 90% do comércio global que depende dele. A partir de janeiro de 2020, por exemplo, entra em vigor uma regulamentação que proíbe o funcionamento de navios que utilizem combustível com 0,5% de enxofre ou mais em sua composição. Os navios podem fazer adaptações para reduzir emissões, mas devido ao alto custo (entre US$ 1 milhão e US$ 10 milhões por navio), atualmente menos de 3% da frota global já realizou esse investimento.
Esse cenário deve levar a um ambiente de transição em 2019, que pode trazer impactos para além da indústria de transporte marítimo. A cada dia que passa, os valores do combustível ganham volatilidade nas refinarias. As empresas de transporte já começam a alertar para a potencial falta de combustível e os gastos adicionais com combustível estimados em US$ 60 bilhões até 2020.
Epidemia global de ansiedade levará a um mercado de novos produtos
Mais de 300 mil pessoas – cerca de 5% da população mundial – sofrem de depressão ou ansiedade, custando cerca de US$ 1 trilhão à economia mundial. Segundo o Gallup 2018 Global Emotions Report, que ouve pessoas de 146 países, o nível de felicidade está em seu nível mais baixo desde que a pesquisa foi criada, em 2006. Para aliviar os efeitos desse cenário, as pessoas estão buscando soluções além de medicamentos. Em 2019, veremos uma proliferação de novos produtos destinados a combater a ansiedade e depressão nas prateleiras, movimentando um mercado multibilionário.
Crise de crédito nos mercados emergentes
Alguns mercados emergentes, como Argentina, Brasil, Paquistão, África do Sul e Rússia passaram por um sério estresse econômico e financeiro como resultado de dívidas externas e desvalorização cambial. O Fundo Monetário Internacional (FMI) tomou medidas importantes, mas a volatilidade deve continuar em 2019.
Outras previsões incluem da A.T. Kearney incluem:
• Escassez de areia para a indústria da construção
• Efeitos do relacionamento entre Rússia e China
• Uma África mais conectada do que nunca
• Materialização do “Iron Man” real em exoesqueleto