2015, o ano em que acabou a inflação salarial

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A partir de julho deste ano, após os seguidos escândalos e crises políticas, as empresas estacionaram seus planos de recursos humanos e muita coisa mudou nos quadros de executivos. “Elas pararam para observar o que estava acontecendo”, diz Áurea Imai, sócia da Boyden, empresa global referência em recrutamento e seleção de executivos em diversos segmentos no Brasil e do mundo.

Neste mês, quando acaba um dos anos mais difíceis para a economia do país, a especialista avalia o comportamento das empresas em relação aos salários e novas contratações. “Acho que nos anos em que a economia ia bem, as empresas estavam mais focadas em aumentar o headcountpara atender rapidamente a demanda, e hoje elas precisam analisar de que forma a equação quantidade x qualidade x produtividade está impactando o negócio”, afirma Áurea.

Até o meio deste ano, o mercado estava se comportando de forma normal. Então, as empresas começaram a adiar asdecisões de contratações previstas. Para as startups internacionais com planos de implantação no Brasil e, portanto, cheias de planos de contratações locais, 2015 também virou um compasso de espera. “Muitas startups para as quais faríamos rodadas de entrevistas de executivos, pararam os planos de vir ou estão em marcha lenta”, diz Aurea. “Elas não desistiram, mas esperam um cenário melhor para investir no país”.

Entenda a inflação salarial

Há alguns anos, o que se viu no mercado foi uma juniorização das estruturas, com salários cada vez mais altos. “Empresas inflaram suas estruturas, mas com a falta de profissionais mais prontos, contrataram profissionais não tão preparados por salários muito altos”, explica Áurea. Elas não estão reduzindo esses salários, mas estão buscando executivos altamente qualificados, estratégicos, com alta exigência de resultados para justificar o investimento salarial.

“O mercado está se reajustando, se readaptando para buscar profissionais mais seniores e qualificados, que fechem a conta da produtividade e competitividade”. Acabou a inflação dos salários. Sobraram cargos, claro, porém, muito bem preenchidos.